cinema

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steve não gostava de deixar suas crias irem para o cinema de graça pela passagem que tinha na scoops ahoy, mas sempre o fazia. mike e will, depois de comprarem algumas guloseimas para comerem durante o filme que assistiriam, foram perturbar o mais velho, que cedeu depois de alguns longos minutos dos dois garotos insistindo sem parar para irem ao tão citado cinema de hawkins.

mike sabia que will não gostava muito de filmes de terror, por isso, mesmo amando-os, optou por algo mais engraçado e legal para assistir com o pequeno byers.

mike e will decidiram sentarem não muito perto do telão, e sentaram-se lado a lado. will comia pipoca enquanto os trailers passavam e mike tomava coca cola tranquilamente.

- hey, mike. - will chamou-o, e mike olhou para si. - você não escolheu terror, escolheu?

mike sorriu, negando com a cabeça. will retribuiu o sorriso, e mike sentiu-se derretido com a fofura do byers.

a tão costumeira troca de olhares entre os dois garotos começou. mike não conseguia tirar seus olhos de will, e will não conseguia tirar seus olhos de mike. o wheeler queria ter podido falar que will estava bonito naquela tarde, mas a vergonha não o tinha deixado.

will não falou porque já estava acostumado a não falar. sempre achou o wheeler bonito de todo jeito, mas nunca teve coragem de dizer isso em voz alta. simplesmente se acostumou a guardar isso para si.

mike nunca soube quando, mas seu olhar se desviou rápido para a boca convidativa e vermelhinha do pequeno byers ao seu lado. engoliu em seco e lembrou-se de quando já encostou seus lábios ali, querendo encostá-los de novo e de novo.

will também desviou seu olhar para a boca de mike, e parou de comer sua pipoca. a única coisa que queria é que não estivesse cercado de pessoas, para poder fazer o que mais queria naquele momento. por mais que o cinema estivesse escuro, ainda tinha medo de que alguém os visse e simplesmente gritasse consigo por beijar sua pessoa amada.

mike não se importava com aquilo. lidando com troy e james quase todos os dias na escola, já estava acostumado ao bullying mesmo que nunca nem sequer tivesse demonstrado que gostava de garotos. também nunca viu will demonstrando na frente de alguém, e julgava mentalmente troy e seus subordinados todos os dias por machucarem alguém que, para si, deveria ser protegido de todo o mal do mundo.

e que merecia ser feliz. mais feliz do que qualquer outra pessoa.

mike sorriu um pouco, pensando em como os lábios de will pareciam se encaixar perfeitamente aos seus quando eram encostados.

o wheeler sabia que, mesmo querendo muito, talvez não fosse a melhor ideia de todas beijar will ali. pensou que talvez um beijo estalado na testa fosse algo considerado por muitos como um ato de fraternidade e, por isso, o fez.

seus lábios molhados pela coca cola recém-bebida e vermelhos naturalmente se encostaram na testa suada do pequeno byers, que, por um motivo não identificado por si, arrepiou-se com o contato repentino.

mike sorriu grande, acariciando a bochecha fofa de will em menos de dois segundos. voltou seu rosto para o telão à sua frente, vendo que o tão citado filme já iria começar.

will ficou estático por alguns segundos, tentando raciocinar. um beijo na testa. 𝘶𝘮 𝘣𝘦𝘪𝘫𝘰 𝘯𝘢 𝘵𝘦𝘴𝘵𝘢! para si, aquilo era o maior ato de amor que alguém pode demonstrar para com alguém. era como sua mãe sempre fazia consigo: lhe dava um beijo amoroso na testa sempre que quisesse dizer sem palavras o quanto o amava.

will sorriu bobo, se sentindo um idiota apaixonado e talvez até mesmo iludido. comeu de sua pipoca e a ofereceu para mike, que pegou de bom grado e sorriu para si.

o filme era um pouco melodramático. no final, o protagonista acabou morrendo. mike não esperava por aquilo, e ergueu suas sombrancelhas em pura confusão. quando olhou para o lado, viu will chorando; uma cena que sempre odiou presenciar.

por mais que para si o motivo fosse bem besta, o protagonista era até que bem legal, então entendia que will se apegou um pouco a ele. sorriu pequeno, abraçando o byers de lado, que logo encontrou conforto nos braços de quem tanto amava.

bylerOnde histórias criam vida. Descubra agora