018.

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Quando sabemos que algo ruim está prestes a acontecer com alguém que amamos, geralmente somos levados à agir pelo o impulso. E, a maioria das vezes, você cai na real e percebe o quão estúpido foi.

Mas, no fundo, não se arrepende.

Faria tudo de novo, se isso significasse que estaria fazendo alguma coisa para proteger a pessoa que ama - mesmo que no final, as consequências não sejam as melhores para si mesmo.

- Agora ele está morto - a voz de Farah Dowling anunciou.

O Queimado não havia sido definitivamente morto pelo grupo de adolescentes. E, se a diretora do colégio de Alfea não tivesse desconfiado e seguido seus alunos, eles com certeza estariam tendo que lidar com uma criatura mil vezes mais irritada.

Entretanto, ainda parada ao lado do irmão, Tecna Regnum observava a expressão da mais velha, tendo uma fisgada em seu estômago ao notar que ter que lidar com a irritação de Farah, estava lado à lado no quesito "medo", com a do Queimado.

- Diretora... - Bloom tentou dizer, sendo interrompida apenas por um acenar de mãos da Dowling. Silenciando-se, a ruiva deu um suspiro frustrado.

- Quero todos vocês dentro da barreira - murmurou, a voz repreensiva. - Agora - sibilou a última palavra devagar e a fada da tecnologia quis revirar os olhos ao perceber a bronca que iria levar.

Os adolescentes assentiram, se virando rapidamente em direção ao caminho de volta. Em passos largos, eles não demoraram a estar novamente dentro do pátio principal do colégio, o sentimento de segurança inundando-os de repente.

Parados de frente às escadas, os mais novos encararam Farah Dowling, aflitos e esperando que ela começasse a falar - o que, por já terem tido experiências o suficientes, sabiam que não iria ser nada breve.

Porém, antes que pudesse dizer qualquer coisa, a diretora direciona seus olhos semicerrados para os três especialistas, posicionados lado à lado.

- O sermão de vocês não está em minhas mãos - disse simples, apontando com a cabeça para o lado de fora novamente.

Sem precisar de muito mais informações, os três amigos sabiam para onde deveriam ir. E, do outro lado, Saul Silva esperava ansioso para poder ver com seus próprios olhos, seus filhos seguros.

•••

A iluminação da estufa era alaranjada, devido à noite escura e as luzes fracas. Sentado em uma maca - posicionada ao meio do lugar - Saul Silva era checado por Ben Harvey, que analisava com cuidado seus ferimentos.

A atenção dos dois homens logo foi voltada para os especialistas cansados que adentraram a estufa, sem muita enrolação. Saul não demorou ao se por de pé, caminhando agitado até os adolescentes, antes que eles pudessem ter a chance de o alcançar.

- Vocês estão malucos!? - começou, nervoso. - Tem noção do quão imprudentes vocês foram? O risco que correram? Por Deus!

Riven abaixou a cabeça, ouvindo tudo atentamente - ele não iria admitir, mas, tinha "medo" de Saul Silva. Na verdade, não era "medo" a palavra correta e sim, de certa forma, respeito. Quando o diretor falava, ele não era nem doido de retrucar. Respeitava a história e a autoridade que Saul emanava.

Por vez dos dois irmãos, eles apenas analisavam com os olhos curiosos toda a extensão do pai. Notando a facilidade com que ele caminhou rápido até eles e como ele gesticulava sem uma careta de dor no rosto.

E, mesmo com a voz de Saul Silva os repreendendo de forma frenética, Sky e Tecna não conseguiram sentir arrependimento algum. Com um fiozinho de voz em suas mentes, eles souberam que aquele havido sido o Queimado certo.

- Eu poderia passar horas aqui, nomeando o quão... - enquanto continuava seu sermão, a Regnum se aproximou mais do homem e o abraçou de repente.

Saul se calou, respirando fundo.

- Não faça isso com a gente nunca mais, Saul - pediu a acastanhada, a voz chorosa. - Nunca mais fique prestes a morrer, nunca mais pense em me deixar sozinha de novo.

- Prometo que vou tentar, garota - respondeu o especialista mais velho, retribuindo o abraço caloroso da filha, uma risada nasalada saindo enquanto tentava se fazer de forte.

Sky não pensou duas vezes ao se encaixar no abraço, de forma desajeitada. Ele também sentia o alívio o preenchendo de forma quente.

Riven sorriu de lado com a cena.

Então, pensou que também faria tudo de novo. Enfrentaria quantos monstros fossem necessários ao lado de Tecna, se isso fosse realmente importante para ela. Se isso fosse realmente fazê-la sentir alívio ao ter alguém que amava seguro.

No fundo, a atitude estúpida não deixou arrependimento algum.

A não ser, é claro, pela briga idiota que tivera com a herdeira de Zenith - que ao se soltar do pai, nem olhou para o amigo. Riven se xingou por dentro, irritado ao perceber que ela ainda estava - se não, ainda mais - chateada com ele.

••••••

𝐢. 𝐄𝐋𝐄𝐓𝐑𝐈𝐂 𝐋𝐎𝐕𝐄. ! ༉ 𝗿𝗶𝘃𝗲𝗻Onde histórias criam vida. Descubra agora