Capítulo 16.

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Reencontro.

Nem acabo de enviar as mensagem pra Maiara ela já visualiza, embora tenha levado alguns minutos pra responder. Sua resposta acaba me pegando de surpresa. Não achava que ela iria resolver aparecer com tanta pressa assim.

Mas não boto muita fé, afinal, ela levou um tempo pra poder me procurar, o que me garante que no meio do caminho ela não vai mudar de ideia.

Estava apenas eu naquela tarde em casa, minha mãe, meu irmã e meu padrasto haviam saído. Como não está no clima resolvi não acompanhar eles.

Passei o dia e o começo da tarde jogada no sofá assistindo tv. E não mudaria agora, estou apresentável.

Já se passaram mais de quarenta minutos desde que a Maiara enviou a mensagem e até agora nada. Já estou a ponto de desistir, e acreditar que ela realmente não vem. Até que ouço a companhia de casa tocar. Sinto meu coração disparar, minhas pernas tremerem, meu coração errar as batidas e minha respiração perder o ritmo.

Respiro fundo e me levanto do sofá com calma. Não posso entregar todo meu desespero assim que abrir a porta. Caminho com calma em direção da porta e a abro e vejo a Maiara parada me olhando. Por alguns segundos perco todo meu sentido, quando aquele perfume que eu tanto amava toma conta de todo o ambiente. Várias memórias são desbloqueadas em minha mente.

— Não vai me convidar pra entrar? - Ela diz me tirando de meus pensamento.

Apenas abro espaço e então ela entra. Fecho a porta e sigo em silêncio até a sala e me sento no sofá. Ela da a volta no mesmo e se senta sem jeito me olhando.

— Eu estou te ouvindo! - Falo a olhando.

Ela fica por alguns segundos em silêncio me olhando. Até que ela começa a falar.

— Desculpa.. - sua voz falha. — Desculpa por ter sido imatura com você e ter fugido quando as coisas não iam bem. Desculpa por ter te afastado de mim quando na verdade podíamos ter resolvido. Nunca foi a minha vontade mas eu não estava sabendo lidar com tudo aquilo. Não estava sabendo lidar nem comigo. E te ver se magoar toda vez que eu te falava um não, me deixava ainda pior. E eu não queria te magoar ainda mais.. eu sei que eu acabei causando essa situação. Mas cheguei ao ponto de não saber reverter tudo isso.

Eu a olho prestando atenção, a conheço e sei que ela está segurando seu choro. A ponta do seu nariz está vermelha e seus olhos estão brilhando.

— Por que não me procurou antes?

— Não sabia como fazer isso.

— Como não sabia? - A olho seria. — Me desconheceu no meio do caminho?

— Não! - Ela diz. — Eu me desconheci no meio do caminho e acabei não sabendo como te procurar quando tudo a minha volta gritava pelo seu nome. Eu não deixei de te amar quando sai pro aquela porta, eu não te esqueci quando fui embora. Todos os dias eu me lembrava de você.

— Maiara.. dois anos.. você tem noção disso? Eu passei os piores meses da minha vida desde que você resolveu ir embora. Você não tem noção do quão perdida eu fiquei quando você passou por aquela porta, quando você pegou as suas coisas e resolveu que já não tinha espaço pra mim em sua vida. - Faço uma pausa. — Você não imagina o quanto os meus dias foram ruins sem você aqui. Eu te amei todos eles, mas também te odiei, te odiei por ter nos deixado ir quando podíamos resolver, te odiei por não ter mudado de ideia e resolvido ficar, te odiei por não me procurar, te odiei por me fazer sofrer e ir dormir várias vezes chorando por sentir sua falta, eu te odiei todos os dias nos últimos meses pra tentar fazer com que todo o amor que ainda sinto por você fosse embora. Eu te odiei a cada amanhecer que eu abria os meus olhos e não te encontrava ao meu lado, te odiei por ter feito eu refazer toda a minha vida e meus planos porque tudo que um dia eu imaginei incluía você e naquele momento tinha que te excluir de tudo. Eu te odiei mas não foi o suficiente pra deixar de te amar, não foi o suficiente pra não desejar que você me procurasse, não foi o suficiente pra ir embora e nunca olhar pra trás. Eu te odiei, mas te amei em dobro.

