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A brisa tênue e aprazível balançava as verdes copas dos carvalhos, o cheiro das flores selvagens dominava o local e eu repousava sobre a rasteira grama macia sob a luz do sol ouvindo canto de rouxinóis enquanto o calor inundava meu corpo.

A paz que é estar na floresta é algo inexplicável, desde criança sempre fora meu lugar preferido, sinto que qualquer preocupação é deixada para trás quando adentro e caminho descalço entre estes velhos carvalhos.
Deitada imóvel ouvindo e sentindo o mundo ao meu redor a lembrança daquele dia invade minha mente.

Eu tinha dez anos quando explorava pela primeira vez este local, andei sem rumo por horas encantada com cada canto que passava, não que houvesse algo grandioso para se admirar, mas sim pelo simples fato de haver vida aqui, mas do que onde vivo, naquela pacata vila cinzenta de caminhos de terra e rostos infelizes.

Subi em uma árvore alta e ali repousei sem me preocupar com o tempo. Eu sentia que poderia viver ali para todo sempre enquanto a doce brisa soprava em meu rosto como um beijo suave que minha mãe me dava antes de dormir.

Mais tarde continuei minha pequena aventura explorando sem medo e sem me preocupar com qualquer tipo de predador com ao qual poderia me deparar.

Meu passeio me levou até um belo riacho de águas cristalinas onde me deparei com peixes nadando contra a correnteza indo rio a cima- mais tarde descobri que eram carpas- era a primeira vez que via tal cena e isso me fascinou, a teimosia a força de vontade daqueles pequenos animais  era admirável.

Enquanto observava os peixes ouço vozes ecoarem vindo em minha direção, me escondo por instinto e espero para ver quem além de mim teria ousadia  para ir tão fundo na floresta.  Foi quando os vi ,aqueles seres. Inicialmente pareciam humanos porém, suas vestes eram diferentes em tons de verdes, marrons ou alaranjados, aparentemente simples contudo, ao prestar mais atenção o tecido era nobre , eu sabia disso pois minha mãe era uma habilidosa costureira e me ensinará tudo, suas posturas eram mais rígidas, carregavam arcos, flechas e adagas na cintura e por fim o que mais me marcou foram suas orelhas pontudas, os longos cabelos e um certo brilho em suas peles perfeitas. Elfos, sussurrei a mim mesma.

Eles riam e conversavam sobre algo, param para beber água no rio e então somem entre as sombras das árvores com destreza.

Eu não sabia ao certo o que acabará de ver era real mas queria saber mais sobre aqueles seres, cruzei o rio que não era tão fundo e tentei segui-los  porém eram mais rápidos do que eu e acabei por me perder numa parte escura da floresta, vaguei sozinha por um longo tempo e não ouvia mais suas vozes, foi quando cheia de frustração, decidi voltar e me perdi.

Não conseguia me localizar e nem achar meu caminho de volta, percebi num determinado momento que andava em círculos e me apavorei. Corri sem rumo até me deparar com um grande lobo cinzento.

Eu sabia que não poderia fugir então o encarei, quando ele pensa em avançar  uma alta silhueta se põe entre nós. Ele não faz nada e o lobo se afugenta, o ser se vira e me olha, por breves segundos, foco meu olhar em suas orelhas pontudas, cabelos brancos lisos na altura de sua cintura, olhos verdes como um folha de um broto e sua pele branca, branca como se fosse feito da mais pura porcelana e com um sutil brilho. Antes que pudesse dizer algo ele lança um pó em meu rosto e tudo fica escuro. Acordo nos limites da floresta perto do vilarejo onde moro.

Desde aquele dia fiquei obcecada por  Elfos, eles eram para ser apenas uma lenda e ninguém acreditava que podiam ser reais. Quando contei na vila para uns amigos o que virá disseram que eu era muito fantasiosa, então nunca mais toquei no assunto porém, eles não se esqueceram do ocorrido e  quando podem zombam de mim.
Não foi fruto da minha mente, ele era real, estava lá, o homem mais lindo que já virá em toda minha vida.

𝔓𝔯í𝔫𝔠𝔦𝔭𝔢 𝔈𝔩𝔣𝔬: ℜ𝔢𝔦𝔫𝔬 𝔈𝔰𝔠𝔬𝔫𝔡𝔦𝔡𝔬Onde histórias criam vida. Descubra agora