Capitulo Dezoito

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aflição
substantivo feminino
1. estado daquele que está aflito.
2. sentimento de persistente dor física ou moral; ânsia, agonia, angústia.

 sentimento de persistente dor física ou moral; ânsia, agonia, angústia

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Morangos.
Eu estava sentindo cheiro de morangos.

Abri meus olhos e reparei que estava em um vasto campo de morangos, logo reconhecendo ser o do acampamento meio-sangue, o acampamento dos semideuses gregos.

Semideuses são filhos de deuses com mortais.

Analisei minha volta, não vendo nada de estranho, exceto por algo.

Quando abaixei minha visão, pude ver uma bebê.

Uma linda e adorável bebê, que me olhava com aqueles olhos chocolates com pequenos pontos mais claros, e um sorriso banguela, parecendo encantada comigo.

Meu instinto foi de abaixar e tomar a criança em meus braços, eu sentia algo tão...Maternal, mais que o comum, eu sentia a necessidade de agarrar aquela bebê e proteger ela de todo e qualquer mal que o mundo pudesse fazê-la.

Entretanto, quando tentei tocar na criança, algo me impediu. Parecia que uma barreira havia sido imposta entre nós, e logo o céu ficou escuro, com fortes trovoadas.

Olhei para cima e vi inúmeros relâmpagos, que eu sabia quem era o causador destes, e logo comecei a ouvir o choro da pequena criança aos meus pés, algo que afligia completamente o meu ser.

Eu tinha a sensação de estar sendo torturada a cada lágrima que caía de seus olhos, não, a tortura era pouco perto da dor que percorria meu corpo.

Estava aflita.

Eu queria de toda forma acalentar e proteger essa bebê, por algum motivo, mas eu não conseguia.

Parecia que quanto mais próxima dela eu estava, mais forte a ventania e os estrondos ficavam.

Senti meu rosto molhar, e quando levei uma das minhas mãos, senti lágrimas em minha face.
Eu estava chorando. O que estava acontecendo, afinal?

"Você não é digna de tocar nela" Eu ouvi uma voz feminina em minha mente, e ergui meus olhos, olhando ao redor de toda a ventania

- O que? Por que? Quem é...? - Me calei ao encarar a figura á minha frente me encarando severamente com olhos acusadores.

"Você traiu o Olimpo, Hera. Você tem uma escolha." Vi ela abaixar e pegar a criança em seus braços.

A criança era tão parecida comigo...Mas também havia extrema semelhança com ela.

Observei a forma que a bebê parou de chorar, olhando curiosa para a figura a minha frente, que surpreendentemente a tinha nos braços de um modo tão maternal quanto eu um dia fora com Ares.

Eu senti algo arder dentro de mim. Algo como o ciúmes.
É estranho, sentir ciúmes de alguém que na teoria é uma variação sua, com um pitoco de gente que você não faz ideia de quem seja.

- Eu não trai ninguém. - mordi minha bochecha quando falei essa mentira

"Não?" Vi ela fechar sua expressão e me olhar "Oh, então não me diga que a noite de luxúria que você se submeteu não foi traição." Senti o ar me faltar brevemente com as palavras dela.

Não havia para onde correr.

"Você QUEBROU um voto divino, Hera! VOCÊ QUEBROU O SEU VOTO!" Senti Juno se aproximar conforme apontava para mim de modo acusatório, me fazendo recuar um pouco.

Normalmente eu não abaixava a cabeça, mas era um fato.

Eu havia cometido traição, e não havia pensado nas consequências.

- Foi um erro, eu sei. - Suspirei, olhando para o céu que estava um verdadeiro caos - Mas, céus, uma chance de felicidade em éons, Juno!

"Nós não somos felizes, Hera! Nós somos rainhas!" Senti essas palavras me acertarem como um balde de água fria.

[...]

"Nós nunca seremos felizes assi-" Vi Juno dizer conforme discutíamos sobre a última atitude dela em relação a Júpiter.

Não era comum um encontro entre personalidades divinas, mas enquanto os acampamentos tivessem tamanha intriga entre os semideuses, acabávamos nos encontrando assim, até mesmo tendo mudanças bruscas de personalidade ao longo do dia.

- Nós não podemos ser felizes, Juno, a nossa felicidade tem um custo muito alto. - Disse uma Hera mais nova para sua recente "variação"

[...]

- Que ironia, você me falar isso agora - soltei uma risada nasal em tom sarcástico, analisando melhor ela

"Você sabe que fez um juramento eterno. E quebrou ele." Torci um pouco minha feição ao ter meu comentário ignorado, mas segurei meu temperamento "Vai ser cobrada pelo Estige"

- Que ele venha! Estou disposta a lutar por isso. - Bufei, cruzando meus braços - Zeus e Poseidon quebraram seu juramento, não quebraram? Tiveram filhos meio-sangue!

"E você viu as consequências disso." Juno me analisou "Thália Grace pagou pelo pai, virou um pinheiro por anos, Perseu Jackson enfrentou e está enfrentando inúmeros desafios. Tragédias aconteceram." Sabia que ela estava falando a verdade.

Eu estava me sentindo uma adolescente levando bronca da mãe por uma atitude irresponsável

- Não é como se eu tivesse um semideus para pagar pelos meus erros. - suspirei, mas senti um arrepio ao ouvir a risada da bebê nos braços de Juno.

"Cuidado, com o que diz, Hera. Até mesmo os sonhos tem força, você sabe." Juno pareceu não gostar muito do que eu disse "Vai ter uma escolha. E você saberá escolher." Desviei meus olhos da pequena bebê com fiapos de cabelo chocolates, para a deusa que a segurava "Lembre-se de quem é, e o que é. Uma escolha sua pode acabar com todo esse lugar."

Analisei o acampamento ao meu redor, os chalés a distância, a casa grande, e antes que pudesse falar algo mais para a figura divina, despertei de meu sono.

Tsc, normalmente era eu que fazia isso com os semideuses. Jogar informações em seus sonhos e desaparecer.

Suspirei, abrindo meus olhos e analisando o ambiente ao redor, me lembrando que estava no quarto de Íris ao me dar conta da deusa que dormia ao meu lado da cama.

Sorri ladina ao observa-la dormindo, parecia serena, tendo um sono muito mais tranquilo que o meu.

Enquanto velava seu sono a admirando, tive a sensação de estar sendo observada, então ergui meu olhar até a sacada que agora tinha as cortinas entre abertas e vi.

Vi a figura com pele turva, semelhante as suas águas me encarando fixamente entre o vão das cortinas, com um sorriso ladino, e soube ali que minha felicidade estava com seus dias contados.

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