Capítulo 10

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As semanas se passaram, e Gwyn aprendia aos poucos, porém havia um avanço notável. Já aprendera a usar e controlar a voz, apesar de que não saber usar as palavras direito ainda. Azriel ia lá todos os dias, e levava flores. Ela gostava dele. Ele não falava, pra não forçá-la, apenas ficava com ela, em silencio. Não parecia esperar nada, isso a agradava.

 
Gwyn: Oi. – Disse, falando com ele pela primeira vez quando ele entrou no quarto. Azriel piscou, sorrindo em seguida.
 
Azriel: Oi. – Retribuiu, e ergueu a mão. Havia um buquê de rosas vermelhas
–  São pra você. – Gwyn apanhou o buquê, cheirando as flores, tocando as pétalas.
 
Gwyn: São muito bo... Bo... – Qual era a palavra? Ele esperou, quieto – Bonitas! São muito bonitas. – Agradeceu, e ele sorriu. – Porque você sempre vem? – Perguntou, curiosa. Ele ainda sorria.
 
Azriel: Porque eu gosto de ver você. – Disse, simples, e ela sorriu, satisfeita. –  Você se sente bem?
 
Gwyn: Bem. – Assentiu. Ficava feliz quando ele ia lá. – Já posso andar. – Contou, animada. – Com anda... Anda...
 
Azriel: Andadores. – Lembrou, e ela assentiu.
 
Gwyn: É difícil, umas palavras me fogem. – Ela franziu o cenho, frustrada.

Azriel: Vai passar com o tempo. – Garantiu. – E você poderá ir pra casa.

Gwyn: Eu tenho uma casa? – O medico mandara ela desenhar uma casa essa semana, mas ela achou que sua casa era ali.
 
Azriel: Tem. – Assentiu – Uma bem grande e bonita.
 
Gwyn: Tem um jar... Jar... Jardim! Minha casa tem um jardim? – Perguntou, animada. Azriel franziu o cenho. Moravam em um arranha-céu.
 
Azriel: Não. – Ele viu o desapontamento no rosto dela – Mas podemos providenciar um.

Gwyn: Pro-vi-den-ci-ar. – Soletrou, sem entender a palavra.
 
Azriel: Conseguir. Providenciar e conseguir são sinônimos. – Gwyn assentiu.
 
Gwyn: Sua casa é perto da minha? – Ele sorriu de canto, vendo ela acariciar as rosas.
 
Azriel: Bem perto. Na verdade, nós dois moramos na mesma casa. – Gwyn franziu o cenho – Mas é bem grande, tem espaço. – Ela assentiu, pensativa.
 
Gwyn: Porque moramos na mesma casa? – Perguntou, intrigada.
 
Azriel: Porque eu era muito sozinho antes de você chegar. – Disse, neutro, e Gwyn considerou por um instante, sorrindo pra ele em seguida.
 

Infelizmente houveram batidinhas no vidro. Azriel olhou e era Rhysand, que o chamava, com outro homem. Ele era alto, tinha os olhos escuros e cabelos de um castanho quase preto. Azriel pediu licença a Gwyn, que ficou com suas rosas, e saiu.

 
Rhysand: Vejo que vão bem. – Azriel sorriu, animado – Esse é o medico, amigo de Nestha, que eu disse que havia chamado. Chegou da Inglaterra ontem.
 
Balthazar: Prazer, Balthazar Morgan. – Disse, estendendo a mão. Azriel apertou.
 
Azriel: Azriel Hadria. – Cumprimentou – Especialista? Rhysand, ela não pode... Nós combinamos. – Disse, confuso.
 
 
Rhysand: Fique tranquilo, Balthazar apenas vai ajudá-la no processo de recuperação e estudar o dano do cérebro. – Azriel não gostou.
 
Azriel: Explique melhor. – Disse, desconfiado.
 

Enquanto Azriel, Balthazar e Rhysand conversaram, uma enfermeira entrou pra checar Gwyn. Logo ela iria para a fisioterapia. As enfermeiras gostavam de Gwyn – se solidarizaram com o caso por anos, e Gwyn era extremamente doce.

 
Enfermeira: Me deixe colocá-las na água, querida. – Gwyn assentiu, e a enfermeira pegou o buquê.
 
Gwyn: Ele mora comigo, sabia? – Perguntou, parecendo animada agora. Gostava de Azriel.
 
Enfermeira: Eu sei. – Disse, pondo as flores na água – Ele é seu marido, querida.

Gwyn: Ma-ri-do. Marido. – Ela não sabia o significado da palavra. – Marido é a pessoa que mora com a gente?
 
Enfermeira: Em certa parte, é. Você vai aprender com o tempo. – Garantiu, descobrindo as pernas de Gwyn e puxando o andador pra perto. – Vamos, está na hora da sua fisioterapia. – Gwyn assentiu, se sustentando nos braços ainda um pouco trêmulos pra descer da cama.
 

A Court Of Beginnings And Lies - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora