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DÉCIMO SÉTIMO DIA DE OPORTUNIDADES.

Ohhh, você é um suicida do rock 'n' roll

Você é muito velho para perder, muito novo para escolher

E o relógio espera tão pacientemente em sua música

Você passa por um café, mas não se come quando viveu muito tempo

(Rock 'n' roll suicide, David Bowie)

(Rock 'n' roll suicide, David Bowie)

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ATENÇÃO!! 

O capítulo a seguir contém uma cena sensível de homofobia, onde é abordada uma descrição de violência contra um dos personagens. Estarei separando a cena com "**" e resumindo o acontecimento nas notas finais para quem não se sentir bem para ler. Lembre-se de que seu bem-estar é o que mais importa e não se force!

A vida te ensina que nada é de graça.

Pessoas não são boas por natureza e todas querem algo em troca. Dinheiro, poder, satisfação pessoal, bem-estar. Não importa. Tudo tem um preço e todos querem que o valor seja devolvido de forma que possa se beneficiar no final. É a lei da vida e, uma hora ou outra, a gente sente na pele que é a verdade.

Só nos resta torcer para entender isso sendo o beneficiado e não o que paga o preço alto pela bondade dos outros. É assim que se sobrevive, afinal.

Meu pai comprou a casa do senhor Choi, o dono do clube. Fazia meio ano que ele desejava sair de vez de Hyegung — sorte a dele —, por isso anunciou que iria vender suas propriedades para recomeçar a vida na capital. Meu pai negociou pela casa, pagando prestações durante vários meses, até que o valor fosse quitado e a escritura passasse para seu nome.

Não conheço seus planos, nunca cheguei a saber. Porém, ao invés de assinar os papéis se pondo como proprietário da casa, ele pôs tudo no nome de sua esposa. Ainda eram casados porque a lei não reconhecia abandonos físicos, apenas o que constava em documentos.

Nunca soube suas intenções, mas era incapaz de confiar nelas. Nos mudamos rapidamente, no domingo, com a ajuda da vizinhança. Precisamos de uns dias para empacotar tudo e cuidar da documentação assinada, além do Éden que aconteceu na sexta-feira. Mamãe não quis aceitar de início, mas percebeu que era uma loucura. Foi assim que conseguimos uma casa de verdade. Mesmo do lado de dentro, com minhas coisas num quarto que seria só meu, não conseguia acreditar que algo tão bom fosse capaz de vir tão fácil.

Uma hora, éramos uma família quebrada no interior de um porão mofado e escuro. Na outra, tínhamos uma casa de dois andares, três quartos, dois banheiros, cozinha, sala, varanda e móveis de verdade. Senhor Choi vendeu até seus malditos móveis e eles estavam ali. Uma cama, um armário, uma escrivaninha e prateleiras que pertenciam ao seu filho mais velho, Haesung.

Crônicas de um lugar distante do paraísoOnde histórias criam vida. Descubra agora