cap 27 - sharing beds like little kids

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Joseph e Mera passaram as próximas horas carregando o colchão até o quintal e secando o chão das poças de água acumuladas e espalhadas por todos os cômodos.

Foi difícil secar o chão do quarto, mas conseguiram, e aos poucos a chuva foi diminuindo – mas não parou. Eles colocaram baldes e tapetes espalhados pela casa e Joseph já havia ligado para o proprietário locador a fim de resolver aquele problema o quanto antes. Estava estressado, então Mera se lembrou do seu aviso sobre suas refeições sem carboidratos estarem alterando o seu humor que era, quase sempre, pacífico. Ele não parava de caminhar pela casa, passando as mãos pelos cabelos e suspirando, tentando manter a calma.

O importante era que não havia destruído nenhum móvel nem mobília fixa. A cama, o sofá, a estante, o armário, os bens materiais, estavam todos intactos.

Enquanto Joe procurava se acalmar e suava ao acabar de secar os cômodos, Mera ficou, por cerca de uma hora, com o secador de cabelo ligado em direção ao colchão, na esperança de secá-lo. É claro que não funcionou. Estava completamente encharcado. Só secaria após muitos dias exposto ao sol.

Sol esse que não tinha previsão de voltar tão cedo.

Já praguejou baixinho milhões de palavrões em línguas diferentes. Maldição, teria mesmo que dormir com Joseph, sabe-se lá por quantos dias. O acordo foi por água abaixo – literalmente.

Não é que isso fosse completamente ruim. Pelo contrário, era maravilhoso. E esse é que era o problema. Maravilhoso demais. Perigoso demais.

Não era mais do mesmo jeito de quando eles eram crianças e um usava o outro para se aconchegar em meio aos cobertores, para realmente dormir. Sequer prestavam atenção ao que estavam fazendo, eram puros. Hoje em dia é completamente distinto, e agora Mera não sabe como será a noite. Talvez ela devesse usar alguma desculpa para dormir no sofá.

Na primeira noite, Joe dormiu no colchão e Mera na cama. Eles tiveram um árduo debate sobre quem merecia dormir na cama. Joe argumentava que ela merecia, pois havia passado por turbulências emocionais e encarado uma viagem surpresa. Mera argumentava que ele merecia, pois dormiu mal nas últimas noites, viajou e voltou, e, afinal, a casa era dele.

Em suma, resolveram no Jokenpô (ou Pedra, Papel e Tesoura). Mera venceu.

Foi estranho dormir ali em cima enquanto ele estava lá embaixo. Ela se virou do lado contrário a onde ele estava para não se flagrar observando-o dormir. Sabia que ele estava bem ali, tão perto, mas ela não podia fazer absolutamente nada a respeito. Por vezes, Joseph sentiu vontade de ignorar o conselho de Lizzy sobre deixar Mera em paz, subir naquela cama e agarrar sua cintura, dormindo em seu pescoço. Mas ele se deteve todas as vezes em que o pensamento o consumiu, e desviou, pensando sobre todas as coisas que veio fazer em Atlanta, que eram o seu foco, e não um relacionamento.

A segunda noite foi mais fácil, e eles criam que a terceira seria ainda mais.

Mas então o destino resolveu rir das suas caras e mandar uma tempestade. E de brinde algumas goteiras.

É óbvio que Joe não aceitaria que ela dormisse no sofá, essa possibilidade sequer existia. Assim como ela também não aceitaria que ele dormisse no sofá; a casa é dele, eu que estou aqui apenas como uma intrusa, pensava.

Já estava com dor de cabeça pelo barulho do secador quando Joe apareceu no quintal.

Sem camisa. Vestindo apenas aquela calça cáqui de mais cedo. Mera engole em seco, perplexa.

Ele movimenta a boca falando algo, mas ela não escuta, por conta do secador ligado – e pela visão dos céus bem em sua frente, impedindo a sua audição. Portanto, ela desliga o secador.

only friend i need || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora