Capítulo 7

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Decisão.

— EU NÃO VOU CONTINUAR ASSIM, MAIARA! - Falo altera.

— Para de gritar comigo! - Ela diz irritada.

— Talvez assim você me ouve, nota que eu ainda estou aqui e que eu ainda existo.

— Para com todo esse drama, Marília. Não precisa disso, eu vejo você. - Ela diz passando a mão em seu cabelo.

— Não parece que vê. Nós estamos a mais de cinco meses nessa situação de merda que eu até hoje não entendi o motivo de chegarmos até aqui. Eu tento conversar com você e é sempre as mesmas coisas, você sempre diz as mesas coisas.

— E o que você quer que eu fale? Que eu não te amo mais, que eu quero ir embora e seguir uma vida sem você? - Ela diz brava. — É isso que você quer ouvir?

— Se for o que você tem a me dizer, tudo bem! - Minha voz sai triste. — Pelo menos você me diz algo diferente e que nos leve a algum lugar. Porque eu sinceramente cansei de tentar resolver tudo isso e nunca da em lugar algum.

— Eu tô tentando!

— NÃO PARECE! - Grito.

Ela apenas me olha e não diz nada. Eu já nem sei diferenciar a raiva, da decepção e da tristeza que tô sentindo. Tudo parece uma junção de sentimentos que agora parecem fazer parte do meu dia a dia.

Não tem um dia se quer desde que começamos a nos estranhar que eu realmente não tente mudar tudo que anda acontecendo. Mas a Maiara não parece está disposta a fazer isso. Mesmo que eu grite, que eu bata o pé ou tente qualquer coisa pra que ela pare por alguns segundos e me ouça. Parece difícil. Da pra contar quantas palavras no dias trocamos sem se quer começar uma discussão.

E eu realmente estou cansada, eu a amo demais, a amo como se ela fosse o ar que eu necessito pra sobreviver. Mas não a prenderia a mim se ela resolvesse ir embora. Não aceitaria, sofreria, mas apesar de qualquer coisa eu quero vê-la feliz. Mesmo que isso custe a minha felicidade.

Maiara narrando.

Eu olho pra Marília e quase não a reconheço, toda a alegria que ela transbordava já não está estampado em seu rosto, o seus olhos parecem ter perdido o brilho. E isso de certa forma me destrói por dentro. Mesmo que muitas vezes ao dia eu tenha parecida indiferente. Mas eu a amo, realmente a amo. Mesmo que agora com tudo que vem acontecendo pareça impossível de acreditar no amor que sinto por ela. Mas é real, é verdadeiro.

— O que tá acontecendo com a gente, Mai? - Ela diz me olhando. — Eu já não nos reconheço mais. Você.. você sempre acostumou da o seu melhor pra nosso relação, sempre fomos cem por cento nisso aqui. - Ela diz apontando pra gente. — Nunca deixamos faltar nada entre nós, mas olho pra gente e vejo que parece faltar tudo. Nós podemos da um jeito nisso, mas eu não consigo sozinha.

Eu vejo em seus olhos uma pitada de esperança, e vejo o quando ela está esperando de mim.

— Marília, não faz isso. Não coloca sobre mim toda essa sua esperança, eu realmente não quero ter essa responsabilidade. Não agora. - Faço uma pausa. — Por favor, não precisa ficar me dizendo que eu posso melhorar que posso fazer melhor, no momento eu realmente estou dando tudo que posso.

— Você já foi melhor. Você já se deu muito mais que isso, e ainda vem me dizer que isso é tudo que tem pra me oferecer? - Ela da uma risada sarcástica. — Os últimos cinco anos vocês ofereceu muito mais. Não sei se você tem notado, mas estamos caminhando pro fracasso. Isso tudo é tão nítido, que as pessoas ao nosso redor que antes nos admirava como casal, nos olha com pena procurando o que um dia já fomos.

— E o que você quer que eu faça? Não tem nada que eu posso fazer agora. Os relacionamento são assim, hora ou outra pode dar ruim, pode acabar. Não por falta de amor ou coisa do tipo, mas por simplesmente não serem tão fortes quanto no começo.

