02

50 5 30
                                    

Podia agir como se não estivesse infeliz?—  Elora estava arrumando um vestido de uma cliente e eu outro.

—  Não gosto de ficar trancada, queria estar na floresta—  reclamo.

—  Não seja dramática Maeli.

—  Quem morreu Maeli?—  mamãe vem dos fundos com uns tecidos.

— Minha alegria. Tenho mesmo que ficar o dia todo aqui?

— Sim!—  coloca os tecidos sobre a mesa que havia na sala—  um dia de trabalho não irá fazer mal algum.

—  Eu sei, apenas faria a tarefa com mais entusiasmo se estivesse num lugar mais aberto  e com verde a minha volta.

 Minha mãe e Elora trocam olhares de divertimento.

—  Bom dia!—  Liam entra no nosso estabelecimento.

Liam era um dos meus antigos amigos, porém, com tempo nos afastamos assim como foi com os outros. Ele era um pouco mais alto que eu, musculoso devido o trabalho no campo, pele queimada do sol, olhos castanhos claros e cabelos loiros escuros ondulados médios.

—  Bom dia Liam—  diz minha mãe—  vou buscar sua encomenda—  volta para os fundos.

—  Oi Maeli—  seu tom era doce.

—  Oi—  digo costurando o vestido.

—  Faz um bom tempo que não a vejo aqui.

— É... — Não o olho.

—  Perdoe a Maeli Liam, ela fica muito concentrada quando está costurando—  ouço um riso de má vontade e minha amiga vindo em minha direção—  deixa que eu termino  ele—  entra na minha frente pegando o vestido.

—  Não precisa eu estou quase terminando.—  o puxo.

—  Eu faço questão!—  puxa e pisa em meu pé ao mesmo tempo.

—  Ai!—  protesto e solto o vestido.

Olho para Liam que observava curioso a situação, sorrio para ele.

—  Trabalhando muito?— pergunto a ele.

—  Ah sim—  sorri e se aproxima—  fiz uma grande plantação de repolhos a poucos dias e logo tenho de arar outra parte da terra para os tomate.

—  Deve estar lucrando.

—  Gostaria, contudo as plantações andam sendo saqueadas.

—  Animais?

—  Não. Eles não fazem estragos, e há três dias vi pegadas humanas.

Não, não eram humanos, eram eles...era ele.

Me levanto num pulo.

—  Me conte tudo que sabe! Os viu? Quando eles vem?

Elora me olha com desconfiança.

— Bem... geralmente é quando saio para vir a vila vender os colhidos.— diz com receio e assustado pelo meu entusiasmo.

 —  Aqui esta Liam—  traz umas poupas consigo—  duas camisas e calças.

—  Obrigado!—  pega sua encomenda e leva para fora. Ele volta pouco demais com uma caixa de madeira com milho, repolho e  batatas e entrega mais algumas moedas a minha mãe.

Trabalhos mais com a troca do que com dinheiro por aqui pois, os impostos são altos demais.

—  Devo ir, até logo—  ele olha para mim—  até logo Maeli.

𝔓𝔯í𝔫𝔠𝔦𝔭𝔢 𝔈𝔩𝔣𝔬: ℜ𝔢𝔦𝔫𝔬 𝔈𝔰𝔠𝔬𝔫𝔡𝔦𝔡𝔬Onde histórias criam vida. Descubra agora