19. É assim que a Austrália se tornou tão distante

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para quem não leu o capítulo anterior ou pulou a parte mais sensível dele, aqui o resumo que eu prometi pra ninguém ficar perdide na história:

Beomgyu foi convidado para o Festival de Hansan com o Heeseung e o Sunoo, e quando ele chegou em casa (depois de ter desistido de ir em mais um ensaio da banda) ele encontrou com o pai dele no quarto, e o Namkyung (pai do Beomgyu) descobriu que ele faz parte de uma banda e tinha um violão escondido debaixo da cama (o violão que ele ganhou do Kai).

na hora da raiva, Beomgyu acabou batendo no Namkyung, mas a mãe apareceu a tempo e mandou o Beomgyu ficar de castigo.

Soobin ligou para o Beomgyu de madrugada, preocupado por ele ter faltado mais um ensaio. e Beomgyu pediu para Soobin não desistir dele, mesmo que ele não apareça ou não mantenha o mesmo desempenho que os outros integrantes por causa das situações que estão acontecendo na sua vida.

e foi isso. tenham uma boa leitura ❤️

[♥️]

Continuar firme tem sido um verdadeiro tormento.

Depois da minha briga feia com Namkyung, parece que aquele havia sido o auge de todas  as energias negativas que eu estava acumulando desde muito tempo atrás, as fazendo estourarem ao meu redor, e me deixando girar em torno delas, igual um zumbi procurando pela satisfação da carne humana, sem saber que não era capaz de sentir isso porque já está morto por dentro e por fora.

Tudo o que se passou a partir daquele dia, foi apenas um sentimento de vazio imenso. Um vazio que eu procurava preencher com coisas supérfluas, e havia disfarçado muito bem, mas só por um bom tempinho. Agora, eu não tinha mais forças para encarar o sentimento de frente, e acabei deixando a minha mãe lidar com duas almas penadas circulando dentro de casa, e tudo por minha culpa.

Na categoria aparência, Namkyung é quem se destacava como o pior de nós dois.

O seu rosto perdeu o inchaço, mas ainda havia muitas feridas ao redor do seu corpo. Todos os cortes no rosto foram tapados com curativos, e ele usava uma bolsa de água quente no colo, com almofadas dispostas pelo encosto da cadeira de rodas para amortecer a dor nas costelas. Ele se transformou na personificação perfeita de como a sua alma é pelo interior e exterior, e ser obrigado a olhar para aquela imagem distorcida dele, dificultava um pouco na tarefa de voltar a encarar a realidade.

A realidade de que ele era podre, como o meu coração queria acreditar. Eu não deveria me esforçar para enxergar dignidade no seu rosto, não depois de ele ter me pedido desculpas e voltado a me bater pela segunda vez consecutiva.

E entre os dois feridos, havia eu, que me destacava como o pior em estado emocional.

O meu olhar, que sempre estava atento a tudo que ocorria ao redor, me conectando com a situação externa feito um perfeito observador, agora estava cabisbaixo, quase se fechando, negando a ver o mundo da mesma maneira que antes. As minhas costas doíam pela péssima postura, e a minha voz soava distante, tal qual a minha sanidade.

Qualquer acontecimento imprevisto era motivo para me fazer chorar. Eu tinha me tornado frágil feito um caco de vidro – perigoso, porém delicado. Se alguém me derrubasse no chão, eu me partiria em milhares de pedaços, virando alguma coisa ainda mais mortal e perigosa, e tudo ao mesmo tempo.

O triste, era que a minha mãe foi quem mais sofreu com tudo isso. Aquela briga minha com Namkyung parecia uma guerra entre dois países vizinhos, dividindo a casa em partidos políticos parecidos, mas com perspectivas totalmente diferentes de vista.

Nós enviamos Choi Byeol para cima do muro de graça, a entregando uma mistura de pena, ódio e raiva, tudo para ela engolir em prol da compaixão que sentia por nós – eu, por ser o seu filho, o seu bem mais precioso, e o meu pai, por ele ser o amor da sua vida.

É Assim Que a Banda TocaOnde histórias criam vida. Descubra agora