Pária

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A madrugada fria ventava fortemente fazendo com que as folhas verdes das árvores quase fossem arrancadas a força. o céu nublado com nuvens escuras dava a impressão de que daqui a algumas horas ou talvez minutos, fosse cair uma forte tempestade. um silêncio ensurdecedor no local fazia com que tudo ficasse mais sombrio e lúgubre.

Passos foram ouvidos sobre o chão de concreto e eles iam cada vez mais, se aproximando. os donos dos passos eram três pessoas encapuzadas. não se podiam ver seus rostos. um deles se aproximou de um mausoléu que estava trancado com correntes grossas penduradas sobre um portão de ferro. uma das três pessoas com uma incrível força, puxou o cadeado com as correntes que já estavam enferrujadas e o quebrou. a pessoa que estava no meio entrou para dentro do mausoléu enquanto as outras duas encapuzadas ficaram do lado de fora talvez, observando a pessoa que entrou para dentro. a pessoa que estava do lado de dentro, levantou suas duas mãos e começou a proferir algumas palavras. os dois que estavam do lado de fora viram que o vento rodopiava fortemente levando as folhas já secas caídas no chão, enquanto o mesmo fazia um som como um zumbido. do lado de dentro, a pessoa ainda continuava a falar as palavras e então finalmente parou.

O chão começou a tremer e a terra sozinha começou a se afastar, e dela abriu uma pequena cratera. ali abaixo, havia um caixão. uma força descomunal empurrou a tampa do caixão que voou longe junto com a poeira. porém, não dava para ver o que, ou quem estava na escuridão do túmulo e muito menos, quem eram os três que estavam acima dele...

***

Eu estava ali de pé e de olhos fechados. estava tentando ter algum tipo de esperança e um pouco de paciência. estava vestida com um vestido longo preto, e saltos. minhas mãos estavam atadas em algo que eu não sabia especificar o que era só sei que aquilo me impedia de usar meus poderes. abri meus olhos e observei o local. Era uma sala ampla e espaçosa em tom acinzentado. Eu apenas estava em silêncio. não poderia falar nada ou qualquer coisa que fosse senão, qualquer palavra saída de minha boca poderia ser utilizada contra mim. minha situação já não estava das melhores.

Atrás de mim, estavam vários vampiros em silêncio e com as mãos cruzadas para a frente e no meio deles, alguns rostos conhecidos. A minha direita, estavam todos os membros da Astrix. Eles estavam todos com uma espécie de fardamento que era uma capa longa preta que iam até os seus pés e por dentro, em tom de vermelho rubro. A minha esquerda, estava um humano sentado com seu terno preto a me observar calado. ele com certeza deveria ser um prefeito ou governador. ao lado dele, estava Demetrio e também usava um terno preto. ele me olhava com um olhar indecifrável.

A minha frente estava o príncipe vampiro e ao seu lado o vampiro juiz. Ambos estavam com seus fardamentos igualmente pretos e ao meu lado, estava o vampiro promotor também com o mesmo fardamento. E eu era a ré. eu estava no castelo com o príncipe e a Astrix, e aquele era o meu julgamento. o juiz a minha frente, deu início o julgamento e passou a voz para o promotor que estava ao meu lado e que era o meu acusador.
- A ré e anciã do Teatro Casa Vermelha Ligeia Volturi, está sendo acusada de traição, massacre e assassinato em massa. a nossa esquerda senhores jurados, temos um humano. ele é o governador do estado do Amazonas, ao norte do Brasil. senhor governador, poderia dar o seu depoimento por favor? - o promotor falou e passou a voz para o humano.
- boa tarde a todos. excelência, sou Roberto Negrini, eu sou o governador do estado do Amazonas. há cerca de uma semana atrás, a ré Ligeia Volturi estava acompanhada do senhor Eric Coulter e ambos estavam na cidade de Belém do Pará. ao fim da tarde entrando pela noite cerca de meia hora depois, as tropas policiais foram acionadas e quando chegaram na Estação das Docas, havia sangue para todo lado e muitas pessoas mortas, todas despedaçadas como animais. uma verdadeira chacina! o caso repercutiu nos jornais de todo o estado e veio parar diretamente em meu gabinete. e eu sendo Governador, tomei nota do que estava acontecendo. quando os policiais olharam as câmeras de segurança da Estação das Docas, eles viram a ré Ligeia Volturi fazendo o banho de sangue no local e matando a todos. ela estava descontrolada! - o humano falou e me acusou seriamente.
- Agora excelência, passo a vez para o lorde Demetrio Castelly. - o promotor falou e Demetrio se levantou e me olhou seriamente.
- Excelência e caros jurados, Ligeia Volturi não satisfeita com o que havia acabado de fazer na noite anterior, no dia seguinte, voltou para o Teatro Casa Vermelha e atacou a minha esposa Helena Belona Castelly e a tentou matar. porém no lugar disso, ela fez algo a minha esposa e ela está em uma espécie de coma vampírico. E não faço a mínima idéia do por que ela faria tal coisa conosco. todos nós sempre a tratamos bem. ela era membro da nossa família e ninguém nunca fez nada a ela para ela cometer tal ato repugnante, tanto em Belém como no Teatro Casa Vermelha!
- Sabendo, e vendo tais acusações, a ré Ligeia Volturi tem algo a dizer em sua defesa? - o promotor perguntou me olhando seriamente.

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