Capitulo 15

672 80 52
                                    

Tempo.

Marília narrando. 

— Linda, o que houve que você está dispersa já faz algumas semanas? - Ellen diz se sentando ao meu lado no sofá.

— Não é nada. - Dou um sorriso e um beijo em seu rosto. — Pensando no repertório novo pra nova turnê. Nada de mais.

— Você tem certeza? - Ela me olha com dúvida. — Pode ser paranoia minha, mas percebi sua mudança desde o show que a Maiara deu e que foi nitidamente pra você.

— Não precisamos falar sobre isso. - Falo desviando o olhar.

— Linda, eu entendo a intensidade da relação que vocês tiveram e o o sentimento que vocês tinham uma pela outra.

— Onde você quer chegar?

— Você pode ser sincera comigo se ela ainda mexe com você. - Ela diz me olhando. — Comecei a namorar com você, sabendo que correria esse risco caso ela resolvesse voltar. Além de te admirar, antes eu acompanhava o relacionamento de vocês e achava incrível, eu via a forma que você olhava pra ela, o jeito que a tratava, o jeito que sorria toda vez que a vida e a forma que seus olhos brilhavam quando a via. E eu sei que não terei nada próximo disso com você. Seus olhos não brilham com tanta intensidade quando me olham, você não me olha da forma apaixonada que já olhou pra ela um dia, você não me toca com tanta vontade e cuidado como a tocava. - Ela faz uma pausa. — Isso não é uma crítica, embora eu quisesse muito que você me amasse na mesma intensidade que amou ela. Mas eu entendo, entendo que isso jamais acontecerá.

— Não é por não gostar de você...

— Eu sei, você nunca me faltou o respeito, o carinho, a atenção, o cuidado. Nunca me deixou faltar nenhum afeto. Mas nunca me deu da forma que dava pra ela e tá tudo bem. - Ela diz me interrompendo. — Existe amores na nossa vida que marca e que o tempo não apaga. Mesmo que começamos outro relacionamento. E eu sei que o que você sente por ela não foi embora. Eu sei que você ainda sente falta dela.

Eu apenas olho com um olhar triste e decepcionado. Ela é incrível, e eu infelizmente não posso discordar dela.

— Eu sinto muito.. - Falo segurando em sua mão.

— Tá tudo bem, nas últimas semanas te ouvi chamar o nome dela quando estava dormindo. Embora aquilo tenha me magoado de alguma forma. Já sabia que uma hora ou outra isso aconteceria. - Ela da um sorriso sem mostrar os dentes. — Eu te amo, Marília, mas eu também me amo. Me amo o suficiente pra saber que não é ao seu lado o meu lugar e nem ao meu lado o seu lugar. Eu vou sentir muito a sua falta e falta de tudo que compartilhamos juntas. Mas não vou brigar por um espaço em sua vida e por um amor que sei que não está destinado a mim.

— Eu juro que nunca quis te magoar. Nunca quis brincar com seu sentimentos.

— Eu não duvido disso! Você é boa demais pra usar alguém dessa forma. - Ela se levanta e pega sua bolsa. — Eu espero muito que vocês se acertem, que vocês fiquem bem. Pois a forma que vocês se amam, ninguém nunca vai amar vocês, só vocês mesmo. Então, deixa o orgulho bobo de lado e segue seu coração. Tenho certeza que sua mãe já deve ter te dito isso.

Dou um sorriso e faço um sinal positivo com a cabeça.

— Então, seja feliz. Obrigada pelo um ano que dividimos juntas. Agora, da um jeito na sua vida. E volta pros braços de quem você nunca deveria ter saído.

Ela se aproxima de mim, da um beijo em meu rosto e sai porta a fora. Eu não consigo se quer ter uma reação. Eu fui covarde ao ponto de adiar sentar com ela e falar sobre tudo que estava sentindo e ela foi madura o suficiente pra fazer isso por mim. Que merda, Marília!

Maiara narrando.

Já se passaram quase um mês desde que enviei os áudios pra Marília e ela nem se quer se deu o trabalho de me responder. Ouvir eu sei que ela ouviu, mas não enviou nem se quer um 'Vai se foder, Maiara!' Ela apenas escolheu ficar em silêncio, e esse silêncio dela tem me corroído.

Mesmo me convencendo de que ela não irá responder, eu ainda fico na esperança das mensagens que pode ser que nunca chegue. E isso me deixa ansiosa, distraída, perdia no tempo. Eu podia ter bebido menos aquele dia, podia ter pensado mais antes de enviar qualquer coisa. Eu podia ter feito tanto coisa pra evitar, mas não poderia manter em segredo um amor que vive aqui dentro. E na boa, não é o que eu queria. Mesmo que ela não volte, não acho que seja justo eu amá-la sem ela saber disso.

— Nada irmã? - Maraisa diz entrando no quarto.

— Nada. - Falo triste. — Mas já esperava, no lugar dela eu também não responderia.

Assim que termino de falar sinto meu celular vibrar. Meu coração gela, minha respiração fica descompassada, eu fico imóvel. Mesmo tendo grandes chances de não ser ela, a esperança que habita em mim, grita.

— Olha logo esse celular, tô ficando ansiosa. - Maraisa fala me entregando o celular.

— Podemos tá criando expectativa demais e não ser ela.

— Tá! Mas vê logo!

Olho as notificações e o nome que esperei por semanas ler em meu visor está lá agora, mostrando que tem algumas mensagens recebida da pessoa que tanto esperei.

— FALA MAIARA! É ela?

Apenas faço sinal de positivo com a cabeça e então abro as suas mensagens.

WhatsApp on.

Marília: Por inúmeras vezes eu pensei em não te responder, te ignorar ou simplesmente te mandar ir se foder, te pedir pra me esquecer e te bloquear. Mas eu não conseguia fazer isso. Você é ridícula, foi imatura e estragou o que tínhamos por algo que poderíamos resolver se você não tivesse me afastado de você.
DOIS ANOS MAIARA. Você precisou de DOIS FODIDOS ANOS pra perceber que sentia a minha falta e que também me amava? Meu.. VAI SE FODER! Você não imagina a raiva que eu senti, o tanto que eu sofri esperando que você me mandasse uma mensagem. Não sabe como foi difícil conseguir refazer minha vida sem você. Sem que todos os planos que eu fizesse automaticamente eu não te colocasse nele, até mesmo quando você havia ido embora.
Você ferrou com tudo, com meu coração, com minha sanidade, com minha vida.
Eu não vou ficar aqui te respondendo e nem esclarecendo as coisas de anos atrás. Você sabe onde eu moro e onde me encontrar.

Termino de ler sua mensagem e sinto meus olhos arderem, meu rosto já estão inundados por minhas lágrimas.

— Irmã, foi tão ruim assim? - Maraisa fala preocupada.

— Não sei, acho que não. Ela está brava. - Falo entregando o celular pra ela.

Ela pega e lê o que a Marília me mandou e me devolve o mesmo.

— O que você vai fazer?

— O que eu deveria ter feito a dois anos atrás.

Pego o celular e então resolvo responder a Marília.

WhatsApp on.

Maiara: Eu espero que não tenho compromisso hoje, pois  estou a caminho!

WhatsApp off.

Nem dou tempo dela responder, me levanto da cama e me troco pra poder ir até ela. Que cara eu usarei? Não sei! Mas não posso deixar que as coisa fique assim.

Questão de tempo. - Mailila. Onde histórias criam vida. Descubra agora