Capítulo 5

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Mudança.

Já se passaram três meses desde a última conversa que tive com a Maiara. Depois da conversar algumas coisas mudaram, por um momento achei que as coisas entre nós haviam se ajeitado. Realmente pareceu que estava tudo bem.

Que o casal que todos admiravam estava de volta, e havia conseguido passar sabe se lá por qual crise era aquela. Mas, me enganei! Com o decorrer dos dias tudo voltou ao nosso novo normal. Voltávamos dos shows, nos encontrávamos, mas não parecia existir mais toda aquela euforia de quando estávamos juntas. A sensação que tenho sempre que volto pra casa ou que ela volta pra casa é de que faiscamos apenas, mas já não conseguimos pegar fogo.

Não é por falta de amor ou coisa do tipo, amor existe e tem de sobra. Mas parece que todo encanto que ela via em mim não parece ter mais tanto encanado assim.

É estranho ve-lá ao meu lado e ter a sensação de que mesmo que eu estique os meus braços em sua direção será impossível de toca-lá, de senti-la, mesmo que eu saiba que estamos a menos de um braço de distância.

Ela estava vidrada na tv, vendo um canal sobre coisas aleatórias que eu nem se quer imaginava que ela gostava.

— Amor. - a chamo e não obtenho resposta. - Amor. - A chamo um pouco mais alto e toco em sua mão.

Assim que ela sente meu toque ela recua e então me olha.

— Desculpa! - A olho sem jeito. — Eu não queria te assustar.

— Tudo bem, só estava bastante entretida. Pode falar, estou te ouvindo agora.

— Quer sair pra jantar hoje? Aproveitar a nossa folga?

— Você vai ficar chateada se eu preferir ficar em casa?

— Não. - Menti.

Eu ficaria chateada, não pelo fato dela me falar um não, mas pelo simples fato de saber que ela ama sair pra jantar, mas não parece sentir mas tanta vontade assim de sair... comigo.

— Podemos pedir algo em casa, caso você esteja com fome. - Ela diz voltando a atenção pra tv.

— Farei isso. - Falo dando um sorriso que sei que ela não viu.

Fico ali jogada no sofá por longo minutos a observando assistir sabe-se lá o que estava passando. Estava tão longe que nem se quer me esforcei a prestar atenção no programa em que ela estava passando.

— Sinto sua falta. - Penso mas quando me dou conta vejo que saiu em alto e bom som.

— Eu estou aqui! - Ela diz.

— Desculpa, mas é que não parece.

— Por que ultimamente você pede tantas desculpas? - Ela se vira pra me olhar.

— É que ultimamente pareço tá sempre te incomodando. E eu odeio fazer isso, mesmo sabendo que já passamos dessa fase de não saber como falar uma com a outra.

— Se passamos por que você age como se ainda estivéssemos nela?

— Mai, a sensação que tenho é que voltamos pra essa fase.

Ela revira os olhos e não diz nada.

— Você não vai me dizer que está tudo bem entre nós né?

— Mas nos estamos bem, Marília. Talvez só estamos passando por uma fase delicada em nosso relacionamento. Mas isso não quer dizer que eu te ame menos agora.

— Não?

— Óbvio que não. - Ela me olha assustada. — O que te faz pensar isso?

— A gente tá parecendo estranhas dentro da nosso própria casa.

— Você com essa história de novo? Nós estamos bem Marília, estamos passando por uma fase como qualquer casal normal passa. Eu te amo, eu estou aqui e acredito que isso basta. - Diz irritada.

— Toda vez que tento conversar você fica assim, na defensiva e irritada. - Fixo meus olhos aos seus. — Eu não sei o que está acontecendo com a gente. Eu te amo, te amo demais e você sabe disso, mas eu tenho receio de te tocar e me aproximar de você. - Solto uma risada. — Chega a ser bizarro eu falar isso de uma pessoa que está em um relacionamento comigo a mais de cinco anos. Chega a ser tristemente engraçado falar isso. Mas você não me dá essa abertura.

— E desde quando eu preciso fazer isso?

— Acho que você não consegue entender, acho que você não consegue enxergar o que está rolando entre nós.

— Se não consigo então me fala!

— A meses eu estou tentando fazer isso e você parece não ligar. Maiara, eu estou praticamente gritando todos os dias na sua cara as coisas que não estão bem em nosso relacionamento, as coisa que estão estranhas. Mas você se faz de surda, não é possível. Eu estou tentando dia após dia da um jeito em nosso relacionamento, mas eu simplesmente não consigo fazer isso sozinha. Eu preciso de você!

— Eu tô tentando! - Ela grita.

— Tentando o que? Me diz!

— Quando eu entender eu te falo, porque eu também não sei.. eu não sei!

— Ok. - Falo me levantando do sofá.

— Onde você vai? - Ela diz me olhando.

— Pro quarto! - Dou a volta no sofá e vou em direção das escadas.

— Não quer ficar comigo?

— Mai, você mal nota a minha presença. - Me viro pra olhá-la. — Você sabe onde me encontrar se quiser conversar.

Ela volta sua atenção pra tv e eu subo as escadas. Entro em nosso quarto e fecho a porta. Me jogo na cama e tento desacelerar pro alguns minutos. Tento assimilar tudo que tá acontecendo.

— Como passamos de loucas apaixonadas pra isso? - Falo pra mim mesmo. — Só uma fase. Só uma fase. - Repito algumas vezes essa frase pra tentar me convencer disso.

Ligo a tv do quarto e assim que ela liga vejo que está passando diário de uma paixão. Pra lascar tudo que já estava lascado. Nosso filme, desde que eu e a Maiara assistimos esse filme, sempre falamos que é a nossa meta, se amar tanto ao ponto de que mesmo que em algum momento da nossa velhice nos esquecemos uma da outra, nosso amor sempre dará um jeito de nos manter conectadas.

— Eu te amo demais, minha ruiva. - Sussurro. — Espero que fiquemos bem.

Questão de tempo. - Mailila. Onde histórias criam vida. Descubra agora