Capítulo 12

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Os momentos mais preciosos e únicos, tendem a ser o que menos esperamos.
Pois em nossa falha crença, acreditamos que a grandeza, significa o recordar.
Mas nas escuras tempestades da vida, são as lembranças que menos esperamos que nos levam a esperança outra vez.

•••

Foster chega com a peça importantíssima do Steve. Ao meu ver, sua entrada é como a de um herói aclamado por sua bravura.

— Aqui está, senhora Oliveira. - Estende a peça -

— Muito obrigada Foster! Você é meu herói. - Ele sorri um tanto envergonhado, uma graça -  Ou melhor, - Relembro - herói do Steve.

Steve chega na cena,
e como uma mãe reencontrando seu filho após a guerra, lá estava ele, abraçando o figurino com todas as forças.
Seria até emocionante, se a situação não fosse caoticamente cômica.

Timothée também chega.
Um tanto confuso com o que seus olhos estavam a presenciar, mas não o suficiente para desviar sua atenção de seu propósito ali:

— Preciso aprontar-me para a tomada, da cena 57.

Vejo Steve conferindo o roteiro, e ele diz euforicamente:

— Claro! - Bate palmas duas vezes, de forma elegante, como sempre. - Le filles! - Diz chamando a equipe em francês. Apesar de significar "meninas"-

As assistentes de figurino, maquiadores, e cabeleireiros, imediatamente, quase que magicamente apareceram.

"Le filles", é a palavra mágica do Steve para chamar a equipe toda.

E eles maquiaram, ajustaram e finalizaram.
E em meio ao processo, recebo um telefonema inesperado de um, mas nem tanto desconhecido.

— Oi Ray... - Diz a voz, causando-me arrepios, mas não é dos bons-

— Oi, Calebe. - Respondo um tanto fraca -

— Como estão as coisas aí? Eu vi suas fotos no instagram, parece estar se divertindo. - Fala simpaticamente -

— Se você viu as fotos, porque insiste em perguntar-me? Claramente a resposta está nelas.
- Respondo-o rancorosa -

Ouço o estalo de seus lábios, típico de quando ele vai se manter na defensiva.

— Ok. Entendi. - Suspira - Vou direto ao ponto:
Meu casamento será daqui a dois meses. No caso, agosto.

"O mês do desgosto" - penso.

— E, - Continua - eu gostaria muito da sua presença.
E a Carol também, é claro. - Ele solta um riso descontraído, mas eu não acho graça. -

Reviro os olhos ao ouvir "Carol também".

Nada é mais forçado do que esta última alegação. Não desde a nossa última conversa nenhum pouco amigável.

Apesar dele não saber que essa conversa existiu, pelo fato dele não estar presente, e por Carol querer manter uma imagem nojenta de fraternidade com minha pessoa, aquela conversa encerrou, com todas certezas possíveis, minha amizade com Carol.
Porém, Calebe insistia nesse trio da amizade.
O que é irritante...
Mas não tanto quanto a falsidade da Carol ao me chamar de melhor amiga no aeroporto.
Aquilo sim, era digno de toda a indignação possível. Mas não sou eu quem vai avisá-lo de sua péssima escolha para cônjuge. Não mesmo.

Olhos de Esmeralda Onde histórias criam vida. Descubra agora