Dois dias haviam se passado desde que eu estava ali presa, na cela daquela prisão. a luz direta já ardia em meus olhos, minha pele já estava levemente apática pela falta de sangue novo em meu organismo, mas eu estava ali me aguentando o máximo que podia, pois eu sabia que uma hora, alguém apareceria para me ver. ali deitada sobre a cama nada confortável, escutei um barulho. então do nada, a porta da cela foi aberta e vagarosamente, me sentei na cama achando ser o carcereiro com a comida. só que no lugar dele, entrou alguém bastante conhecido por mim.
Demetrio entrou e ficou ali de mãos para trás enquanto me encarava sério sem dizer uma palavra. acho que ele estava talvez, lendo meus pensamentos. me levantei devagar e fui até o mesmo, e o abracei emocionada.
- Demetrio... finalmente, eu sabia que viria me buscar! - falei já enchendo meus olhos d'água.
- sinto decepcioná-la, mas não vim buscar você. - Demetrio falou friamente e me empurrou levemente. - eu vim aqui apenas para olhar em seus olhos e ter certeza de que realmente foi você quem fez essa catástrofe. Ligeia...como você ousa?! depois de tudo o que fiz por você, depois de tudo o que te dei, de anos de amizade... você simplesmente decidiu se rebelar igual o seu avô depois de tudo o que ele fez, e de ter me falado que nunca seria como ele? e pra piorar, ainda tentou matar a última causa da minha felicidade?? - Demetrio falou e ele estava levemente irritado.
- do que você está falando Demetrio?? - me perguntei confusa.
- ah é tão óbvio...é claro que se faria de desentendida!
- me desculpa decepcionar você, mas eu vou repetir pra você a única coisa que eu venho repetindo pra todos os que estão aqui nesses últimos dois dias. eu não fiz nada!
- Ligeia, como você ousa fazer uma matança em massa, trair seu companheiro e pra piorar, além disso não se contentou e também tentou matar Helena?! Como ousa mentir na minha cara? - Demetrio me perguntou incrédulo.
- o que?? de onde você tirou isso Demetrio?? eu jamais faria tal coisa contra nenhum de vocês!Demetrio em um ato de raiva, veio rapidamente em minha direção, e pegando em meu pescoço, me encurralou contra a parede e me olhava com fúria enquanto me sufocava.
- você... é ainda pior que Lisandro! você é cínica e é devassa! e se depender de mim, você vai apodrecer aqui, nessa maldita cela! - Demetrio falou com ódio e então me largou se afastando enquanto eu tomava fôlego e tossia. - eu só vim aqui lhe avisar que o que fez, não sairá impune. o caso chegará na Astrix e você será julgada por seus crimes. - Demetrio falou e me deu as costas, já saindo.
- se ainda não acredita em mim, por que não lê a minha mente? Eu estou dizendo a verdade!
- por que eu já li e sei que está mentindo. Suas memórias dizem o contrário as suas palavras.
- Demetrio...- falei o olhando séria.Demetrio se virou e me olhou.
- já que não acreditam no que eu digo, eu desisto de insistir. podem fazer o que quiserem comigo. não me importo. eu sei perfeitamente o que fiz, e o que não fiz. e vai chegar o dia em que todos vocês, vão implorar meu perdão ao descobrirem toda a verdade! - falei o olhando já ficando irritada.
Demetrio apenas se virou e saiu, me deixando ali novamente sozinha.***
Um mês depois, eu fui levada a julgamento na sede da Astrix em Portugal. o príncipe retirou meu título de anciã do Teatro Casa Vermelha e o passou novamente para Demetrio que implorou para que poupassem minha vida. fui exilada. perdi todo o respeito e a consideração que todos tinham por mim. Eric depois do que aconteceu em Belém, resolveu se vingar indo depôr contra mim no dia do meu julgamento. ele me abandonou quando mais precisei dele. Eric nunca mais olhou em meus olhos, a não ser no dia em que ele foi ser a maldita testemunha da qual meu acusador ganhou mais força para me tornar uma pária. Helena continuava dormindo profundamente, sem saber que aqui na realidade, tudo havia desandado.
Depois de meu julgamento, dois dias depois, a Astrix mandou que me soltassem. Dois vampiros me colocaram em um carro e juntos, me levaram até o aeroporto. assim que chegamos, a mulher que estava me acompanhando simplesmente desceu do carro e veio em minha direção e me abraçou fortemente. Esther Ruiz era o seu nome, e o homem que estava conosco no carro era o marido dela, Diego de Los Santos. Esther fora extremamente gentil e compreensiva comigo na medida do possível é claro, quando eu estava presa aguardando meu julgamento.
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Noites Rubras
VampireDepois de quase dez séculos de guerras que deixaram rastros intermináveis de destruição, sangue, e caos, finalmente para os sobreviventes dos quatro clãs principais vampiros, restaram dias de uma pouca felicidade que quase foram completamente perdid...