Não tem sido fácil evitar Dulce Maria. Primeiro que ela mora de frente para mim, segundo que temos amigos em comum, terceiro que ela nunca passa desapercebida. Seja pelo seu jeito doce, ou pela modo como age com tanta naturalidade, e claro, pela beleza.
Todas as vezes que a encontrei fiquei balançado. Talvez seja melhor voltar a encontrar com Isabele. Só assim eu vou desencantar da minha vizinha.
Isabele é uma moça que eu já saí algumas vezes, ela é bonita, interessante, mas não mexe comigo como Dulce Maria atualmente vem mexendo.
Meu pai tem ficado mais em casa nos últimos dias, e se aproximou muito dela. Os dois conversam bastante e outro dia desses meu pai até me disse que ela perguntou por mim, e que estava feliz pelas vendas dos seus doces e tudo mais.
Estou aqui ralando na oficina, Luciano está me ajudando e sequer fez seu horário de almoço, estamos muito atarefados, e até em meio ao trabalho eu consigo encontrar um tempo para repensar meu afastamento com ela nos últimos dias.
(...)
— tá pensando em que em alemão? — ele pergunta.
— nada... só estou viajando.
— viajando em alguém, eu imagino.
— porque acha que seja em alguém?
— porque essa expressão é nova. E eu conheço meu velho amigo. — ele ri.
— eu não sei se posso te contar essas coisas, já até sei o que vai dizer, e certamente irá me julgar. — digo.
— como pode saber o que eu vou dizer se você nem ao menos me disse? — ele solta uma gargalhada.
— porque antes de te contar você já se expressou. — retruco.
— sendo assim, então já sei do que está falando. Dulce Maria? — ele faz uma careta como se pudesse ler a minha mente.
— É... odeio admitir, mas você fez a leitura perfeita. Gosto dela, e não deveria. — suspiro.
— Eu sei irmão... e você tem motivos para se interessar por ela, já vi que possuem muitas afinidades, se atraem, e eu diria até que é recíproco. Se não fosse o fato dela ser casada!
— O que te faz pensar que ela corresponde?
— Qual é Ucker, a gente sempre sabe quando uma mulher está afim! — ele diz como se fosse óbvio.
— Mas ela nunca disse nada que desse a entender, nem nada do tipo... e respeita tanto o marido. Eu não acredito nisso não.
— pois deveria começar a acreditar. Agora por exemplo, ela está em uma conversa sem fim com o seu pai, está olhando para cá, isso não significa nada?
— Eles podem estar falando de mim, ou da oficina. — retruco.
— Você é hilário. — ele ri — eu quero que me conte melhor, o que está sentindo, e como pretende encarar isso.
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Doce Desejo | Vondy
RomanceApós a morte de sua sogra, Dulce Maria e seu esposo Daniel decidem se mudar para a casa que ficou de herança da família. O casal se muda por problemas financeiros e dispostos a recomeçar no lar onde Daniel foi criado. Mesmo após a mudança, Daniel pe...