Capítulo 8.

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Partida.

A noite foi longa, embora eu tenha decidido nos dá um tempo não é tão fácil assim. Eu realmente preciso me reorganizar, colocar meus sentimentos no lugar. Não é por falta de amor, mas as brigas entre nós tem sido demais, e por mais que a Marília tenta resolver, não nos entendemos. Algo entre nós ainda está estranho.

Talvez esse seja o nosso ponto de partir, não pra viver uma vida pra sempre separadas, mas pra melhor e voltarmos ainda mais forte. Bom, me convenço disso. Mas não vou julgá-la se quando eu cair em si ela já não estiver aqui me esperando.

Cinco anos dividindo uma vida, dois anos dividindo o mesmo teto, seis meses em um grande pé de guerra que começou depois de uma baita discussão por ciúmes.

Flashback.

Estávamos prestes a realizar o último show da turnê das patroas. Onde resolvemos inovar, já que sempre próximo do fim começávamos a cantar músicas animadas e dançantes. Dessa vez resolvemos chamar alguns fãs pra nós acompanhar em algumas danças.

Até aí tudo bem, nada fora do normal. Só que o que ninguém imaginava que aquela pequena dança faria todo o meu mundo virar uma bagunça.

Dado momento em que estávamos interagindo com nossos fãs, uma 'fã' que estava dançando bem próxima de mim acabou se empolgando. Bom, hora ou outra a Marilia falava no ponto pra que eu tomasse cuidado pois estávamos próximas de mais e poderia acabar dando ruim. Óbvio que não levei em consideração, fãs são assim, quando estão próximos de seus ídolos querem tornar zero toda a distância existente ali.

Eu amava dançar e nunca vi problema nisso. Até que a minha inocência fez com que todo o meu mundo virasse uma bagunça.

— Você tá ficando louca? - Marilia fala vindo em nosso direção.

Eu fico parada sem reação alguma, outrora que estava apenas dançando com essa tal menina, segundos depois ela estava quase invadindo a minha boca. Eu realmente fiquei em choque, não acreditei, já que todos ali presente sabia do meu relacionamento com a Marília.

— Eu avisei, Maiara! - Ela disse brava

O seguranças se aproximaram e tiraram a menina do palco. Ficou um climão, mas a Marília tentou ignorar e finalizar o show.

Nossa sorte foi que estávamos mesmo no fim do show. Os fãs que estavam em baixo também se assustaram e vaiaram a menina por sua atitude ridícula.

Finalizamos o show e voltamos pro camarim, Marília nem se quer me esperou pra que voltássemos juntas. Entro no camarim e a vejo de cara fechada.

— Não foi minha culpa! - Falo me aproximando.

— Que porra, Maiara. - Ela diz chateada. — Eu te avisei inúmeras vezes pelo ponto, custava você me ouvir.

— Meninas, os fãs já estão esperando pra foto. - Bahia avisa. — Mas caso não estejam num momento bom podemos cancelar.

— Não! Pode manter, resolvemos isso em casa. - Ela diz se afastando.

Atendemos os fãs e logo voltamos pra casa. Chegando em casa ela mal olhou na minha cara e subiu pro quarto. A segui até o mesmo.

— Amor, eu não tive culpa! - Falo fechando a porta.

— Custava você me ouvir?

— Fãs são assim!

— Pera, repete pra eu ter certeza que eu ouvi direito. - Ela senta na beirada da cama e apoia sua cabeça sobre suas mãos. — Tem uma diferença gritante entre fã e entre isso, Maiara. Em um show nosso, eu estava lá cara, nosso namora não é escondido, TODOS sabem.

— Você queria que eu fizesse o que?

— Me ouvisse e que tivesse prestado atenção pra que não chegasse a isso.

— Para de ser tão ciumenta, Marília. Aquilo não foi nada, foi um surto apenas. - Falo irritada. — Tem coisas que acontecem ué.

— Meu Deus Maiara. Eu realmente não consigo acreditar nas coisas que ouço de você. Se fosse ao contrário você jamais estaria agindo dessa forma, estava surtando e se eu te desse essa mesma explicações, você ainda assim ficaria brava comigo.

— Eu tô cansada sabia? Cansada de você fazer tempestade em copo d'água por coisas que muitas das vezes eu nem tenho culpa.

— Não é tempestade Maiara. Várias coisas que eu te alerto você as vezes não leva em consideração pois acha que está sobcontrole. E nem sempre está, como hoje.. não estava.

— Do jeito que você fala parece que eu estava dando mole pra ela.

Ela me olha e fica em silêncio, procuro resposta ou qualquer coisa que ela me fale que me prove o contrario, mas não tenho. Não sai uma palavra sequer da sua boca.

— Parece que é o que você realmente acha.

Saio do quarto batendo a porta.

Flashback off.

Depois desse dia mesmo que tenhamos nos 'resolvido' não conseguimos voltar ao que sempre fomos. De certa forma entender que naquele dia ela realmente achava que eu estava dando mole pra alguém tendo ela ao meu lado me fez repensar inúmeras coisas.

Mesmo que nos próximos dias ela me pediu desculpa e tentou resolver tudo, a mágoa que havia se instalado em mim não consegui se desfazer e sei que no fundo ela percebia.

Estou em nosso quarto, se é que ainda posso chamar assim, fazendo as minhas malas pra passar um tempo com a Maraisa. Embora ela não tenha concordado tanto, pois pra ela não parece certo nos afastarmos pra tentar resolver algo que está errado em nosso relacionamento. Pra ela é como se eu estivesse apenas colocando de baixo do tapete toda a sujeira e fugindo dos problemas. Mesmo eu sabendo que no fundo ela realmente esteja certa.

Eu só quero um tempo pra colocar as coisas no lugar, se continuarmos juntas agora pode acabar transformando em ódio o amor que sentimos uma pela outra.

Sei que não tenho dado nem se quer cinquenta porcento de mim nesses últimos meses e não acho que seja algo que a Marília mereça.

E da forma que estamos, no momento parece ser uma das únicas opções. Tenho total noção de que abro espaço pra que ela conheça outro alguém, se esse for o preço pelas minhas atitudes eu aceito correr esse risco, mesmo torcendo pra que no final eu encontro o caminho de volta.

Questão de tempo. - Mailila. Onde histórias criam vida. Descubra agora