— Eu sempre te disse que só o amor nunca bastaria. E nós.. ahhh nós, nunca fomos apenas isso, sempre fomos além disso, existia amizade, companheirismo, lealdade. - Ela faz sinal de negativo com a cabeça. — Hoje eu nem te conheço mais, não se sua comida favorita ainda continua a mesma, se as viagens que um dia planejamos ainda é um sonho seu.. um sonho nosso. Já nem sei como você gosta de dormir, já que nos últimos meses nunca sei a hora que vem pra cama. O que eu sei de você agora, Maiara? Além de saber que ainda divide um teto comigo, de que tem uma irmã gêmea, uma família incrível e o meu coração?

Eu a olho surpresa, de fato não sabemos muito uma da outra mais. O que é estranho, já que antes sabíamos tudo.

— Eu não sei, realmente não sei. - Fixo meus olhos nos teus. — Eu também não sei muito sobre você..

— Porque você não quer. - Ela me interrompe. - Eu ainda continua aqui, quem está prestes a ir embora é você.

Um silencio toma conta de nosso quarto. E diferente de todos os outros silêncios que já presenciamos, esse é diferente, esse incomoda e da pra ver em seu rosto o quando a machuca.

— Talvez precisamos de um tempo.

— Talvez VOCÊ precise! - Ela diz chateada. — Eu não preciso porque eu sei o que quero. Mas você não parece saber. - Ela abaixa a cabeça e foca teus olhos em suas mãos. Brinca com seus dedos até voltar a falar novamente. — Eu percebi, percebi nos últimos meses que meus toque já não tem efeito sobre você, que quando me abraça, seu abraça é tão frouxo que mal consegue me prender, a aliança em nossos dedos não passa apenas de um detalhe, um objeto qualquer. Quando saímos mal nós tocamos, nossos dedos já nem se entrelaçam mais, o brilho no seu olhar quando me olha já nem é o mesmo, dentro do carro ou em qualquer lugar parecemos completas estranhas. E nunca fomos assim.

Seus olhos brilham, mas não pelos motivos que antes ele costumava brilhar, eles brilham pois estão inundados pelas lágrimas que ela insiste em segurar.

Dou alguns passos em sua direção, mas ela logo se afasta.

- Eu não vou te prender a mim, caso você realmente queira ir embora. - Lágrimas escorrem em seu rosto. — Eu te amo o suficiente pra não te prende aqui. Eu te quero, quero muito. Mas também preciso que me queira de volta. E infelizmente, não é o que tenho visto nesses últimos mesmo. Se é isso que você precisa, precisa ir pra que se resolva em algum momento. - Ela passa a mão em seu rosto contendo as lágrimas que insisti em cair. — Você pode ir, mesmo que todas as partes do meu corpo implore pra você ficar.

— Eu te amo, Marília. - Me aproximo novamente e seguro em sua mão. — Olha pra mim! Eu realmente te amo, mas tô vendo o quanto tenho te machucado nesses últimos meses. Então acho que serei mais justa com você se te manter longe de toda a bagunça que existe dentro de mim.

— Então você vai? - Ela diz chorando.

— Vai ser melhor. - Passo a mão em seu rosto. — Não quero te machucar mais.

— Ok! Não vou te prender aqui.

Eu saio do quarto e a deixo em nosso quarto. Não iria pedir pra que ela saísse, se quem resolveu ir embora foi eu.

Meu coração está em pedaços, mas sei que não tanto quanto o dela e isso me destrói por dentro. Quando começamos, jamais imaginei que chegaríamos a esse dia, eu imagino as coisas que devem está passando por sua cabeça.

— Eu achei que com você seria diferente. - Ela diz da porta do quarto.

Eu paro antes de entrar no quarto de hóspedes e a olho.

— Eu sinto muito, Marília.. eu sinto muito.

Questão de tempo. - Mailila. Onde histórias criam vida. Descubra agora