𝐢. 𝐄𝐋𝐄𝐓𝐑𝐈𝐂 𝐋𝐎𝐕𝐄. ! ༉ 𝗿𝗶𝘃𝗲𝗻

013.

As adolescentes andaram cautelosamente até o celeiro, onde o Queimado estaria preso e executariam enfim o plano de Stella. Sendo sincera, Tecna não sabia exatamente qual era o plano, já que não havia ficado até o final da conversa, horas antes.

Terra, com seus olhos pidãos e sorriso doce, por outro lado, havia conseguido convencer a amiga à ir com elas. Não gostava quando o clima ficava tenso entre o grupo, então, da maneira que pôde, quis incluir Tecna novamente.

- Beleza, agora vocês vão e eu fico bem aqui - a fada da tecnologia disse, parando ao ver de longe as paredes de madeira do celeiro.

Bloom a encarou, confusa. Stella, por sua vez, não quis prolongar o assunto. Dando de ombros, a loira saiu, sendo acompanhada de imediato por Aisha. A fada do fogo demorou um pouco mais para criar coragem e ir atrás das amigas.

Musa continuava ao lado de Tecna, da mesma forma de como saíram da barreira no início. As duas estavam se dando consideravelmente bem e gostavam disso.

- Eu acho que vou... - Terra começou a dizer, também observando de longe as outras fadas adentrarem o celeiro. - Está tudo bem, Musa?

Só então Tecna notou o inquietamento repentino da fada da mente. Encarando a amiga de forma preocupada, a especialista colocou uma das mãos em seu ombro.

- Eu não sei - respondeu Musa. - Estou sentindo alguma coisa... - seus olhos castanhos, tornaram-se roxos mais uma vez.

Em passos cuidadosos, a fada saiu curiosa, analisando à sua volta. Sentia-se estranha, queria saber o motivo de tanta angústia que a abateu de repente.

Tecna e Terra não tardaram ao seguir a amiga, os olhos assustados e desconfiados. Tudo se tornou ainda mais alarmante quando Musa curvou-se, colocando as mãos nos joelhos.

- Que dor - murmurou a garota, fechando os olhos com força. Tecna se abaixou na altura da outra, tentando acalmá-la, como podia no momento.

Quando olhou para trás, a fada da tecnologia observou Terra totalmente petrificada. Ainda mais confusa, a acastanhada seguiu o olhar da de cabelos claros.

Um erro.

Naquele momento, Tecna teve certeza de que tudo àquilo era um erro. O plano, sair da barreira, se arriscarem daquela forma.

Sentindo as pernas fraquejarem, Tecna se afastou, puxando Musa pelo braço. Se ela havia achado a cena do corpo que encontrou, assustadora... O que presenciava agora poderia ser considerado mil vezes pior.

- Puta merda - xingou, desacreditada.

A pilha de corpos despedaçados espalhados pela floresta, era enorme. O sangue espirrado pelas árvores. O silêncio macabro que se instaurou. O cheiro de morte rodando o ar. Definitivamente, aquela seria uma cena que nenhuma delas esqueceriam tão cedo.

- Tec... - Terra chamou, a voz urgente. - Tecna, você precisa sair daqui - em um único gesto, a fada da terra se virou para a amiga, puxando-a pelos ombros.

Mas, infelizmente, não foi rápido o suficiente para desviar a atenção dela da única pessoa ainda viva, que podia ser vista no meio da visão mortífera à frente.

Encostado em um árvore, Saul Silva respirava com dificuldade. O rosto e o corpo cobertos de sangue - que no momento, Tecna não sabia se era mesmo dele ou dos seus colegas assassinados brutalmente.

E, àquilo realmente não importava, porque o desespero que lhe preencheu naquele momento, foi o suficiente para fazer seus pensamentos nublarem com todas as piores possibilidades existentes.

- Meu Deus - sussurrou, os olhos arregalados.

Desvencilhando-se do toque de Terra, a especialista correu em direção ao homem ferido. Parando apenas quando o mesmo reagiu, esticando uma adaga, como uma forma abrupta de fazê-la parar ao longe.

- Saul - choramingou, o coração apertado. - Saul, sou eu... por favor.

- Eu sei - ele responde com dificuldade. - Sei quem é, Tec, por isso peço para que fique longe... Todas vocês.

- O Queimado feriu o senhor - Terra se aproximou, passando à frente da amiga, tentando afastá-la com cuidado. - Mas, eu vou ajudá-lo, tudo bem?

Com um movimento de mãos, a fada fez raízes emergirem da terra, o suficiente para prender as mãos do especialista no tronco da árvore, fazendo-o soltar a adaga e ficar imóvel.

Depois de se assegurar que Saul Silva não conseguiria se soltar - tornando-se um risco para elas e para si mesmo -, a fada da terra virou-se mais uma vez para encarar Tecna.

- Vamos ajudar ele, okay? - explicou, a voz serena. - Preciso que não se desespere, Tec.

Com os olhos ainda presos no homem machucado, a fada da tecnologia assentiu devagar. Seus olhos ardiam em um evidente alerta de que começaria a chorar.

- Musa - Terra chamou. - Preciso que segure a cabeça dele, para que eu possa dar o Zambak à ele - continuou. Ao notar o silêncio vindo da amiga, a de cabelos claros suspirou. - Musa.

Tecna finalmente desviou o olhar, parando agora no corpo trêmulo da fada da mente ao seu lado. Notando que, com toda certeza, ela passava por um momento de conflitos dentro de si, a especialista respirou fundo.

- E-eu ajudo - anunciou.

- Tecna...

- Vamos acabar com isso logo, por favor - pediu, nervosa. Com as mãos tremendo e o coração acelerado, a acastanhada se aproximou de Saul Silva.

Da forma mais firme que conseguiu, segurou a cabeça do mais velho. Os olhos totalmente escurecidos pelo veneno encararam a garota, que não pôde evitar que as lágrimas finalmente caíssem.

Terra depositou o líquido amarelado dentro da boca do especialista, que aos poucos sentiu-se como se pudesse ser ele mesmo novamente - com toda a dor lacinante que sentia.

Afastando-se mais uma vez do homem, Tecna limpou o rosto molhado com o braço, notando as mãos sujas pelo sangue alheio. Tentando manter o autocontrole, a fada da tecnologia se virou para Musa.

- Você está bem? - perguntou, ganhando apenas um aceno como resposta. - Já vamos sair daqui - continuou, tentando confortar a amiga.

Terra analisava a situação com cautela. Sabia que Tecna se faria de forte na frente dos outros e isso a preocupava ainda mais.

- Vamos levá-lo para dentro - disse, chamando a atenção. - Consegue me ajudar, Tec?

- Sim.

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