Capítulo 5

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Sentimentos são confusos.
Mas senti-los é o que nos torna vivo.

•••

Eu estava olhando para o pote de sorvete tão atentamente, que foi necessário minha mãe gritar para o meu despertar.

— Filha!

— Que susto mãe! Misericórdia! -Reajo colocando a mão no coração -

— Desculpa filha, - Diz rindo - mas você estava no mundo da lua.

— Perdão mãe... - Suspiro desanimada -

— O que aconteceu minha filha? - Diz em tom preocupado - Está tudo bem?

Eu olho para aquela tela do laptop e dirijo o olhar para o pote de sorvete. Como mantive silêncio quanto a pergunta feita, minha mãe decide questionar sobre outra temática, o que não me ajudara, pois o tema envolvia exatamente o que, ou melhor, quem, eu não queria falar sobre.

— E o jantar com os colegas americanos aí, como foi? - Ela entona "colegas americanos" na tentativa de ser cool, e falha miseravelmente, fazendo-me rir.

— "Colegas americanos" mãe?!

Rio, rimos.

— É, minha filha. Como foi? - Fala animada -

Como explicar que, teoricamente, seu colega de trabalho quase lhe beija no elevador e na mesma noite é flagrado beijando outra mulher?
Não que seja algo significativo para mim, não, mas, sinto-me estranhamente incomodada com este fato. O que não faz sentido, pois não somos nada um para o outro. Certo?

Merda.

Ele está mais para um...

— Galinha! - Grito inesperadamente. Meus pensamentos acabaram por fugir pela minha corda vocal. E minha mãe está com o olhar confuso, e com razão.

— Galinha?

— Tinha galinhas. Isso. Lá no restaurante. - Tento manter meu argumento mas concordemos, está ridículo. -

— Literalmente galinhas?

— É... - Não - E me fez lembrar de quando comprávamos frango aos domingos, na padaria do Seu Valdeci. Lembra?

— Ah... - Ela solta um som de quando se está tentando relembrar da situação descrita e a recordação vêm. - Sim filha! Ótimos tempos. - Sorri saudosa - Mas isso não responde minha pergunta. Aconteceu algo lá?

Droga mãe! Porque você tem que ser tão... Mãe?

— Foi legal - Digo sem muita empolgação - E não, não aconteceu nada. É só que estou cansada. E... Será que podemos conversar sobre isso depois?

— Claro filha.

— Então, - Conserto minha postura, colocando minhas costas na cabeceira. Com tímida animação - Como estão as coisas aí mãe?

— Achei que estivesse cansada demais pra conversar... - Fala desconfiada, mas ignora logo em seguida, pois parece estar animada pra contar algo -
Eu recebi flores hoje filha!

— O quê?! - Questiono chocada -

— Sim! - Diz rindo,
colocando as mãos sobre o rosto -

— Quem que mandou? - Questiono um tanto desconfiada quanto enciumada -

— Sr. Arthur.

— Arthur?! Meu professor de cinema da faculdade?! - Reajo perplexa -

— Sim. Ele mesmo! - Ela falava como uma adolescente boba dos livros de época quando o assunto era "qual é o menino de quem você gosta?". Era fofo. Um pouco brega, mas fofo. -

Olhos de Esmeralda Onde histórias criam vida. Descubra agora