O choro que antes ela prendia, agora caia livremente em seu rosto. É um choro sentido.. os soluços se fazem presente, é tão forte que a cada fungada seu corpo estremece. E eu apenas a observo, eu quero me aproximar, a abraçar. Mas não consigo, meu corpo não responde aos meus comandos.

— Eu entendo, Marilia. - Ela diz entre um soluço. — Eu não te julgo por me odiar e por tentar deixar de me amar. Eu também me odiei, me odiei quando acordei no dia seguinte na casa da minha irmã e não te encontrei, me odiei quando vi o filme que tanto amávamos, passsr na tv e não te ver ao meu lado no sofá, me odiei por ter ido embora quando sabia que todas as partes do meu corpo implorava pra ficar. Eu me odiei, me odiei por ter te feito chorar e por ter te deixado seguir a vida. Eu me odiei por ter deixado a pessoa que mais amo e que mais me amou nesse mundo ir embora por minha culpa. Eu me odiei por ter desfeito todos os planos que um dia planejamos juntas. Eu me odiei por não sentir teu cheiro pela manhã, por não ouvir sua voz rouca em meu ouvido, por não sentir seu toque, por não ter os teus beijos, por não te ouvir cantar em um momento inapropriado ou no meio das nossas conversar. Eu me odiei por não te ter por perto, por não te acompanhar nos meus dias de folga, Por não te ver no canto do palco vibrando a cada música que eu e a Maraisa cantasse. Eu me odiei por não te ter ao meu lado, pegando no meu pé por minha alimentação tá tão ruim a ponto de me fazer mal. Eu me odiei por não te ter por perto me amando.

Eu não penso mais em nada, apenas me aproximo e a abraço forte e sinto seu corpo estremecer com meu toque. Sinto meu pescoço ser molhado por suas lágrimas e sua respiração ficar falha.

— Eu não te odeio mais!

E seu choro se intensifica ainda mais depois do que falei, ela me aperta como se eu estivesse prestes a ir embora, e deixá-la e nunca mais voltar.

— Mai, me olha!

— E-eu.. eu, posso não te soltar agora? - Ela diz chorando.

— Olha pra mim! - Falo tentando me afastar.

Ela reluta até que aceita se afaste um pouco do meu corpo.

— Eu estou aqui! - Falo enxugando algumas lágrimas de seu rosto.

— Eu sei, mas só quero garantir que não seja um sonho e que você vai desaparecer assim que eu abrir os olhos.

— Você pode abrir os olhos, eu ainda continuarei aqui.

Ela para por alguns segundos e abre de vagar os seus olhos e os fixa em mim. Ela leva sua mão até o meu rosto e faz um carinho. Eu fecho o olho assim que sinto seus dedos tocarem a minha pela.

— Marília.. - Ela me olha e eu a olho de volta. — Eu te amo, eu não quero continuar uma vida sem ter você ao meu lado pra compartilhar.

— Maiara, eu nunca deixei de te amar, mesmo quando minha vontade fosse que sim.

— Volta pra mim? - Ela diz me olhando. — Eu vou entender se você precisar de um tempo pra pensar ou se não quiser. Eu realmente vou entender. Mas eu realmente não quero.. não quero viver um segundo se quer sem ter você ao meu lado.

Grudo minha testa com a dela e olho em teus olhos, se antes eu estava tentando segurar as minhas lágrimas, agora elas já rolam pelo meu rosto. Coloco minhas mãos ao lado de seu rosto, como se tivesse os segurando. Dou um sorriso e então beijo os seus lábios.

Foi como se fosse a primeira vez, meus estômago estava cheio de borboletas, meu corpo tremia, meu coração estava acelerado, minha respiração estava descompensada.

O beijo era calmo, cheio de amor e saudade. Naquele momento não parecia existir nada além de nós e o nosso amor.

Questão de tempo. - Mailila. Onde histórias criam vida. Descubra agora