Capitulo 14

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Incerteza.

Acordo assustada no meio da madrugada com meu celular apitando sem parar. Pego pra olhar as notificações imaginando que poderia ter acontecido algo com alguém que conheço. Mas assim que vejo as notificações percebo que talvez não seja nada.

Olho na notificação um número que não está salvo em meus contato acabar de me enviar várias mensagens de voz. Eu abro o WhatsApp e vou até a conversa na esperança de ver a foto de quem estava me mandando as mensagens. Assim que olho dou de cara com a foto da pessoa que eu não imaginava ver tão cedo. Na altura do campeonato, eu espero não ter que ver nunca mais.

Vejo que ela ainda está on-line, resolve tentar voltar a dormir e ver as mensagens quando amanhecer. Não acredito que seja algo importante ou urgente. Porque se fosse a Maraisa sabendo tudo que aconteceu ela entraria em contato e não pediria pra Maiara me mandar mensagem.

Bloqueio o celular e o deixo de lado em cima da cama, me viro e tento pegar no sono novamente. É um pouco difícil mas logo pego no sono.

Acordo por volta das dez e meia da manhã e pego meu celular pra poder confirmar as horas. Dou uma olhada nas notificações, e então me lembro dos áudios que havia recebido na madrugada.

— Deve ter sido apenas um sonho. - Falo pra mim mesmo. — Mas, pra garantir né.

Abro o o WhatsApp e assim que abro vejo que não era apenas um sonho, tinha várias mensagens da Maiara ali pra ser ouvida. Respiro fundo e dou play em seus áudios.

Levo em torno de quase trinta minutos pra ouvir todos os seus áudios. Deixo o celular de lado tentando assimilar tudo que ela havia me mandado. Já se passaram dois anos pra ser mais exato que realmente nos separamos e em momento algum entre esses dois anos ela havia tentado entrar em contato.

Por algum momento eu juro que achei que havia superado, que havia conseguido deixar pra lá e seguir em frente. Mas daí ela resolve aparecer quando eu estou dando um jeito em minha vida.

— Filha, não vai descer pra tomar café? - Minha mãe diz entrando em meu quarto. — Que cara é essa?

Estendo a mão entregando o celular pra ela com a conversa da Maiara aberta. Ela leva o celular da minha mão e da uma olhada.

— Ela te envio tudo isso ontem? - Diz surpresa.

Balanço a cabeça em sinal de positivo e coloco os braços em cima da minha cabeça.

— Por que agora, mae?

— Não sei, minha filha. - Ela me olha. — Você quer que eu ouça?

— Por favor. Porque eu sinceramente não sei o que fazer diante disso

Ela senta na beirada da cama e começa a ouvir um por um com atenção. Solta longos suspiro entre um áudio e outro até que todos sejam reproduzido. Ela se vira e me entrega o celular e fica por alguns minutos me olhando.

— Uma situação complicada! O que você sentiu ouvindo isso?

— Uma mistura de sentimentos. Raiva, por ela não ter me procurado antes, mágoa por ela ter escolhido ir embora, tristeza porque lembrar de tudo que vivemos e todo o tempo que jogamos fora de uma história de amor incrível que tivemos..

— Só isso? Todos os sentimentos que você sentiu a respeito disso e dela foram ruins? Nenhum bom?

— Mãe..

— Marília, seja sincera com você. - Ela diz me olhando. — Você sabe que pode falar comigo abertamente, eu jamais te julgaria.

Uma lágrima solitária rola em meu rosto.

— Por que ela esperou tento tempo pra me procurar? O que faz parecer que até o momento em que eu estava sozinha tava tudo bem pra ela. Mas quando comecei aparecer acompanhada, isso a deixou chateada então ela resolveu voltar.

— Você realmente acredita que é isso?

— Não! - Falo entre um soluço. — Não acredito, porque por mais que eu não saiba mais quem ela seja, não acredito que ela pensaria em fazer isso só pra me prejudicar e bagunçar meu relacionamento. Eu acho que ela foi sincera. Maiara têm dificuldade em mentir, ainda mais quando está bebada. E pela sua voz arrastada no áudio, ela com certeza bebeu mais do que devia. - Dou um sorriso lembrando das vezes em que ela ficou bebada comigo. — Por que ela não me procurou logo depois que foi embora? Cara, eu senti tanta falta dela que não consegui nem se quer continuar morando na casa que era nossa, eu acabei voltando pra cá. - Me deito no colo da minha mãe. — Mãe, me ajuda! Sei que você ama a Maiara, mas me dê um conselho imparcial.

— Segue o seu coração. - Ela diz fazendo carinho em meu cabelo. — Se você ainda a ama e acredita que vocês ainda tem história pra viver. Converse com ela, a vida passa voando pra não se permitir viver um amor intenso e bonito aqui.

— Me confundiu ainda mais, mas eu darei um jeito. - Falo me levantando.

— Você já tomou a sua decisão, só está insegura de falar em voz alta. É a sua vida, minha filha. Você não pode se magoar ou se privar de algo pra fazer outra pessoa feliz, sendo que você não está.

— Eu sei mãe!

— Então se você sabe, também sabe o que fazer.

Ela se levanta e sai do meu quarto fechando a porta. Fico ali pensando em tudo, nos conselhos da minha mãe, nas mensagens da  Maiara e vejo o quanto tudo isso bagunçou a minha vida.

A um dia atrás tudo parecia está em seu devido lugar, mas hoje já não parece está assim, parece está tudo uma bagunça de novo.

Encaro o celular em cima da cama e penso se vou ou não responde suas mensagens naquele momento. Acabo por não responder, preciso de um tempo pra pensar no que falar. Me permito tirar esse tempo, afinal, ela levou dois anos pra ao menos me deixar saber dos sentimentos que ela ainda sentia por mim. O que será um dia a mais nessa conta? Nada.

Questão de tempo. - Mailila. Onde histórias criam vida. Descubra agora