cap 7 - i won't mind, even though i know you'll never be mine

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Desde então... desde aquele sol imenso e incomum esquentando seus neurônios, desde aquele beijo, eles ainda não haviam se falado. No caso, havia passado apenas um dia, mas nenhum contato.

Joe não parava de pensar. Estava confuso e bagunçado dos pés à cabeça.

Àquele ponto, ele já tinha pensado em Mera algumas vezes como uma mulher, não somente como uma amiga. Houve certos dias ao longo de sua adolescência em que Mera parecia muito mais bela do que o normal, principalmente quando o calor do sol caía em seus cabelos, que ficavam cada vez mais escuros, naturalmente. Em alguns momentos, ele achava mesmo estranho o desejo incontrolável e incompreensível de olhar para seus lábios; e para piorar, a moça tinha o costume de pausa entre uma frase e outra com os lábios entreabertos, mostrando apenas aqueles dois dentes da frente. Ela já tinha dezessete anos, mas continuava com aquele mesmo cheiro de chiclete de melancia – desta vez, misturado à colônia que usava no dia a dia.

Joe acaba de descobrir que seus lábios também tinham sabor de chiclete de melancia.

Ele estava inquieto, pois não entendia o porquê de aquilo ter acontecido. Ela não pensou nas consequências? Como ficaria sua amizade agora? Ela o queria mais que como um amigo?

Naquelas duas noites, Joe foi dormir tarde e sentindo dores muito fortes na cabeça, causadas por ela.

No outro dia, ele não conseguia mais esperar, e foi em direção à casa das Jones. Quando chegou ao portão, avistou Mera no jardim, regando as flores; e ficou parado por alguns minutos, observando. Estava tão pacífica, realmente como se nada jamais tivesse acontecido, o corpo brilhando contra a fraca luz solar que a deixava mais bonita, usando um de seus milhares de vestidos – desta vez, um na cor roxa. Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo alto, expondo seu pescoço e também todos os pensamentos mais estranhos que Joe já havia tido desde o princípio da puberdade.

O rapaz engole em seco antes de aparecer em frente ao portão. Quando os ferros da porta de entrada movem-se, Mera escuta e vira o rosto no mesmo instante. Sua expressão, antes calma, transforma-se em uma surpresa e assustada. Joe franze o cenho, sem entender quando a assiste correr em sua direção com o regador na mão.

– O que faz aqui? – Mera questiona, totalmente inoportuna. Joe já quer ir embora.

Mas vence o medo, respira fundo e diz: – Queria conversar. – Sente que a frase ficou inacabada, e desvia o olhar ao completar. – Sobre o que aconteceu sábado.

Ele levanta o olhar só para ver sua expressão quando conclui a frase. Joe se sente um pouco decepcionado, não pode negar, pois não há expressão alguma ali. Rapidamente também se sente idiota, afinal, o que ele queria? Mera caindo de amores por ele, após um simples e rápido beijo? São tão somente amigos, como também praticamente irmãos.

– Tudo bem. – Ela concorda, olhando para os lados. – Mas mamãe não pode te ver aqui.

Ele se surpreende, confuso. – Por quê?

Mera volta a olhar para o amigo, observando seu rosto por um tempo. Ela faz um bico esticado para o canto dos lábios e rola seus grandes olhos pelo jardim.

– Venha, explicarei tudo. Mas se esconda, como fazia quando vinha pela madrugada, antigamente.

Joe sorri, apagando os pensamentos receosos, animado com a possibilidade de voltar às criancices. Mera vai na frente, deixando o regador em seu lugar pendurado na parede do jardim, e entrando pela porta da frente. Enquanto isso, Joe, um pouco reclinado, com uma má postura notável, observa cada canto ao seu redor e mete-se em meio aos arbustos para poder fazer a curva que dá na lateral da casa e pular a janela, que Mera já deixou aberta para facilitar sua vida.

only friend i need || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora