cap 4 - this dream isn't feeling sweet

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2007



Hello, hello, hello, how low... – Joe cantarolava baixinho, caminhando e batucando com os dedos.

Sim, estava crescendo, mas continuava sendo apenas uma criança, mesmo com treze anos. Agora descobria que amava Nirvana e, meu Deus, como não havia ouvido antes? Então era só sobre o que pensava. Estava com seus cabelos claros caindo sob a testa, chacoalhando a cabeça às vezes, para tirá-los da frente dos olhos, andando em passos rápidos para a casa das Jones. Havia acabado de chegar da escola e tinha ganhado o CD original da banda que cantarolava; e precisava contar a Mera, mostrá-la.

Quando bate à porta – segue-se com sete ritmadas batidas, portanto – a Sra. Jones já sabe que é ele.

– Oi, querido! – Abre seu sorriso enorme e enrugado, um sorriso que se assemelha ao de Mera. Ele pisca os olhos, tão bonzinho, sorrindo junto.

– Oi, Sra. Jones. – Saúda. – Mera está?

Ela assente, abrindo espaço para que ele entre. – Sim. Ela está no quarto, pode ir. – Joe entra e vai caminhando, quando ouve: – Apenas bata na porta primeiro.

Ele franze a testa e concorda com a cabeça, a caminho do cômodo de Mera. Continua cantando, passando as mãos pelo papel de parede, observando distraidamente as fotos penduradas ali – da filha, da mãe, do falecido pai, da mãe de Joe, do próprio garoto. Quando chega à porta, que está trancada, bate as mesmas sete vezes.

– Estou indo! – Ele ouve a menina gritar de dentro do quarto.

Espera. Espera. Espera.

Não entende e começa a ficar impaciente com a demora, batendo novamente.

– Está precisando de ajuda aí dentro? Está morrendo? Abre essa porta. – Bufa, coçando a cabeça.

– Espere! – Ela grita novamente.

Joe revira os olhos e encosta-se na parede, olhando ao redor e batendo o pé de forma irritante. Olha para o CD em sua mão, embalado em preto, e sorri de lado. No verso há a letra de "Smells Like Teen Spirit", a favorita dele.

Enquanto está distraído, Mera abre a porta, acanhada, de lado, apenas uma parte do rosto aparecendo de canto.

– Finalmente! – Ele sorri e vai entrando quarto à dentro.

Quando ele se vira, enxerga a amiga, pela primeira de acordo com o resto de sua vida inteira, de forma diferente. Seu corpo gela e ele podia jurar que estava morto. Mortinho, mortificado.

Lá estava Mera...

Os cabelos começando a ficar mais escuros, caindo em seus ombros em tranças feito Maria Chiquinha. Ainda não eram castanhos, mas estavam em um loiro mais escuro que os de Joe. Estava usando um vestidinho azul claro, de alças finas, num tom meio jeans, e meias de algodão rosas. Ela havia pintado os lábios com algum gloss grudento e brilhante, a boca estava mais avermelhada que o normal. Seus olhos grandes piscavam para Joe, interrogativos, delicados, distintos... fascinantes. Características que ele mesmo impunha.

Nesse instante, Joe pensou em Mera, pela primeira vez, como uma garota – não era como Arthur, irmão cujo qual compartilhava besteiras de meninos.

Era Mera.

Sem jeito e sem lembrar direito o que havia ido fazer ali, ele limpa a garganta e joga a cabeça para o lado, ajeitando o cabelo.

– O que foi? – A menina questiona. Ou deve ser chamada de moça?

only friend i need || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora