Capítulo 14- Dead or Alive

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       Já se passara um ano sem notícias de Marília. Seu contato com o Brasil se resumia 'as trocas de mensagens  de celular com seu antigo amigo Bitola o que o fazia ver como tinha mudado. De nerd desiludido a um engajado defensor da independência de um país que nem seu era. Mas Tiago sentia-se parte dele, integrante cativo de sua história e agora de seu destino. Por certo sabia que o trabalho ainda estava no início, não imaginava que os obstáculos seriam tão grandes como de fato estavam sendo. Operar na clandestinidade era particularmente desafiador.

       Via em Gechina mais que uma heroína ou uma mártir. A julgava como um membro de sua família, aquela que nunca teve. Uma mãe, talvez uma avó, pouco importa, mas integrante do seu mundo e tão importante para ele que seria capaz de tudo para protegê-la.

       Mas andava preocupado com ela ultimamente; não sabia ao certo se era fruto do avançar da idade, apenas cansaço de exaustivas jornadas ou alguma preocupação que não queria expor, mas o certo era que andava evasiva nas respostas e desatenta como nunca fora. Tiago notou que o livro que ela estava lendo mantinha-se marcado na mesma pagina há dias - justo ela que devorava um exemplar novo por semana. Tentou em vão com que revelasse o motivo de tamanha inquietude; Dora contudo mal falava, executando suas tarefas de coordenação do comitê local de modo automático sem aquela paixão reconhecida pelos seus conterrâneos como única.

      O que ninguém imaginava era que a sua líder estava em pânico, imaginando o que fazer após ter recebido uma ligação de sua antiga paciente do Brasil.

      Marília descobriu os planos do pai junto 'a polícia secreta espanhola ao acaso; procurava fotos familiares antigas e encontrou um dossiê com detalhes sobre a vida da terapeuta e de Tiago com o indefectível carimbo vermelho que parecia saído de um filme hollywoodiano: “VIVO O MUERTO”. Desesperada, conseguiu que Helen lhe fornecesse o único contato que tinha com Bilbao e após inúmeras ligações conseguiu encontrar Eleadora. Aos prantos, de um telefone público, disse-lhe: “Dom Rubens mandou matá-los, a Interpol está atrás de vocês, fujam enquanto há tempo!!”

     Não satisfeita em avisar, Marília decidiu que era hora de partir. E assim rumou 'a terra natal de seu pai em busca de salvar seu amor e sua vida. Não havia mais tempo a perder.

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