Capítulo IV

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O caminho até a casa de Adalind foi tranquilo. Horrível foi o que aconteceu depois.
Agora, sentado em uma cadeira do outro lado da mesa, encarando Adalind, Nick queria esgana-la.

— Você por acaso surtou, detetive Burkhardt? — questionou. — Acredito que Juliete não iria gostar de saber de sua visita.

Adalind deu-lhe um mínimo sorriso.

— E nem Hank.

— Ria o quanto quiser, Adalind. — disse o detetive. — Mas eu estou falando sério.

— Não. — disse a Hexenbist. — Não está. Acho que enlouqueceu de vez.

Nick tirou um pen drive do bolso e mostrou-o a Adalind.

— Rosalie disse que estava preso no agasalho do menino.

— E o que eu tenho haver com isto?

— Você tem um computador?

Adalind revirou os olhos e saiu murmurando alguma praga a Nick, voltando com um laptop em mãos.

— Só não apague meus casos ou eu juro que mato você.

Ignorando os protestos de Shade, Nick conectou o pen drive e um vídeo de baixa qualidade rodou na tela.

Os olhos de Adalind fixaram o computador com descrença.

— Oi, você que está assistindo. — cumprimentou uma mulher loira. — Achou meus meninos, isto é bom. Espero sinceramente que seja eu mesma, ou Nick.

— Isso...

— Shiu. — silenciou Adalind.

— Eu queria manda-los para um tempo em que nós nos estendemos, mas o feitiço se estende automaticamente. Não consigo altera-lo. — completou a mulher. — Cuidem deles.

O vídeo parou bruscamente, como se algo tivesse interceptado.

Adalind se afastou e passou a mão no cabelo, respirando rapidamente.
A mulher do vídeo certamente era ela, alguns anos mais velha, mas ainda era a inconfundível Adalind Shade.

— O que vai fazer agora que assistiu o vídeo?— perguntou Nick.
—Shiu. — interrompeu. — Estou pensando.
— Adalind, eu não acho que tenha muito o que pensar... Então...— batidas fortes ecoaram na cozinha.
Por um breve momento nenhum deles falou nada, ambos atentos a alguma movimentação.
As batidas ecoaram outra vez.
— Droga. — murmurou a loira.
— Quem está na porta?
Nenhuma resposta.
— Para onde você pretende ir?
— O quê?
— Para onde você pretende levar as crianças?
— Eu não...
— Certo. — Adalind revirou os olhos. — Você não pensou. Decidimos a caminho da casa de... Onde você disse que eles estavam?
— Na casa de Monroe.
— Isso, decidimos a caminho de lá.
Nick hesitou por um instante, antes das batidas soaram outra vez, mais agressivas.
— Vamos logo, saímos pelos fundos.
Eles saíram silenciosamente, caminharam com certa distância um do outro e evitaram se olhar.
— É mais seguro darmos a volta no quarteirão antes. — disse Nick. — Até voltarmos quem quer que fosse já terá ido embora.
Adalind encarou-o por um tempo, antes de finalmente parar.
— Eu por acaso tenho cara de quem fica caminhando por aí?
— Se você quiser voltar e encarar quem quer que estiver batendo na sua porta, o que não parecia muito disposto a fazer, fique a vontade.

Relutantemente, Adalind seguiu Nick, que já estava a uma boa distância dela.

— Então, para onde você pensou em levá-las?
Nick suspirou.
— Com o tempo que me deu para pensar, srta. Shade, talvez em uma lanchonete. — disse-lhe seco.
Nick pôde sentir Adalind fuzilando-o com os olhos, mas não se deu ao trabalho de olhar.
— Você acredita nelas? — perguntou Adalind depois de um longo momento em silêncio. — Acredita nas crianças? Na mulher do vídeo?
A mulher do vídeo é você. — respondeu Nick. — Ao menos se parece.
— Não é não.
— Se viagem no tempo é real, então...
— Ela não sou eu, Burkhardt.
— E o que te faz pensar isso? — questionou Nick.
Adalind não respondeu.
— Quanto as crianças, eu não sei o que dizer.
Ambos estavam prestes a atravessar a rua para casa de Adalind quando viram um carro saindo de lá. "Provavelmente de lá" pensou Nick.
— Merda. — murmurou Adalind.
— De quem é o carro? Me parece o carro do... — Nick observou a expressão fantasmagórica no rosto de Adalind. — É o carro do capitão Renard, não é?
Adalind andou mais depressa para casa, com Nick em seu encalço.
— O que você fez?
— Essa é a questão, Nick Burkhardt. — Adalind parou em frente ao carro do detetive. — Eu não fiz nada ao Sean, foi ele quem veio atrás de mim.
— Adalind... — Nick respirou fundo. — ... O que você fez?
Adalind virou a cara e observou os arredores.
Entra no carro, agora.
Ela não protestou, apenas entrou e Nick contou até dez antes de entrar também. Agora, restava Rosalie descobrir o que fazer, porque ele estava perdido. Completamente no escuro com Adalind Shade.

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