"Não se pode ter tudo, Majestade." Foi a frase que eu ouvi ecoar no fundo da minha mente, dias antes de perder uma das luzes da minha vida.
Infelizmente, essa é a verdade. Uma rainha não pode ter tudo.
Felicidade e poder.
Não, eles não podem sempr...
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Observei a noite caindo serenamente, enquanto a lua com sua formosa beleza já tomava altura no céu aparentemente estrelado que estará essa noite, os tons alaranjados no horizonte que outrora fora azul claro, já mostravam que Apolo acabava de cumprir seu trabalho por ali.
Sentada no parapeito de minha sacada, não podia deixar de me perder nessa paisagem ao longo que fui carregada por minhas eternas e vastas lembranças, boas e ruins.
Uma gelada brisa passava por mim assim que o sol se pôs por completo, marcando então a virada de algo que já foi dia.
Perdida em meus pensamentos, não tardou muito para que eu escutasse uma voz grave atrás de mim, em um tom questionador , quase acusatório, tirando-me abruptamente de minhas memórias
"Foi você, não foi?" senti a presença quem eu bem sabia, se escorar no batente da porta que dava acesso a sacada.
Eu mantinha minha guarda alta.
- Sua mãe não lhe ensinou que se deve bater na porta antes de entrar no quarto de alguém?- respondi ríspida, nem dando a mim mesma o trabalho de me virar para ver a figura
"Não é como se ela tivesse tido a oportunidade disso, titia, você a matou antes mesmo dela ter a oportunidade." Senti a ironia e sarcasmo no qual ele falava comigo.
Respirei profundamente encarando as estrelas que agora brilhavam no vasto céu como os diamantes que adornarvam minha tiara.
-Cuidado com o tom que usa comigo, bastardo.- fora as palavras que saíram automaticamente de meus lábios tingidos de uma cor tão escura quanto os pigmentos de um vinho, certifiquei de rechear meu tom com deboche ao citar o nome pelo qual chamei o mesmo que suspira pesado.
"Você não muda pra melhor nunca, não é mesmo?"
Facadas.
Foi isso que senti em meu peito ao ouvir essas tão dolorosas palavras que não deixavam de ser verdades, eu não era mais eu mesma a muito tempo já e isso dóia profundamente em mim.
Dou-lhe um tempo de silêncio enquanto admirava a Lua em seu estado cheio
Tão grandiosa e linda no céu, mas tão dependente do Sol quanto uma rainha de seu rei.
-Eu não costumava ser assim antes.- Deitei no parapeito apoiando um dos meus braços enquanto fechava meus olhos calmamente, desarmando-me.
Sentia o peso de tudo finalmente começar a cair sobre meu corpo, como todas as últimas noites. Talvez seja o efeito do vinho que bebi no jantar algumas horas atrás que intensificou minha luta interna, não sei.
"Sabe, talvez eu sentisse algum sentimento bom ao seu respeito se tivesse conhecido você antes, embora eu duvide que fosse tão melhor assim." ele disse relaxado, revirando os olhos como se fosse uma mentira o fato de que um dia, eu possa ter sido de fato uma entidade "boa".
