𝐢. 𝐄𝐋𝐄𝐓𝐑𝐈𝐂 𝐋𝐎𝐕𝐄. ! ༉ 𝗿𝗶𝘃𝗲𝗻

014.

O caminho de volta ao colégio parecia não ter fim. Tecna sentia suas pernas doerem, junto com a preocupação sobre-humana que lhe atacava, mesmo com todo seus esforços para se controlar.

Afinal, não era apenas ela que estava assustada com tudo. Saul sentia o medo de forma muito pior e a fada da tecnologia tinha ciência disso. Então, tentava manter-se firme, por ele.

Ao passar pela porta de entrada de Alfea, Tecna suspirou aliviada por finalmente estarem em solo seguro. Ainda com o especialista ferido apoiado em seus braços e nos de Terra, guiaram-se até o meio do salão principal.

Musa seguindo logo atrás, os passos apressados. Já havia alguma movimentação pelo local, então, não foi difícil notarem a presença dos recém-chegados ali.

- Preciso de um kit do Bastião! - Terra anunciou urgente, para quem quer que ouvisse e pudesse ajudar.

- Eu vou chamar a diretora - a voz preocupada de uma garota disse, a mesma dos cabelos castanhos avermelhados que Tecna havia visto mais cedo.

Do lado dela, estava Riven. O especialista arregalou os olhos ao ver a cena de seu instrutor machucado e se aproximou, sem saber exatamente o que fazer.

- Dane, me ajuda aqui! - pediu Terra para o garoto, que também se aproximou com pressa. - Vamos levá-lo para a estufa.

O moreno pediu espaço para Tecna, se colocando no lugar da fada, podendo agora carregar Saul Silva em direção a estufa, com mais facilidade.

A herdeira de Zenith então permaneceu parada, observando enquanto se afastavam com o homem mais velho nos braços. Parecia que seu cérebro havia esquecido de dar ordens à seus músculos, que se tornaram petrificados.

Com a adrenalina finalmente indo embora, a acastanhada sentiu sua ficha cair. Saul Silva havia sido atacado por um Queimado. Ele realmente estava ferido, completamente perdido e com medo.

Ao fundo, a garota podia ouvir que chamavam por seu nome. Mas, soando como algo distante, ela não se importou. Abaixando os olhos amendoados para suas mãos, ela reparou mais uma vez no sangue seco que às manchavam.

- Tecna, ei - seu rosto foi erguido com delicadeza. Os olhos verdes checando com cautela cada mínimo movimento que a princesa fazia. - Você se machucou também?

A Regnum negou, sem forças para formar qualquer palavra no momento.

- Okay... - respondeu Riven, soltando o ar que nem notou que havia prendido. Puxando a mais baixa para perto, o garoto à envolveu em um abraço caloroso, uma de suas mãos acariciando de leve os cabelos soltos da especialista.

Tecna retribuiu o gesto. Novamente seus olhos arderam e dessa vez, ela não se segurou, permitindo que às lágrimas caíssem de forma livre por sua pele fria.

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Sky observava a irmã deitada no saco de dormir, distribuído de forma milímetrica entre as camas de sua própria suíte. Não era a primeira vez que a garota dormia em seu quarto, mas, nesse caso, Tecna apenas estava ali por medo.

E o loiro odiava quando à via daquele jeito.

- Você pode dormir na minha cama e eu aí, sabe disso - disse Sky. A fada da tecnologia apenas negou, cansada. Não iria tirar o irmão de seu conforto, pensava que já estava dando trabalho o suficiente.

- Estou bem aqui - resmungou. - Eu nem vou dormir, de qualquer forma - deu de ombros.

Um silêncio avassalador veio a seguir. Riven estava em seu canto, deitado e apenas escutando quando algum dos amigos dizia alguma coisa.

O clima era pesado. Ninguém conseguia pensar em nada que não fosse o estado de Saul Silva. Terra iria passar a noite observando os movimentos do homem, para o caso de alguma mudança ocorrer em seu quadro.

E, por mais que todo mundo tentasse assegurar para os adolescentes que o especialista ficaria bem, era difícil acreditar, quando não viam isso com seus próprios olhos.

Ele era importante para todos naquele quarto.

Depois de mais algumas palavras trocadas, a madrugada passou rápida e quieta. Sky e Riven conseguiram dormir por pelo menos algumas horas, após algum esforço.

Ao contrário de Tecna Regnum, que toda vez que fechava seus olhos, via todos aqueles corpos despedaçados voltando a atazanar suas lembranças.

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