Sentimentos são confusos.
Mas senti-los é o que nos torna vivo.•••
Eu estava olhando para o pote de sorvete tão atentamente, que foi necessário minha mãe gritar para o meu despertar.
— Filha!
— Que susto mãe! Misericórdia! -Reajo colocando a mão no coração -
— Desculpa filha, - Diz rindo - mas você estava no mundo da lua.
— Perdão mãe... - Suspiro desanimada -
— O que aconteceu minha filha? - Diz em tom preocupado - Está tudo bem?
Eu olho para aquela tela do laptop e dirijo o olhar para o pote de sorvete. Como mantive silêncio quanto a pergunta feita, minha mãe decide questionar sobre outra temática, o que não me ajudara, pois o tema envolvia exatamente o que, ou melhor, quem, eu não queria falar sobre.
— E o jantar com os colegas americanos aí, como foi? - Ela entona "colegas americanos" na tentativa de ser cool, e falha miseravelmente, fazendo-me rir.
— "Colegas americanos" mãe?!
Rio, rimos.
— É, minha filha. Como foi? - Fala animada -
Como explicar que, teoricamente, seu colega de trabalho quase lhe beija no elevador e na mesma noite é flagrado beijando outra mulher?
Não que seja algo significativo para mim, não, mas, sinto-me estranhamente incomodada com este fato. O que não faz sentido, pois não somos nada um para o outro. Certo?Merda.
Ele está mais para um...
— Galinha! - Grito inesperadamente. Meus pensamentos acabaram por fugir pela minha corda vocal. E minha mãe está com o olhar confuso, e com razão.
— Galinha?
— Tinha galinhas. Isso. Lá no restaurante. - Tento manter meu argumento mas concordemos, está ridículo. -
— Literalmente galinhas?
— É... - Não - E me fez lembrar de quando comprávamos frango aos domingos, na padaria do Seu Valdeci. Lembra?
— Ah... - Ela solta um som de quando se está tentando relembrar da situação descrita e a recordação vêm. - Sim filha! Ótimos tempos. - Sorri saudosa - Mas isso não responde minha pergunta. Aconteceu algo lá?
Droga mãe! Porque você tem que ser tão... Mãe?
— Foi legal - Digo sem muita empolgação - E não, não aconteceu nada. É só que estou cansada. E... Será que podemos conversar sobre isso depois?
— Claro filha.
— Então, - Conserto minha postura, colocando minhas costas na cabeceira. Com tímida animação - Como estão as coisas aí mãe?
— Achei que estivesse cansada demais pra conversar... - Fala desconfiada, mas ignora logo em seguida, pois parece estar animada pra contar algo -
Eu recebi flores hoje filha!— O quê?! - Questiono chocada -
— Sim! - Diz rindo,
colocando as mãos sobre o rosto -— Quem que mandou? - Questiono um tanto desconfiada quanto enciumada -
— Sr. Arthur.
— Arthur?! Meu professor de cinema da faculdade?! - Reajo perplexa -
— Sim. Ele mesmo! - Ela falava como uma adolescente boba dos livros de época quando o assunto era "qual é o menino de quem você gosta?". Era fofo. Um pouco brega, mas fofo. -
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Olhos de Esmeralda
Fiksi Penggemar"A realidade é uma ficção" Rayssa acredita fielmente em destino, plano e propósito. Já Timothée, acredita na completa ausência do controle sobre a vida. Porém ambos, serão confrontados em suas filosofias. Esta obra é originalmente minha, por favo...