Azriel quis ir ver Gwyn naquele dia, mas ela estava na UTI, e ele não podia se mover direito ainda. Se sentia impossivelmente fraco – só o ato de tentar dobrar as pernas o deixava exausto. Aceitou esperar. Não era como se ela fosse fugir de um dia pro outro.
Rhysand: Mamãe está aqui. Ela esteve desesperada todo esse tempo. – Avisou, guardando o celular. – Me perguntou varias vezes se eu não podia acordar você só um pouquinho, pra que você dissesse se estava sentindo algo, Deus a abençoe. – Disse, carinhoso.
Azriel: Eu sou um merda. – Disse, culpado.
Rhysand: Que bom que você sabe. – Disse, irônico, indo até a porta.
Já era fim da tarde quando Grace se acalmou. Chorara, abraçada ao filho, por um bom tempo. Quando se acalmou sondou como ele estava, dizendo que ele perdera peso, e mimara Azriel de tudo. Depois, ao comentar o estado de Gwyn, caíra no choro de novo. Só a noite Nestha conseguiu convencê-la de ir pra casa, após mostrar que Azriel estava bem, que passaria a noite dormindo e que ela, Grace, precisava descansar.
Durante os 4 dias que vieram, pouca coisa mudou. Gwyn saiu da UTI (mais por falta de melhora do que o contrário) e foi transferida pra um quarto. Azriel, por outro lado, recuperou a força. No 5º dia ele, de cadeira de rodas, foi levado até o quarto onde Gwyn estava. E ela estava destruída.
Pálida, o corpo caído mole sobre a cama, as pálpebras brancas mostrando algumas veias, alguns cortes no rosto, um curativo na testa, um soro no braço, vários fios novamente monitorizando o coração e agora na cabeça, em função do cérebro. Parecia frágil, quebradiça.
Rhysand: Os peritos acreditam que ela acionou o airbag do carro enquanto caía da ponte, provavelmente pra proteger a barriga do impacto. – Disse, rompendo o silencio. Azriel se levantara, com a ajuda de Nestha, e olhava a Gwyn desacordada, quieto.
Azriel: E? – Perguntou, insondável.Rhysand: Isso foi o que a prejudicou. Além de ter batido a cabeça, ganhando um traumatismo craniano, o cérebro passou tempo demais sem oxigênio. O airbag e o cinto de segurança dificultaram o resgate. Quase não houve nada que eu pudesse fazer. – Disse, desgostoso – Porém, atingiu o objetivo. O feto quase não sofreu dano, mesmo em detrimento dela.
Azriel: Eu não o quero. – Disse, amargo – Tire isso dela, antes que possa ganhar vida. – Completou, duro. Rhysand virou como se tivesse levado uma bolacha na cara.
Rhysand: Desculpe? – Perguntou, querendo muito estar errado.
Azriel: Ela me traiu. Deus sabe com quem, mas traiu, e ai está o maldito resultado. – Cuspiu, desgostoso – Tire isso dela. – Repetiu.Rhysand: Não. – Disse, obvio. Azriel tirou os olhos de Gwyn, encarando o irmão – Não há razão pra isso. O feto é saudável. O problema está com a mãe. Nós vamos fazer o possível e rezar pra que ela acorde, e caso contrario, vamos lutar assim mesmo. – Disse, raivoso.
Azriel: Não é meu! – Disse, furioso.
Rhysand: É DELA! – Rugiu, no ápice da raiva. Às vezes aguentar Azriel era impossível – Ela está assim porque optou por salvar a criança! Quando ela acordar, ela vai querer esse filho, e ele é dela!
Azriel: Isso SE ela acordar. – Corrigiu - Eu sou o marido, o responsável legal. Vou pedir a transferência dela para um hospital onde os médicos não sejam tão sentimentais. – Alfinetou.
Nestha: Eu vou contar a mamãe. – Disse, quieta, olhando Gwyn.
No mundo real, onde pessoas crescem e levam sua vida de modo saudável, essa ameaça seria uma piada. Coisa de criança. Mas para os Hadria, a história era diferente. A briga entre Rhysand e Azriel se suspendeu, e Azriel se virou, incrédulo, para a irmã que sempre fora sua aliada.
Azriel: Ness? – Perguntou, incrédulo.
Nestha: Ela salvou minha vida. – Disse, se abraçando e olhando Gwyn. Parecia errado deixar Azriel seguir em frente agora – E a de Gregory, e a de Serafina. Derramou o sangue dela por nós, você gostando ou não.
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A Court Of Beginnings And Lies - Livro 2
RomanceQuando você é enganado, traído e machucado a certo ponto, só existe duas opções: Esquecer e perdoar, ou esperar o momento e a hora certa de se vingar. Essa não é uma história sobre perdão. "O bater das asas de uma borboleta pode desencadear um tufão...