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Deixo o almoço dos meninos prontos e saio com o almoço de minha mãe. Me surpreendo ao ver Axe parado no portão e com roupas casuais. Ele usa uma camiseta com toca da cor preta, a falta das mangas destaca os braços dele e me pergunto se tantas veias são necessárias para compôr um braço.

Engulo seco. Ele veste as costumeiras botas e uma calça branca da guarda real surrada, parece antiga.

Axe me vê e sorri gentilmente, ele encolhe as asas e abre o portão, passo por ele e agradeço com o olhar.

'Veio me buscar para não correr riscos que eu fuja para o castelo e trabalhe?'

Ironizo e ele assente.

- Você é capaz de tudo para estar longe de mim, então achei melhor ficar plantado na frente da sua casa. - ele diz e suspiro. Axe leva tudo que digo ao pé da letra. Caminho mansamente e ele segue ao meu lado.

'O que tem em mente hoje?'

Pergunto e Axe olha para o céu nublado e depois para mim, o olho completamente branco e negro são ameaçadores a primeiro momento, mas depois de tanto olhar para eles, já não sinto tanto frio na barriga.

-  Na verdade, não sei bem... Mas podíamos começar com suas aulas, o que acha? Tenho muitos livros e serei paciente com você, prometo. - ele diz e pisco vezes seguidas.

'Quer mesmo usar seu dia de descanso para me ensinar a ler e escrever?' pergunto.

- Quero aproveitar sua companhia e ter o máximo de tempo possível em minha casa para que eu não me sinta tão incomodado com você lá. - suspiro.

'Causo tanto incômodo assim?' ele olha de relance para mim e coloca as mãos nos bolsos.

- Minha casa é feita para me deixar tranquilo, principalmente quando estou com a probabilidade de ficar instável... Tem música quando quero, silêncio quando quero, tem livros diversos onde posso simplesmente desaparecer... - pisco vezes seguidas. - Tem jogos para me distrair, tem minha cama quente e grande onde posso esquecer de tudo, então ter alguém além de mim lá por muito tempo, me deixa tenso. - ele suspira. - Não é como se eu controlasse, apenas me sinto um pouco tenso com pessoas em meu espaço, não gosto de dividir nada meu se eu não estiver completamente relaxado. Me sinto invadido. - engulo seco.

'É assim apenas com sua casa?'

Ele dá de ombros.

- Não sou apegado a pessoas, na verdade, elas compõem meu dia a dia, mas não são essenciais diretamente... Sei que soa estranho... Eu amo meus pais, meus amigos e essas coisas, mas não é como se eu precisasse deles completamente. - Axe franze o cenho. - Como te explico... - ele suspira. - Não dependo de nada disso para viver, então não me importo que vai ou vem... Saudade é passageira, mas quando se trata de algo que significa paz ou meu bem estar direto, então não amo apenas, mas tenho. - ele diz. - Eu amo e tenho minhas coisas, mas apenas posso amar pessoas e elas continuam livres para viver sem mim. - engulo seco.

As palavras parecem duras.

'Considera suas coisas mais importantes do que pessoas?'

Ele nega.

- Considero pessoas importantes, mas não são minhas, agora o que eu tenho e é meu, é unicamente meu. - ele diz. Nos aproximamos da grande ponte. - Quando você for minha senhorita Ana, será mais minha do que de qualquer um, serei o único a te dar prazer e te tocar, e será a única a me dar prazer e me acalmar, então terei ciúmes excepcionalmente da senhorita. - acabo sentindo um frio na barriga com as palavras. - Bom... O que quero dizer é que será complicado dividir seus sorrisos e saber que alguém pode tirar alegria de seu rosto além de mim, já que me pertence em primeiro lugar para cuidar e proteger. - ele me olha e evito olhar em direção a Axe. Meu rosto começa a esquentar e caminho olhando para o chão. - Não se sente assim? Quando algo te pertence, não quer esconder dos outros? Não quer ser a única a tocar e dar alegria? - penso um pouco.

Nova Geração - AXE -Onde histórias criam vida. Descubra agora