Capítulo 1

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Só lembro-me de estar no hospital.
A primeira coisa que sinto, é dor.
Dor nos olhos, por causa daquela luz em meu rosto.
Dor na cabeça, como se tivesse recebido vários socos na mesma.
Dor no corpo, como se tivesse sido atropelada...
Talvez eu estivesse sido mesmo.
Meus olhos demoram para enxergar,
eu olho para o meu lado esquerdo e a feição desfigurada aos poucos, se torna nítida.

— Mamãe? É você? - Questiono um tanto fraca -

É estranho. A última vez que nos falamos, o rosto dela estava diferente. Ali, naquele momento, seu rosto era cansado, pesado. O que aconteceu para uma mudança tão repentina em sua aparência?

— Sim, minha filha, sou eu... - Diz emocionada -

Ela acaricia meu rosto com carinho,
e Deus! Como eu sentia falta daquele carinho!
Com um sorriso fraco, porém sincero,
olho em seus olhos.

Então recordo-me de Timothée, e da misteriosa porta pela qual passei.

— Mãe, o Timothée! - Falo nervosa -

Tento levantar-me rápido, porém a tontura, seguida de náuseas, impede-me.

Minha mãe segura-me e coloca-me deitada outra vez

— Quem é Timothée minha filha? - Ela questiona afeição confusa -

— Como assim mãe? "Quem é Timothée?" É o seu genro! Meu namorado!

Ela olha-me preocupada

— Mas filha... Você não tem namorado. Não mais.
- Suspira -
O Calebe, vocês não terminaram?

— Terminamos a tempos mãe! A senhora sabe!
O Timothée, é o seu genro, não lembra?
As ligações por chamada que fizemos, o bolinho que ele comprou para comemorar seu aniversário à distância. O Sr. Arthur comprando flores semanalmente para a senhora.
O presente de natal que Timothée deu para a senhora, o colar?

Ela olha-me assustada e perplexa

— Filha, isso tudo que você disse...
Nunca aconteceu.

Sinto uma pontada forte em meu peito.

— É impossível ter acontecido, - Ela suspira, e coloca sua mão sobre a minha - porque você está aqui no hospital, em coma, há quase seis meses...

Sinto que o chão foi-me tirado.
Sinto choque. Eu não consigo mexer-me.
Nem ao menos piscar.
Os sons são confusos e distantes.
Porém o som da máquina que monitora meus batimentos cardíacos, se torna insuportável de tão alto.

O médico chega, e nervosa, minha mãe fala para ele
o que eu disse.
Ele vêm rapidamente em
minha posição e chama-me.
Porém, meu corpo não consegue responder aquele estímulo externo.
Quando consigo piscar finalmente, a única coisa que contemplo é a escuridão.

•••

— Rayssa? Rayssa? Consegue me ouvir? - Questiona a voz -

Os sons estão confusos de novo, e logo logo, vão ficando mais claros e compreensíveis.

— Sim... - Digo fraca, e zonza. -

À minha frente, está um homem de altura mediana, de óculos, com um sorriso simpático, segurando um tablete em suas mãos, usando um jaleco branco.

Deve ser o médico, presumo.

— Prazer Rayssa, meu nome é Richard Parker.
- Suspira -  Sou neurocientista e neurologista, estou acompanhando seu caso desde o início.

"Meu caso"?

— Sei que deve estar sendo tudo muito confuso.
Você acordar depois de seis meses, e ver que tudo está diferente.

Olhos de Esmeralda Onde histórias criam vida. Descubra agora