𝐢. 𝐄𝐋𝐄𝐓𝐑𝐈𝐂 𝐋𝐎𝐕𝐄. ! ༉ 𝗿𝗶𝘃𝗲𝗻

003.

Quando Tecna entrou para Alfea, seu nome já era conhecido por toda Solaria. A rainha Luna e a rainha Magnetia tinham suas desavenças, por não concordarem com muitas atitudes uma da outra.

Isso, obviamente, gerava um atrito entre reinos que foi muito explorado durante anos. A forma como Luna governava seu reino, ia contra as ideologias de como Magnetia governava o seu.

Enquanto Solaria estava sempre em uma disputa enorme por poderes, favorecendo a elite das maiores fadas habitantes, Zenith prezava pelo povo e seus direitos, independente da classe social em que se encontravam.

A rainha Luna tentou por anos, sem cessar, ter um contrato de união com Zenith, o que foi negado por Magnetia todas às vezes.

Mas, após a morte da rainha de Zenith na noite do atentado que tirou Tecna de seu reino natal, Electronomo teve a voz principal no trono. E, diferente de sua falecida esposa, poder era o que ele prezava.

Poder. Dinheiro. Sobrenome.

Tecna sabia. Mesmo não residindo em Zenith por anos, sabia de suas origens. Estudava sobre e sabia toda sua história. E, mesmo tendo perdendo a mãe de forma brutal e ainda muito nova, também sabia dos ideais de Magnetia.

Saul Silva sempre foi sincero sobre isso com a garota.

Ele costumava dizer que a Regnum mais nova se parecia muito com a mãe. Opinião forte, não abaixa a cabeça e defende o que acredita.

O especialista via muito da amiga na criança a qual ele criou. E, secretamente, se orgulhava e agradecia aos céus por ela não ter se tornado alguém igual ao pai.

Porém, vindo de uma briga de gerações, seguindo os passos das matriarcas, Stella e Tecna se odiavam. Talvez por uma questão de orgulho e defesa de legado, mas, eram como cão e gato.

Desde a primeira vez que se viram, sabendo exatamente quem eram, tiraram conclusões precipitadas uma da outra.

Tudo por uma briga, que não era delas.

E, Terra estava no meio. Era amiga das duas garotas e se sentia extremamente perdida sempre que, do nada, elas decidiam brigar por algo bobo e fútil.

No fundo, a fada da terra agradeceu aos céus quando viu Musa na suíte naquele dia de volta às aulas. Pensou que, finalmente, dividiria a insuportável posse de ouvir as amigas discutindo.

- Essa é a Musa! - apresentou a Harvey, sorrindo. - Ela irá dividir esse quarto conosco.

Tecna Regnum analisou a fada sentada com fones de ouvidos pendurados no pescoço, com um vaso de flor pequeno nas mãos.

- Olá - disse a acastanhada. - Seja bem-vinda, Musa - cumprimentou, esticando a mão para frente do corpo.

A outra garota fez o mesmo, apertando firme sua mão na da fada, que sorriu simpática.

- Ela é uma fada da mente! - anunciou Terra, animada. - Não é demais?

Tecna assentiu, rindo da animação da amiga.

- Pois é - respondeu Musa, por sua vez, não tão empolgada. Ela então se virou para a Regnum, curiosa. - E você? Qual seu dom?

- Ah, ela não pratica magia faz, sei lá... uns dois anos? - a fada da terra respondeu, soando espontânea. Só então notou os olhos de Tecna pousando desesperados em si, como um sinal para não falar sobre àquilo. - Me desculpa! - pediu. - Merda, sério, me perdoa! Sabe que acabo falando mais do que devo, e...

- Relaxa, Terra - a acastanhada tentou acalmá-la, rindo de nervoso. - Está tudo bem! - assegurou, se virando para a fada da mente. - Em geral, pode me considerar uma fada da tecnologia... atualmente, estou proibida de usar meus poderes, mas isso não me faz menos fada.

Musa assentiu devagar, parecendo tentar entender. Tecna então voltou a rir, sentando-se ao lado da nova amiga.

