Capítulo 15

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"Lábios rosados, pele como a neve"

•••

— Você não está falando sério né? - Timothée indaga desacreditado -

— Estou sim. Muito sério. - Cruzo os braços, com uma cara ríspida de desaprovação -

Seus olhos se tornam gélidos, e sua expressão que era de choro e tormento, transforma-se em fúria:

— Ok. - Ri com escárnio - Se você acredita que eu estou nem aí para você, que eu não te amo, ou que não vamos dar certo, tudo bem. - Abre os braços - Pois eu já cansei! - Aponta para mim -

Eu o olho, um tanto chocada quanto emotiva.

— Eu cansei dessa merda! Dessa sua insegurança constante, e...

Meu sangue ferve

— MINHA insegurança?! - Indago furiosa - Não sou eu que ataco os outros, por medo de perder alguém! Não sou eu que choro, inseguro, comparando meu corpo com de outros caras!

Droga! eu falei merda.
Eu sei, eu sei.
Os olhos vermelhos e arregalados dele,
cheios de dor e ódio.
É uma cena impactante, e paralisante.
A mescla perfeita do caos.
Merda, eu fui a droga de uma psicopata agora.

— Timothée eu...

— Você cala essa sua boca de merda,
e me deixa em paz.
- Aponta bem na minha cara -
Não quero te ver nunca mais.
- Ele sai furioso, e bate a porta com toda força, a ponto de fazer o quadro na parede cair sobre o chão, transformando-se em cacos -

Estou encostada, sentada sobre o chão, na poltrona, ainda em choque. Como eu pude falar algo assim para ele? Como pude usar suas inseguranças como argumento em uma discussão idiota?
Como eu me tornei a droga de um monstro?

Lágrimas quentes sobre meu rosto, e dor espalhada por todo meu ser.
Sinto-me anestesiada. Presa. Preciso me levantar, preciso ir atrás dele.
Eu sei que desculpas não farão com que o estrago de minhas palavras seja apagado. Mas ele precisa saber que eu me arrependo, e muito.

•••

[ Caneta Soberana, temos problemas.
[ — O que aconteceu?
[ — Os gansos, se separaram. Definitivamente, e foi feio!
[ — Isso era exatamente o que eu precisava para derruba-la do poder.
Com estas provas, vou assumir o lugar dela.
E você monitor, será recompensado por sua lealdade.

•••

[ — Que bom vê-los novamente, conselho!
[ — Porque nos convocou, escrivão?
[ — Prefiro o termo "Caneta", senhora.
[ — Apenas a sua majestade, a criadora, pode ser chamado assim. - Encerra -
(Ele revira os olhos)
[ — Bom, - Anda com passos cautelosos - Sua majestade fidelíssima, - Ironiza - provou ser um risco, para este santuário da escrita.
[ — Como ousa acusar sua majestade sem provas? - Um dos conselheiros questiona, com indignação -
[ — É aí que você se engana, conselheiro criativo da ordem 17, - Pausa e inspira profundamente, com certo drama em sua postura - Eu tenho provas.

([{ O escrivão apresenta a prova }])

[— Isto é um erro! - Afirma a rainha, que acabara de ser destituída do poder de escrever -
Ele não se importa com os personagens!
Eles não devem ser obrigados a nada!
Eles devem ser livres para pensarem!

Olhos de Esmeralda Onde histórias criam vida. Descubra agora