Noites Rubras

Refém

Depois que Esmeralda e Adella foram embora, eu entrei para dentro da casa calmamente. Alejandro estava no quarto se vestindo. quando o mesmo finalmente apareceu, estava um pouco estranho. ele parecia distante e silencioso. porém, depois do que Esmeralda me falou, eu também permaneci em silêncio.

Fui para o quarto e acendi o abajur me sentando na cama. eu estava me sentindo mais cansada e pesada. peguei um livro qualquer no criado mudo e comecei a ler tranquilamente.
Do nada, ouço um celular tocando. era o celular de Alê. vinha da direção do banheiro. eu me levantei novamente e entrando dentro do mesmo, peguei em minhas mãos o aparelho. era um número confidencial que ligava para Alê.
- Ligeia amor...me dá isso aqui. acho que deve ser alguém da empresa ligando. - Alejandro apareceu de uma vez e praticamente nervoso, tomou o celular da minha mão.

Eu apenas o olhei e em silêncio, abaixei a cabeça e sai para fora voltando para a cozinha e fui beber um pouco de água.
Do nada, ouço um cochicho do lado de fora da casa. era a voz de Alê.
- não. eu já disse que está tudo sobre controle Oscar! fala pra Scarlet que...eu vou entregá-la antes dela começar a sentir as contratações! - Alejandro falou e então de uma vez, se virou e me viu ali o encarando praticamente estática e assustada.
De uma vez, corri para a porta dos fundos aonde ficava a varanda.
- ah meu amor...vem aqui... prometo que eu não vou machucá-la. - Alejandro falou praticamente com sarcasmo em sua voz e veio na minha direção.
- fica longe de mim Alejandro! - falei assustada.

Porém, quando eu saio na varanda do lado de fora, de uma vez me viro. a mulher ruiva, a mesma mulher que esbarrou em mim quando eu estava no banheiro na Estação das Docas, e provavelmente a mesma que Esmeralda e Adella viram na lanchonete com os homens apareceu e de uma vez rapidamente, assoprou algo em meu rosto e a última coisa que me lembro é de tudo rapidamente escurecer.
- poxa Scarlet, mandei o Oscar te avisar que logo logo eu te entregaria Ligeia. Não precisava vir aqui. - Alejandro falou e olhou a ruiva a sua frente muito incomodado e me pegou em seus braços.
- não temos mais tempo Alejandro! ela já fechou os nove meses, logo os bebês vão nascer e eu farei o que deve ser feito!
- mas Scarlet, você me trouxe de volta a vida, contou o que eu tinha que fazer e estou cumprindo a minha parte. porém, não entendi ainda o por que precisa tanto dos bebês da Ligeia...
- quando chegarmos no esconderijo, eu te falo. enquanto isso, vamos ao encontro dos outros. eles nos esperam. - Scarlet falou e abriu uma espécie de portal e entramos nele, desaparecendo juntos.

***

Abri meus olhos lentamente. me acordei com a mesma sensação de cansaço e fraqueza de antes. minha cabeça girava um pouco. eu estava deitada em uma espécie de poltrona. me sentei e olhei ao redor. Percebi que estava presa em uma espécie de caixa de vidro. Eu estava me sentindo muito chateada e irritada porque mais uma vez fui traída por ninguém menos que meu próprio ex-marido. nunca pensei que Alejandro fosse capaz de fazer tal coisa comigo. respirei fundo e me levantei. tentei abrir a porta que estava a minha direita porém inutilmente.

A porta estava trancada. passei acho que cerca de uma meia hora ali observando aquele lugar aonde eu estava, e tentando achar qualquer coisa que fosse para que eu finalmente abrisse aquela caixa e fugisse.
- nada do que tentar vai funcionar querida. você só sairá daqui quando estiver morta. - uma voz feminina falou e eu levantei minha cabeça de uma vez.
A ruiva me encarava ali de pé junto do mesmo homem que vi dentro da casa de Adella, do lado de fora. Eles entraram e ficaram ali me olhando.
- eu me lembro de você. - falei olhando a ruiva a minha frente. - mas você não...eu os conheço? - perguntei sem entender aquilo.
- rs...sou Scarlet. e esse é Tobias. é um prazer conhecê-la também Ligeia. - Scarlet falou e sorriu sarcasticamente. Tobias ao seu lado, apenas se sentou e ficou calado me observando.

- por que você me trouxe para cá? - perguntei.
- por que era necessário. - Scarlet respondeu.
- olha, se vai me matar acho que pelo menos mereço uma explicação certo? e por favor, seja direta.
- tudo bem. é justo. a história é longa...
- tenho todo o tempo do mundo. - falei sarcástica.
- pena que não deu tempo de seu querido amigo Demetrio te contar sua verdadeira linhagem não é?
- linhagem? desculpa, não entendo nada do que diz. - falei tentando entender do que ela estava falando.
- você é descendente de Évora Ravencroft, a sacerdotisa do raio sagrado e Deckard Rosary, um poderoso druida. os bebês que você carrega são híbridos, graças a sua linhagem sanguínea e a de seu amante o Eric. ele também é descendente de Odan Von Grien a sacerdotisa da tormenta de fogo. eles tem poder o suficiente para despertar um demônio muito antigo que pode dar fim ao mundo sombrio. por isso que preciso que fique aqui até que eles nasçam.