Os dias se passavam, sem muito o que alterar. Gwyn era radiantemente feliz. Remo era feliz. Azriel estava feliz. Aquele apartamento nem parecia o que fora anos atrás, não havia espaço pra sombras ali. Gwyn dormia abraçada ao marido, agarradinha nele, e ele adquirira o vicio de assisti-la pegar no sono. É valido ressaltar que Azriel estava resistindo bravamente. Seu corpo estava tenso, revoltado com a ofensa de tê-la em seus braços todas as noites e nem tentar nada, mas ele ignorava. A felicidade que sentia valia mais que aquilo. Então, uma noite qualquer, ele acordou e estava sozinho na cama.
Aquilo nunca acontecera. Ele tateou, sonolento, e olhou o relógio. Ia dar 02 da manhã. Se levantou, hesitante, e foi até o banheiro. Nada. Começou a se preocupar – esse era seu instinto normal – e se ela tivesse se lembrado? Não, ela teria acordado ele debaixo de tapas, no mínimo. Saiu do quarto, preocupado, então a voz dele o alcançou. Era baixa, tranquilizadora. Vinha do quarto de Remo. Ele entreabriu a porta, observando. O menino chorava.
Gwyn: Shhh, não chore. – Disse, aflita, e Remo esfregou os olhinhos. Gwyn estava ajoelhada do lado da cama, de cueca e blusa brancas, os cabelos caindo em uma cascata ruiva pelas costas. Remo estava sentado, todo encolhidinho em seu pijama azul – Conte pra mim.
Remo: Não quero. – Disse, com um soluço abafado.
Gwyn: Não, bebê, não chore. – Ela secou o rosto dele – Você teve um sonho ruim? – Perguntou, acariciando os cabelos dele, que assentiu – O que foi?
Remo: Você tinha... Você tinha dormido de novo. – Assumiu, caindo no choro outra vez e se lançou pra ela, abraçando-a – Não quero que você durma de novo, mamãe. – Disse, abafado no cabelo dela. Gwyn o abraçou, ninando-o.
Gwyn: Eu não vou, meu amor. Eu prometo. – Disse, beijando o cabelo dela. Ver o menino naquele estado lhe apertava o coração – Lembra que eu te falei que ia ficar com você pra sempre agora? Eu vou. Não precisa ter medo. – Consolou, acariciando os cabelos do menino – Não vou dormir daquele jeito. Nunca mais. Eu sinto muito, Remo. – Se desculpou, abatida.
Remo: Me promete? – Perguntou, se erguendo pra encará-la. Ela secou o rosto dele de novo, os dois pares de olhos azuis idênticos se encarando.
Gwyn: Com a minha vida. – Prometeu, do mesmo jeito que Azriel costumava prometer as coisas a ela. Ele sorriu na porta. – Está tudo bem.
Azriel: Gwyn? – Chamou, e ela se sobressaltou. Remo olhou o pai, esfregando o olho – Acordei e você não estava. – Justificou, rouco de sono, entrando no quarto.Gwyn: Remo teve um... – A palavra fugiu. Peso, pesado... – Pesadelo! Ele teve um pesadelo. – Lembrou, satisfeita – Eu ouvi e vim ver. Não queria te acordar.
Azriel: Tudo bem? – Perguntou, olhando o filho, que esfregou o olho, se agarrando a mãe de novo. – Ainda não se acostumou em dormir aqui, não foi? – Brincou, se abaixando e beijando o cabelo do menino. – Vou buscar um copo d’agua. – Gwyn assentiu.
Azriel foi até a cozinha, respirando fundo pra se acalmar. Remo passara a vida dormindo com ele, e agora que Gwyn chegara e tivera que ir pro próprio quarto, as vezes tinha pesadelos. Ele lamentava o quanto o menino havia sofrido pela ausência da mãe. Encheu o copo d’água, e quando voltou Gwyn tinha subido na cama, Remo deitado ao seu lado, com a cabeça em seu peito.
Gwyn: Vou ficar com ele até que durma de novo. – Disse, enquanto um Remo já mais calmo bebia a água que o pai deu – Durma. – Azriel assentiu.
Azriel: Não fique acordada até tarde. – Disse, se abaixando pra beijar o filho de novo – Eu vou saber. – Brincou, e selou os lábios dela.
Ele abaixou a luz do quarto, saindo e levando o copo, enquanto Gwyn ninava o filho. Ele voltou pra cama, se deitando, mas desacostumara a dormir sozinho, de modo que ficou vagando entre o sono não sabia por quanto tempo, até que ela voltou. Se esgueirou na cama, quietinha pra não acordá-lo, e ele sorriu, abraçando-a e puxando-a pra si.
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A Court Of Beginnings And Lies - Livro 2
RomanceQuando você é enganado, traído e machucado a certo ponto, só existe duas opções: Esquecer e perdoar, ou esperar o momento e a hora certa de se vingar. Essa não é uma história sobre perdão. "O bater das asas de uma borboleta pode desencadear um tufão...