Capitulo Sete

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Rancor

substantivo masculino

1.sentimento de profunda aversão provocado por experiência vivida; forte ressentimento.

2.ódio profundo, não expresso.

Sentada na minha sala, eu olhava fixamente para um papel, que fazia um balanço das entregas e almas buscadas e guiadas por Hermes na semana passada

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Sentada na minha sala, eu olhava fixamente para um papel, que fazia um balanço das entregas e almas buscadas e guiadas por Hermes na semana passada.

- Mande-a entrar.- digo carimbando o mesmo papel, vendo que estava tudo em ordem, pousando em seguida o documento em cima de uma pilha.

"Lady Hera" ouço o som irreconhecível da voz da mais nova a minha frente, assim como seus olhos, que pareciam analisar metodicamente quaisquer movimentos meu, como se em um movimento em falso eu pudesse ser pega em uma espécie de armadilha.

-Atena.- aceno com minha cabeça na direção dela e aponto para a cadeira na frente de minha mesa - Sente-se, fique a vontade.- sorrio, vendo ela puxar a cadeira delicadamente e se sentar, analisando-me.

Minutos do mais longo silêncio se transpassaram naquele ambiente enquanto a única coisa audível ali, era o som da minha caneta rabiscando minha assinatura em algum documento que precisava da minha autenticação.

"Uhum" ouço ela raspar a garganta e volto minha atenção até ela, olhando do papel para a de olhos cinzentos. "Onde a senhora realmente estava no dia em que saiu do Olimpo?".

Particularmente ao ouvir essa pergunta eu senti vontade de rir com a petulância dela em me perguntar isso de uma forma tão direta.

Mas não era de hoje que Atena era assim, e particularmente falando; embora irritante em devidos momentos, a parceria e petulância dela me saíram como grandes aliados. Na guerra de Troia e durante a revolução que eu organizei no Olimpo, revolução essa que quase me custou a alma;

-Não acho que eu deva satisfações a você, Atena. - digo voltando a olhar para o documento a minha frente. Eu poderia muito bem falar de uma vez a mentira, mas afinal, se fosse uma verdade eu falaria com tanta facilidade?

Foco meus olhos chocolates no papel a minha frente, mas sentindo o olhar dela queimando em mim, como se eu fosse mais uma daquelas contas malucas que seu filho Pitágoras inventou.

"Não, a senhora não deve satisfações a mim, não como deusa. Mas como rainha deve a mim e ao conselho, não queremos informações pessoais suas, e sim algo que explique o motivo do seu sumiço, pois nem mesmo um deus tonto cairia naquela mentira. Ficamos preocupados com o sumiço da nossa rainha. Você sabe as circunstâncias que passamos." Novamente olho do papel pra ela, agora lançando-lhe um olhar extremamente censurável, que julgava a atitude dela.

-Não devo satisfação nem como deusa, nem como rainha. São vocês.- aponto pra ela com a minha caneta - Quem me devem satisfação, e não o contrário. - pontuo batendo a ponta da minha caneta na mesa.

Fico observando ela com um leve sorriso sarcastico, com minha mão apoiando meu queixo, pensando em como provavelmente ela deve estar querendo me atirar no tártaro.

"Mas senho-" corto-a, querendo dar um basta nisso

-Se você quer tanto assim saber onde eu estava, como se eu fosse fazer algo errado, Atena. Pergunte a sua tia.- dou de ombros - Deméter esteve comigo durante todo o tempo que estive "desaparecida".- faço as aspas com meus dedos.

Senti vontade de rir ao ver uma certa expressão de choque passar por alguns minutos pelo rosto da mais nova a minha frente.

"Deméter?", senti mais vontade ainda de rir, de um modo incontrolável ao ver que ela havia parcialmente acreditado já

-Sim, Deméter. Ela é minha irmã, afinal. - Balanço meus ombros pra cima e pra baixo e pego outro papel que precisava de autenticação, demonstrando o pouco interesse que eu tinha naquela conversa

- Fui visitar ela, você sabe que com a ausência de Persefone ela sempre fica mais reclusa. - E de fato, isso era uma meia verdade. A verdade é que Demeter fica mais reclusa, a mentira é a de que eu estava com ela, quando na realidade eu estava fazendo algo muito mais interessante...

"Hm, bem, a senhora não tem muito o costume de ir visitar ela..." Ouvi Atena ainda tentar de alguma forma contrariar o que eu havia dito.

-Realmente, não tenho. - Nego com a cabeça- Mas como eu lhe falei, posso não ter o costume de ir, mas fui para ver como ela estava, termos um momento de irmãs. Sabe como é. Tens tantos irmãos.  - Provavelmente a penúltima parte seria a maior inverdade. Eu não era tão próxima assim das minhas irmãs ao ponto de ter um "momento de irmãs", particularmente falando acho que eu era mais próxima até mesmo de Hades do que delas.

"Compreendo...Bom, é somente isso. Obrigado pela atenção, majestade"

Incerteza, esse é o tom utilizado na voz dela, incerteza essa que provavelmente vai faze-la ir atrás da minha alibe e descobrir se digo a verdade ou mentira.

Coitadinha

-Por nada, Atena. -aceno com a cabeça após vê-la se curvar brevemente e sair da sala, ouvindo o bater da porta.

Eu havia dito que essa petulância e intrometimento de Atena já haviam me saído como grandes aliadas, mas também já me saíram como grandes problemas e dores de cabeça.

Como por exemplo, durante meu processo de cólera, onde eu persegui o semideus Herácles.

Naquela época Atena me saiu um verdadeiro pé no saco, uma deusa que eu tenho que ter muita cautela nesse lugar é ela.

Embora agora meu segundo grande problema seja outro, problema esse que agora estava na minha frente com a porta da minha sala arregaçada me encarando como se agora eu dependesse de sua alma.

-Afrodite. Não te ensinaram a bater na porta, querida? -Digo essa palavra com um tom carregado de tanta ironia e sarcasmo, erguendo meus olhos para a ruiva que estava a minha frente me encarando e analisando.

Besta era quem achasse que Afrodite, por ser uma deusa da beleza, seria burra. Burro é quem acha isso.

Eu por exemplo sou a deusa da vaidade e não me considero tão leiga assim.

"Talvez ensinaram, talvez não. Mas eu quero saber a realidade, Herinha" Deusa maldita.

Posso não subestimar a inteligência de Afrodite, mas isso não me impede de odiar ela e o modo no qual ela se porta vulgarmente.

Nossas ideologias não batem de modo algum.

-Me chame por este apelido tosco novamente, e eu atirarei pessoalmente você no tártaro. - Uso um tom de voz sério, carregado de ameaça.

Acredito eu, que na primeira brecha que tiver, o tártaro será pouco pro lugar que eu sonho que Afrodite vá parar.

Rancor era o que eu sentia dessa deusa.

Rancor, ira, raiva, talvez até mesmo um pouco de inveja.

Inveja da liberdade que ela tinha.

"Quem será que vai pro tártaro primeiro? Eu ou Marcus, o mortal com quem você tem andado quando seu marido descobrir?"

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A nova oneshot, "SkyFall" já está postada e editada aqui na plataforma para quem se interessar em ver.
É um ponto de vista da rainha do Olimpo, sobre a situação que ela vive a partir da tradução da música "SkyFall - Adele".
Obrigado pelas duas mil visualizações, pelos votos e comentários. Eles me instigam a continuar!!.
Obrigado pela atenção até aqui, e até o próximo capítulo ♥️

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