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- Summer Booker -

Jj não me leva pra casa, pra minha surpresa dirige até um dos postos vazios da ilha, aluga duas pranchas em uma barraca e nadamos até o fundo, ficando sentados na prancha enquanto ele me explica tudo oque sabe sobre elas, parece um verdadeiro profissional porque ele me explica cada detalhe e fale sobre mil marcas diferentes, depois de ouvir um guia completo sobre pranchas de surf, decidimos por um pouco em prática, fico admirando jj surfar, depois ele me ajuda com as partes do surf que ainda não dominei, o tempo todo estou mais confortável que o costume, jj é legal, o tipo de gente que consegue fazer até a pessoa mais emburrada sorrir, também sinto algo familiar nele, como se eu e ele fôssemos parte de algo, acho que pessoas traumatizadas conhecem outras, não gosto de pensar em jj fazendo parte desse grupo mas as vezes não vejo outro motivo para meu silêncio se completar com o dele em muitas vezes quando estamos juntos

Depois de um bom tempo no mar, quando jj já me ensinou tudo sobre oque preciso saber sobre meu novo emprego, nós dois saímos do mar, devolvemos as prancha e estamos andando pela praia, bebendo água e caminhando observando o sol se pôr.

— Você e john b são bem próximos.. as vezes esqueço que vocês só se viram uma vez antes na vida. Deve ser legal... eu queria uma irmã pra poder contar como vocês dois..

— Também me esqueço... eu não estava aqui mas as cartas me faziam sentir tão próxima do meu irmão que era como se eu soubesse tudo sobre sua vida — confesso olho de relance para jj, encarando o mar ele parece estar pesando em algo mais profundo que este oceano

— Nunca escrevi uma carta... também nunca enviei uma — confessa

— Era muito bom... sabe, eu estava na aula entediada então só começava a escrever para Johnny como se ele estivesse ali e estivéssemos conversando, então contava do meu dia, dos meus amigos, sobre nossa mãe, como estava com saudades, qualquer coisa.. virou um hábito, eu viajava com meus amigos ou ia a uma balada e tudo que queria era um papel e caneta para escrever para Johnny e contar oque estava acontecendo... o mesmo com ele, eu ficava tão animada quando via o carteiro chegar, as cartas dele eram incríveis, ele me contava do pai dele, sobre as viagens que os dois faziam, conta sobre as festas que vocês iam e me escrevia sobre as encrencas que vocês se metiam... era como se eu pudesse viver tudo aquilo com vocês. — noto que jj está me encarando, tão centrado como se ouvisse uma história de verdade, seus olhinhos azuis estão brilhando quando ele abre um sorriso

— Estou puto da vida por john b ter escondido você a vida inteira. Fala sério, eu poderia ter te escrito uma carta, aposto que eu contaria nossas aventuras com mais emoção que john b — isto me faz rir e bater meu ombro no de jj

— Johnny me escreveu uma carta ha oito meses atrás, quando o pai morreu... foi a primeira carta dele que eu não queria ter lido... foi tão.. triste... cada palavra parecia doer de verdade e eu podia ver o papel manchado com as lágrimas dele, desejei tanto estar aqui, poder abraçá-lo e dizer que ele ainda tinha uma família... — meu tom se perde e não estou mais encarando jj, estou encarando minha própria mão enquanto enfio minhas unhas o mais fundo em minha palma, machucando minha pela na intenção de me concentrar em algo, a sensação parece que minha mão começará a sangrar mas vejo a mão de jj passando sobre meus dedos os afastando e envolvendo minha mão a segurando firme, quase um apelo para que eu não me machuque.

— Aposto que você disse isto para ele... suas cartas sempre o fizeram se sentir melhor — levanto meu olhar para ele, negando com o movimento de minha cabeça

— Foi a primeira carta que não respondi...— jj me encara surpreso — Apenas a li e então joguei fora... Johnny estava machucado, estava triste, com dor e de luto... alguém passando por isso não quer ouvir conselhos muito menos ler uma carta cheia de "sinto muitos" ele precisava de alguém que o ouvisse e eu ouvi aquelas palavras, o pai dele morreu, nada que eu escrevesse poderia trazer ele de volta ou fazer aquilo doer menos, pessoas tristes não querem conselhos, elas só querem... alguém para ouvi-las... — jj me encara, como se entendesse algo por trás das minhas palavras, entre minhas entrelinhas, seja lá oque for, seu braço passo por meu ombro me fazendo escorar minha cabeça nele, então continuamos andando e encarando o mar a nossa frente, porque não sei que tipo de coisas tristes temos em comum mas nenhum de nós dois quer conselhos, apenas ficamos em silêncio, ouvindo nossas próprias mentes bagunçadas.

Aquele Verão - JJ MaybankOnde histórias criam vida. Descubra agora