Capítulo 3

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A mania que temos de julgar que a primeira impressão que conta, é algo que pode desencadear situações e até feridas desnecessárias nas pessoas envolvidas na questão.

•••

— Você chegou. - Me olha rapidamente e dirigi o olhar outra vez para a garrafa d'água.

— Sim. Você disse... O senhor disse... Que queria conversar.

— Me chame por "você". Não sou tão mais velho que você. - Diz enquanto dá uma golada na garrafa -

— Como quiser. - Respondo séria -

Estava tentando manter tudo no lugar. Mas a tensão que estou sentindo está quase externando para fora.
E parece que ele percebeu porque...

— Não precisa ficar tensa garota. Não vou matar você ou algo do tipo. - Ele ri. Sua tentativa de aliviar minha tensão foi bem recebida -

Respiro fundo

— Isso. - Ele diz - Bem melhor!

Sorrio sem graça

— Bom. Rayssa. - Diz pensativo - Acredito que hoje mais cedo você presenciou uma cena um tanto quanto íntima.

Eu o interrompo

— Você não precisa se preocupar. Eu não vou contar pra ninguém. Não me interessa sua vida íntima.
- Rebato -

— Que bom que entende rapidamente. Bom, tecnicamente, agora temos um segredo.
- Dá uma piscadinha e estala o lábio sorrindo -

Agora tenho segredo com duas celebridades?
Que isso, um filme?

Sem perceber sorrio com meu próprio pensamento

— Você tem um sorriso bonito. Deveria sorrir mais.
- Ele diz, enquanto passa a mão sobre o cabelo -

— Obrigada... - suspiro envergonhada -

Ser elogiada é bom. É só por isso que estou com vergonha ok?

— Você deve estar com fome. - Ele afirma -

Você está certo

— Sim. Estou. - Respondo -

— Tem lanche ali. - Aponta -
Pode comer.

Vou com certa animação para o lugar onde está as delícias. Avisto bolo de chocolate, salgadinhos, croassant, pizza. Entre outros prazeres.

Pego os salgadinhos e a pizza.

— Quer comer também? - Questiono animada -

— É uma ideia deliciosa. Vamos comer. - Sorri de canto -

Começo a comer. Eu sou uma apreciadora convicta por comida. Os diferentes sabores e suas infinitas sensações... Acho que sou transparente quanto a isso porque...

— Você gosta de comer ein! - Reage surpreso com um sorriso no rosto -

Afirmo com a cabeça, sorrindo com a boca fechada e a as bochechas cheias.

— Tem uma coisa no seu...

— Ãh? - Digo sem entender.

Ele estende o polegar e limpa o molho exposto no canto direito da minha boca, em seguida lambe o molho do dedo dele.

A boca dele...

Droga.

Sem perceber mordo os lábios

Ele percebe pois solta um riso tímido.

— Er... - Desperto e levanto da cadeira um tanto alterada - Obrigada pelos lanchinhos, mas eu preciso ir agora. - Digo desconcertada -

— Mesmo? Eu posso te levar ao hotel se quiser. É o mesmo que estou hospedado.

Droga, droga.

— Não precisa! Er... Tenho algumas coisas pra fazer antes de ir.

— Posso esperar por você. Não tem quase ninguém aqui mais. Estão todos indo embora. Não é seguro você ficar sozinha.

Droga! Porque ele tem que apresentar soluções quando claramente eu só quero fugir dali?

— É muito gentileza mas não precisa se incomodar, sério.

— Não é incômodo. - Sorri positivamente -

A generosidade dele já está me irritando

— Quer saber? Vamos pro hotel então! - Falo decisivamente -

— Mas você disse...

— Eu sei o que eu disse! - Bufo e saio em direção à saída -

— O que será que eu fiz de errado? - Timothée pensa sem entender a reação de irritabilidade da Rayssa.

Quando chegamos ao hotel, e entramos no elevador, não aguentava mais ficar ali, naquela situação. Ele estava ao meu lado e parecia tenso por algum motivo também. O que tornou aqueles minutos uma eternidade.
Eu olhava de forma discreta em sua direção e meus olhos teimosos me direcionavam a boca dele. Porquê, meu Deus?
Eu só pensava na língua dele lambendo...

A porta do elevador se abriu para nossa alegria e alívio. Era o meu andar. Graças a Deus, o meu andar.

Vou andando apressadamente para o meu quarto. Quando reparo que o ser está no corredor também. Porque ele não está no elevador sumindo da minha vista? E para piorar ele insiste em me chamar.

— O que? - Respondo irritada -

— Você deixou o seu cartão de acesso cair no elevador. - Ele diz balançando o cartão -
Então seu quarto é 256? Bom saber.

Merda

— Obrigada. Sou tão distraída! - Respondo rindo, de nervoso -

— Que isso. Foi nada. E, desculpe se de alguma forma te ofendi quando nos conhecemos. Reconheço que foi meio idiota o que eu disse. Cada um tem sua forma de viver e, eu deveria ter respeitado isso.

O que ele está querendo com esse breve e muito atraente discurso? Porque eu estou achando isso atraente? Estou louca?

— Não, tudo bem. Está no passado!
- Rio na tentativa de ser descontraída e tranquila, não de ter vergonha de ter remoído aquele velho mas nem tanto ocorrido, a ponto de o ter colocado em minha lista negra, mental, de pessoas nas quais detesto. -

— Fico feliz. - Sorri - Eu preciso ir agora. - Aponta para trás com os dedos polegares -

— Claro! Fique a vontade! Até amanhã então.

— Até. - Se despede com tímido sorriso em seu canto esquerdo -

Ao entrar em meu quarto, encosto na porta, com o coração disparado e a mente superaquecida com a enxurrada de informações que acabara de me ocorrer.
O quê, está acontecendo comigo?
Não faz parte do meu plano. Não mesmo.
Coloco em minha cabeça que tudo, aquilo, é coisa da minha cabeça. Coisa de diretor de filme. Pensar em cenários e situações fictícias. Claro, essa explicação é plausível e completamente aceitável.






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