- Longa história - disse, dando de ombros. - Problemas com o papai - piscou, deixando Musa ainda mais sem saber o que dizer.

•••

Por sua vida toda, Tecna amou seus dons. Sabia controlá-los e se orgulhava do que fazia. Juntando sua inteligência, com seu prazer por fazer o que fazia, ela se viu feliz por muito tempo.

Mas, nem tudo é como queremos e ela teve que aprender isso da forma mais difícil possível. A dois anos atrás, Electronomo Regnum mandou "implantarem" um supressor de magia na filha.

Sua justificativa foi que era para a segurança da mais nova. Que, de alguma forma, as mesmas pessoas que estavam em busca de derrubar o governo de Zenith - os mesmos de anos atrás -, estariam tentando localizar a futura herdeira, usando seus poderes como um "imã".

De forma simplificada, a magia de Tecna agia como um "GPS", o que levaria os possíveis inimigos diretamente até ela.

É óbvio, a acastanhada lutou com tudo que pôde para defender seus dons. Eles eram parte dela, a magia corria em suas veias e preenchia seu coração.

Porém, isso não foi o suficiente para fazer com que desobedecessem as ordens do rei de Zenith. Farah Dowling foi a responsável por colocar o supressor em Tecna.

Depois de tudo, a fada obviamente perdeu muito de si mesma. Só que, se tinha uma coisa que Saul Silva sabia fazer, era tentar dar um jeito em não ver Tecna triste.

Como uma forma de não deixá-la em Alfea, apenas observando tudo - o que, de certa maneira, era injusto com todos da escola -, o homem decidiu que à recrutaria como uma de suas alunas.

Com a autorização de Dowling, Tecna Regnum foi indicada à se tornar uma especialista, para cobrir sua vaga e não ser a única sem uma função em Alfea.

A garota, obviamente, não querendo apenas vegetar entre todos, aceitou. Não era a mesma coisa de sentir a magia, mas já era alguma coisa, pelo menos.

E, crescendo com Silva, Sky e ao lado de Riven, a acastanhada havia aprendido sobre lutas corporais desde pequena. Não foi difícil para ela pegar o jeito e se acostumar com a nova rotina.

Claro, nunca desistindo de um dia, poder voltar a controlar mais uma vez a magia que lhe pertencia.

- Já estou indo, não enche - Tecna disse ao telefone, desligando ao ouvir Sky reclamando sobre seu atraso, do outro lado da linha.

Saindo de sua suíte, a garota prendia o cabelo em um rabo de cavalo alto, distraída. Ao usar uma das mãos para girar a maçaneta, ela parou por ver a figura ruiva à sua frente, que também queria abrir a porta do outro lado.

- Ah, oi - murmurou a desconhecida. Tecna não demorou à reconhecê-la como a novata de mais cedo, que conversara com Sky. - Desculpe, é que eu iria entrar.

- Não, tudo bem - assegurou a Regnum. - Pode passar - sorriu, dando espaço ao se colocar para o lado. - Você é nova, não é? Meu nome é Tecna, seja bem-vinda!

A ruiva sorriu, tímida.

- Sou a Bloom, muito obrigada - agradeceu, meio sem jeito.

Um silêncio constrangedor foi instaurado. As duas fadas se olharam, sem saber muito como seguir para o próximo passo de quando se conhece alguém novo.

E...

Plim.
Plim.
Plim.

Tecna ouviu mais uma vez o toque de seu celular soar. Revirando os olhos, ela tirou o aparelho novamente do bolso, vendo o nome de Riven brilhando na tela.

- Preciso ir - falou por fim. - Te vejo depois, Bloom! Fique à vontade, a casa é sua.

Colocando o celular perto dos ouvidos, ela esperou que o amigo dissesse o que queria.

- Sabe que é para hoje, né? - a voz do especialista perguntou, retórico. - Ou quer mesmo que o Silva chegue para o treino e não te veja aqui?

- Já disse que estou a caminho! - reclamou, andando apressada pelos corredores.

••••••