𝐢. 𝐄𝐋𝐄𝐓𝐑𝐈𝐂 𝐋𝐎𝐕𝐄. ! ༉ 𝗿𝗶𝘃𝗲𝗻

005.

Tecna não tinha tantas lembranças marcantes de sua infância. Mas, algumas coisas faziam com que ela voltasse de forma involuntária para algum momento em que esteve.

Que - quase nunca - eram bons.

A prova disso, era o sentimento agonizante que preencheu seu coração ao ver o corpo sem vida jogado no chão à sua frente.

O cheiro da morte.

O sangue escorrendo.

E, do nada, ela era uma criança novamente, sendo tirada às pressas de dentro de casa por Saul Silva. Podia não se lembrar de muita coisa, porém, se lembrava o suficiente do sentimento vivido de desespero que sentiu aquela noite.

- Puta merda - o som da voz de Riven foi ouvido pela fada.

Em um único movimento, a Regnum se afastou, se apoiando em uma árvore próxima. Respirando fundo, ela tentou regular a respiração e o estômago embrulhado.

- Precisamos sair daqui - disse o especialista, nervoso.

Ele foi até a amiga, colocando sua mão sobre o ombro da mais baixa. Tecna tentou não lembrar do rosto da vítima enquanto levantava o olhar até o garoto, que parecia tão enjoado quanto ela.

A acastanhada acenou positivamente, andando em passos cambaleantes para dentro da barreira, sendo seguida por Riven, que praguejava algo em um sussurro, parecendo não acreditar no que viram.

Nem ao estarem em solo seguro, pararam. Andaram o suficiente até se virem na área de treinos, onde Silva de longe treinava alguns dos especialistas novatos.

Mesmo com a distância, o homem avistou a figura de Tecna e Riven, notando o semblante pálido que os dois adolescentes apresentavam.

- Continuem - falou, gesticulando com as mãos para os especialistas que lutavam entre si.

E, sem olhar por onde andava, seguiu até a Regnum. Parando ao estar de frente à garota, ele começou:

- Vocês estão bem? - questionou, divindo o olhar entre os dois amigos. - Onde estavam?

- Eu... - Tecna tentou dizer, olhando no fundo dos olhos escuros de seu tutor. - Acho que preciso vomitar.

•••

Alfea sempre foi um lugar de paz e segurança para Tecna Regnum. A escola era considerada sua segunda casa, onde estava rodeada de pessoas com que se preocupava e amava, e vice-versa.

Mas, tinha algo dentro da fada da tecnologia que lhe dizia que as coisas estavam prestes a mudar. Tinha agora, dois bons exemplos na palma de sua mão.

Electronomo estava chegando e... Havia acabado de encontrar um corpo praticamente todo desconfigurado. Tudo isso apenas em seu primeiro dia de volta.

Isso não podia ser um bom sinal, não é?

- Você tem certeza que está bem, Tec? - Terra perguntou, preocupada.

- Uhum - Tecna murmurou como resposta.

- Ao contrário do que pensa, isso não foi nada convincente - Sam Harvey, irmão de Terra e um dos amigos mais próximos da acastanhada, retrucou.

Os três jovens se encontravam na estufa de Benjamin, enquanto o mesmo saira junto a Silva e Farah, para verificar a vítima que tinham encontrado à uma hora atrás.

Tecna também tentava convencer a si mesma de que estava bem.

- Qual é, estou ótima - ela insistiu. - Vocês me conhecem, nada me abala tão fácil.

O Harvey riu, lançando um olhar irônico para a amiga.

- É justamente por conhecermos você, que sabemos que isso é a maior lorota de todas!

- Terra, será que pode dizer para o seu irmão parar de me refutar? - sorriu falso para a de cabelos claros, que segurou a risada. - Ou, vou ter que começar a encher o saco dele também e você sabe, ele nunca aguenta.

- O quê!? - Sam exclamou, indignado. - Terra, será que pode dizer a sua amiga para parar de ser uma mentirosa?

- Ah, não me metam nessa! - a fada da terra pediu, fingindo não vê-los.

Tecna então riu, negando com a cabeça enquanto mexia em uma planta aleatória. Suspirando, ela se afastou o suficiente para retirar o celular do bolso traseiro.

"Você está bem?", digitou ao entrar na conversa com Riven.

Demorou menos de dois minutos para a garota ter uma resposta.

"Claro que sim"
"Quem vomitou foi você"

A Regnum revirou os olhos, rindo mais uma vez ao xingar o especialista por mensagens.

••••••