𝔓𝔯í𝔫𝔠𝔦𝔭𝔢 𝔈𝔩𝔣𝔬: ℜ𝔢𝔦𝔫𝔬 𝔈𝔰𝔠𝔬𝔫𝔡𝔦𝔡𝔬

04

Eu não podia me mexer e Ivy também estava imóvel,  bem, não  por muito tempo.

Ela avança ferozmente mente no elfo grunhido irritada e apontando o dedo em sua face até que ele  tira a flecha do arco apenas num breve momento para espantar a pixie como fazemos com as moscas. Com um tapa de costas de mãos ela é arremessada.

Ela gira no ar por um tempo até conseguir equilíbrio novamente e fica ainda mais furiosa.

— Ei! Quanta grosseria!— fico indignada.

Ele se aproxima um pouco mais com a flecha pronta para ser lançada na minha testa.

— Você se lembra de mim, não lembra?!— seus olhos verdes carregavam muita fúria e ele não me responde, contudo eu sabia que  se lembrava.— Eu sou Maeli, você me salvou uma vez....

— Eu não a salvei! — sua voz  não  era tão grave, parecia ser de um jovem de minha idade, porém imponente.— Jamais salvaria um ser desprezível como você.

E foi assim que meu coração se partiu em milhares de pedaços.

Por anos pensei nele, por anos o procurei,  e quando finalmente enfrento meu medo para vê-lo é isso o que ouço.

Sinto algumas gotas de lágrimas escorrendo pelo meu rosto e sua expressão fica confusa.

— Grosso, insensível! — tento enxugar as lágrimas— Eu o procurei por anos apenas para te agradecer, e quando o encontro é assim que me trata? Como pode ser tão tosco?

— Como chegou aqui? Que tipo de magia usou? Quantos mais entraram?— pergunta em tom de ameaça.

— Ninguém mais sabe!

— Mentira!— acusa— todos vocês humanos sujos mentem,  destroem nossa floresta e matam nossos animais por diversão. Destroem a magia. Vocês não se importam com a natureza.  Estão destruindo seu mundo, contudo não irão fazer isso com o meu!

Ele me coloca como a vilã.

— Eu nunca faria isso....eu não sou assim.

Seu olhar de raiva não se abala. 

— Não tente me enganar!— arranca minhas orelhas de elfo com a ponta da flecha. Aquilo dói

Recuo com sua brutalidade.

— Poderia ter me machucado!

— Isso não vai ser problema quando estiver morta.

— Atira então!— desafio.— Está esperando o quê?

Seus olhos se estreitam com meu tom arrogante.

Fixo meu olhar no seu com decepção e raiva misturados.

Ele puxa mais a flecha contudo, seus olhos raivoso logo são tomados por surpresa. Sua visão se foca para algo atrás de mim.

Ouço um som que conhecia bem. Era o barulho de um cervo.

Não podia me virar com a flecha mirada em minha testa, nesse momento a Ivy se agarra na flecha a arrancando do elfo e aponta para ele com fúria porém,  ele não parecia mais interessado em nós.

O cervo se aproxima em passo largos e calmos o elfo recua para trás e eu para o lado.

O grande e majestoso animal segue até mim. Ele para em minha frente e estica seu focinho cheirando meu rosto e em seguida faz algo surpreendente. Ele se ajoelha numa pata e a outra estica a sua  frente, como se fizesse uma referência para mim.

Assim que se levanta permite que eu toque fazendo carinho porém,  ao observar o elfo tentando se aproximar ele foge para dentro da floresta.

O elfo demora um certo tempo para recobrar seu juízo  puxar outra flecha para mim.