Capítulo II

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Os três homens estavam atônitos com a declaração da menina, Nick, mais do que os outros.
Mas a  menina não pareceu se abalar.

— Eu não tenho filhos. — disse o detetive.

Antes que a garota pudesse dizer mais alguma coisa, o celular de Nick tocou.

— Eu… — o detetive olhou para os companheiros em busca de auxílio, e Hank fez um sinal para que atendesse. — Eu tenho que atender. Com licença.

A menina relutou em deixá-lo ir, mas o homem partiu mesmo assim.

— Burkhardt.

— Nick, que bom que atendeu. — a voz de Monroe soou preocupada do outro lado. — tem uma criança aqui, cara.

— Kelly. — Pensou o detetive em voz alta. — Estamos procurando por ele.

— Ótimo, nós o achamos. — respondeu o blutbad. — Mas como vamos fazer?

— Escute, Monroe. — sussurrou Nick. - Fale para ele ficar aí e vão para o meu carro. Não façam barulho algum, Hank e Wu podem ouvir.

— Certo, e o menino?

— Me informe a sua localização, eu vou buscá-lo.

— Nick. — chamou a voz infantil. — Nick, você sabe onde ele está?

Minutos se passaram e o detetive voltou para perto dos colegas de trabalho, que observavam a menina a uma distância considerável.

— Qual seu nome, querida?

A menina de cabelos loiros olhou para ele com os olhos marejados.

— Diana. — respondeu ela. — Diana Shade-Renard.

— Está bem. — o detetive conteve a vontade de desmaiar ali mesmo. — Diana, vamos procurar o seu irmão, okay?

— Okay. — a menina abraçou Nick outra vez, segurando-o mais forte.
O detetive ergueu a menina e saiu da sala acompanhado dos outros dois policiais, que demoraram para despertar do choque.

Nick foi na frente, com a menina no colo, Hank e Wu seguiram atrás com as armas nas mãos.

Um cochicho baixinho se formava atrás de Nick, e ele pode ouvir algumas das palavras entrecortadas que Hank e Wu diziam.

— Shade-Renard? Que palhaçada é essa? — perguntou Hank.

— E eu é que sei? Vai ver é uma emboscada e esse tal de Kelly tem dois metros e meio e uma foice esperando para cortar nossas cabeças.

Nick desligou-se depois disso, não queria ouvir mais nada.
Algo lhe dizia que esse tal de Kelly, até mesmo antes do que o Monroe falou, não era um sujeito de rosto desfigurado e cheio de cicatrizes.
Algo no fundo de seu subconsciente dizia repetidas e lentas vezes: proteja-o.

Nick ouviu uma respiração leve e parou bruscamente.

— É aqui. — avisou. — Kelly está por aqui.

Diana levantou a cabeça e olhou em volta, exasperada.

— Kelly? — chamou, os olhos começaram a marejar. — Kelly, você está aqui?

Ninguém respondeu. Mas a respiração continuou.
Nick colocou a menina no chão cuidadosamente e ajoelhou-se para ficar na altura dela.

— Eu preciso que espere aqui, tudo bem? — pediu. — Fique com Wu.
Nick pôde sentir o olhar do sargento sobre ele, mas nenhum dos dois falou nada.

A menina balançou a cabeça positivamente.

A garota afastou-se relutantemente e o detetive seguiu em frente, acompanhado de Hank.

— Acha que é uma piada, ou algo assim?— perguntou Hank, olhando-o de esguelha.

— Eu não sei de mais nada ultimamente, para ser bem sincero.

— Mas ela está brincando, não é? — disse o mais velho. — Certamente saberíamos se Sean Renard tivesse uma filha.
Nick não teve tempo de responder, sequer de pensar.

—...Ainda mais uma filha com Adalind Shade. Estou gostando dela e creio que ela também gosta de mim. — Acrescentou Hank. — Ela teria me dito se tivesse tido uma filha com meu chefe, não?

Nick riu. Não foi para atormentar seu parceiro nem nada. Ele apenas riu.

— Do que está rindo?
— Ultimamente o mundo anda de cabeça pra baixo, meu amigo. Está ficando cada vez mais difícil distinguir as coisas.

Então ele ouviu outra vez. Seguindo a respiração, Nick encontrou um menino de talvez três ou quase quatro anos, deitado no chão.

— Hank.

O parceiro aproximou-se do menino com rapidez.

— Está frio. — comentou. — Ainda vivo, mas frio.

Nick sentiu o coração parar por instantes.
O que foi que aconteceu ali, o que foi que mexeu tanto com ele, ao ponto em que está atualmente?

Burkhardt pegou o menino no colo com sutileza e ele e Hank levaram-no até onde Diana aguardava pacientemente com Wu.

— Precisamos levá-lo a um hospital.
— Não! — exclamou a garota. — Não podemos. Eles não vão poder ajudar.
— Diana, seu irmão precisa de um médico. — explicou Hank.
A garota olhou para Nick.
— Você sabe onde levá-lo, Nick. Por favor.
De fato, se aquela criança fosse um Wesen como ele suspeitava, talvez, tratamento médico não fosse de muita eficácia.

— Eu conheço uma curandeira. — disse o detetive. — Vou levá-lo para lá. Não podemos correr o risco dele ser alérgico a alguma medicação.

Hank semicerrou os olhos, olhou para Wu e então para Nick outra vez.

— Certo. Quando isso acabar, leve-os para delegacia ou nos ligue e mande a localização.

Depois disso, Nick seguiu para o carro acompanhado de Diana, que mantinha-se perto dele. Logo atrás ouviu Wu murmurando de como ele ia colocar aquilo em um relatório.

Céus, porque sua vida ficou tão complicada? Gostaria que a tia Marie ainda estivesse por ali para explicar as coisas, no entanto, agora tinha Rosalie e Monroe para fazê-lo entender o mínimo.

Agora, sua única preocupação era levar o menino a loja de Rosalie e rezar para que ela o salva-se.


Nota da autora

Desculpem a demora em atualizar, ando um pouco sobrecarregada e minha energia anda lá embaixo, mas trago mais capítulos já já. Muito obrigada a todos que estão acompanhando a história e tendo paciência comigo, adoro vocês. ❤️

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