cap 41 - flame, you came to me

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Capítulo com referências claras a um trecho de Novembro, 9, da autora Colleen Hoover.



A vida de todos estava sendo dividida entre antes e depois da pandemia. Ambientes fechados, rotinas modificadas, pessoas distantes, viagens canceladas, sonhos renovados.

No ano de 2021, Mera estabeleceu uma grande frequência nas lives e, desta vez, em uma plataforma fixa, com a qual havia fechado um contrato. Ela gravava todo o processo até o cover ficar completo, os trechos na guitarra, no violão, na bateria, em seu novo piano, as vozes principais e as de fundo. Sua carreira estava estável, sua vida financeira estava ótima; ela estava bem em diversos âmbitos. Menos um.

A vida amorosa.

Quer dizer, sua vida amorosa não era a pior de todas. Havia uma pessoa, o Daniel Williams; ele era um dos únicos caras que estiveram por perto de Mera e conseguiram desviar sua mente de Joseph por mais de uma hora. Era sensível, adorava genuinamente ouvi-la tocar e não tinha qualquer interesse em seus seguidores e dinheiro. Ele trabalhava em uma locadora de filmes – uma das poucas que ainda existem – e se contentava com a vida tranquila que levava. Mas não é fácil deixar de pensar em alguém que fez parte de toda a sua vida.

As coisas já voltavam a funcionar, aos poucos. Shows vinham sendo marcados com uma quantidade máxima de pessoas possíveis para participar da plateia; o uso de máscaras nos pontos de vendas essenciais e não essenciais ainda eram obrigatórios, mas nas festas, após mostrar o comprovante de vacina, era dispensável.

Mesmo assim, Mera continuava ficando muito em casa. Ela já fazia isso, antes mesmo do mundo entrar em colapso e surgir uma pandemia; depois, então, piorou.

Sua vida estava tranquila quando, em agosto, descobriu que Joseph estava em Londres novamente. Desta vez, para ficar. Lizzy contou que as gravações haviam, finalmente, acabado; e Mera pediu que, se ele estivesse procurando por ela, como avisou que faria naquela carta, portanto, não a avisasse. Mera não queria saber, e dava graças a Deus ao fato de ele não ter decorado o caminho para sua casa.

Ela não deseja mal a ele. Nunca desejou. Ainda mais depois de ler aquelas palavras que ele depositou, na carta, com certa fé, em suas mãos. Mera sabia que, em algum lugar dentro dele, havia aquela mesma pureza do seu pequeno Joseph; ela só não entendia o motivo de Joe simplesmente não conseguir ficar sem se relacionar com ninguém.

Mera poderia ficar por mais dois anos sem beijar alguém, sem ser tocada por qualquer pessoa, se isso significasse que ela teria Joseph depois. Já ele, aparentemente, não conseguia fazer o mesmo. Mera não desejava ficar com alguém, por mais que fosse o amor de sua vida, se houvesse a mais remota possibilidade de uma terceira pessoa em jogo. Depois que ficou sabendo daquela modelo em Atlanta, ela deve admitir que perdeu a esperança neles dois.

Ou achou que havia perdido.

Passou o segundo Natal de sua vida completamente sozinha. Isso é culpa sua, Joseph Quinn, pensava. Mas a culpa era tão somente dela por não querer encontrá-lo novamente, indo à casa de seus pais; porque ela sabia que se o visse, ela cairia. Mera tinha conhecimento sobre o abismo nos olhos de Joseph, e conhecia aquela imensidão o suficiente para ter certeza de que se olhasse mais uma vez, se perderia para sempre.

Era só ele abrir os braços, e ela estaria completamente entregue. E agora, pensando com lucidez, na ausência dele, ela sabia que não era o que ela devia fazer. Era o que ela queria, mas não o que seus princípios concordavam. Ele tinha a opção de provar que me esperaria, e simplesmente saiu com outra mulher. No singular, até onde eu sei. Depois que o bloqueei, quem sabe não ficou com mais outras?

only friend i need || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora