Prologue:

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A.M:

Tédio era exatamente o que eu sentia.

O mais profundo tédio, meu melhor amigo costumava dizer que eu apenas me sentia entediado a esse nível extremo, por sentir demais. O que de certa forma era estranho considerando minha idade.

Muitos vezes as almas que eu era encarregado de ceifar diziam que o fato de um aprendiz da morte de mais de dois milênios de idade sentir mais do que um simples humano, era algo tragicamente ruim.

Eu, por outro lado, considerava isso algo cômico e unicamente idiota considerando que eu já fui humano e que senti demais naquela época. Era estranho pensar que já fui um deles, sendo que eu agora tecnicamente sou uma entidade, ou pelo menos vou ser.

Talvez o fato de ter sido um humano que morreu pelas suas emoções, tinha algo a ver com os meus sentimentos consumirem minha alma bem mais do que deveriam agora na morte.

Eu não me importava do fato de como eu ainda poderia ter sentimentos mortais, sendo que eles provavelmente já deveriam ter sumido depois de viver por mais de dois mil anos como o aprendiz de uma entidade. Para mim isso era normal ao nível Alexander Mors o antigo adolescente franzino que morava no que hoje era a França a mais de dois mil anos atrás.

Minha história era algo considerado trágico. A palavra cômica, entretanto, poderia ser usada para descrevê-la.....

Eu tinha seis anos quando a vi pela minha vez.

Morte.

Eu fazia parte de uma das famílias mais pobres da região, por esse motivo meu pai foi um alvo mais fácil da doença que tragou cada um dos nossos vizinhos, que assim como meu pai, faleceram após alguns dias de cama.

Eu estava com ele, ao lado de mamãe, no seu leito de morte, quando vi e senti a entidade caminhar a minha volta pela primeira vez.

Na opinião de uma criança normal de seis anos a entidade seria assustadora e faria com que qualquer um ficasse sem dormir por semanas. Porém, eu não era uma criança ou uma pessoa normal, nunca fui. Por esse motivo quando eu a vi pela primeira vez julguei que ela tinha uma beleza macabra e poderosa. Quase poética.

A morte tinha um corpo semelhante a uma estrutura feminina e vestia uma longa capa preta que arrastava no chão conforme ela andava até minha direção, ao parar na minha frente ela estendeu a mão esquelética e medonha em direção ao meu rosto e sua face sem emoção e sem nenhuma semelhança a uma estrutura óssea humana, criou um tipo de fogo ilusório que apenas eu poderia ver.

- Mestre...

Sua voz poderosa levemente rouca soou pelos meus ouvidos, olhei em volta vendo que minha mãe olhava meu pai enquanto chorava, logo percebi que apenas eu poderia vê-la e ouvi-la.

- Como? - Minha voz infantil soou pelo local fazendo a morte simplesmente sorrir.

Ignorando totalmente a minha pergunta o ser com assas andou até meu pai e colocou a mão na sua testa pálida, fazendo assim com que o adulto desse seu último suspiro de vida.

Minha mãe gritou em agonia pelo amado morto, fitei a entidade, confuso. O que houve?

- Ainda não é o tempo..... - O sussurro macabro disse e sem qualquer outra palavra o ser de capa saiu da minha casa com a alma do meu pai.

Diferente da minha mãe eu não chorei pela morte do meu progenitor, eu sorri porque algo em mim, dizia que ele estava em um lugar melhor.

Assim como eu sabia que veria a entidade novamente.

Heir of death - Klaus MikaelsonOnde histórias criam vida. Descubra agora