cap 12 - ain't no crying in the club / parte 1

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Dia 2 de março de 2013


Naquela noite nada saiu como o esperado. Terminantemente nada.

O dia como um conjunto estava sendo estressante. As Jones receberam visitas: a prima mais nova de Mera, Amelie, que era filha da irmã de seu falecido pai e também veio. Elas nunca as visitavam, e logo hoje houveram de vir de surpresa; só para Mera ter que lidar com os gritos e correrias da pequena num dia que seria importante. Na verdade, seu aniversário foi há quatro dias, mas como caiu em um dia de semana, precisou esperar até o sábado para comemorar. Amelie não saía de seu quarto, mexendo na guitarra, no violão, ligando e desligando o computador, perguntando o motivo de todas as coisas que via. Hoje se zangava, sem saber que a pirralha era a sua cópia idêntica.

Às 19h, quando estava prestes a sair, vestiu a roupa que havia separado especialmente para hoje. Estava tudo em ordem, gostava do que via no espelho, até sentia-se mais relaxada; até que tudo foi arruinado quando Amelie, com a velocidade que apenas uma criança de cinco anos é capaz de alcançar, esbarrou na moça e sujou seu vestido claro com os dedos melados de chocolate. Qual era a do destino em cismar com seus vestidos?

Mera se segurou com todas as forças para não surtar em gritos e palavras feias; a Sra. Jones correu e adiantou-se em pegar a menininha pelos braços e retirá-la do quarto às pressas – não sem antes checar a expressão facial de Mera. Era o próprio pai, em pessoa! As sobrancelhas arqueadas; os olhos, costumeiramente cheios de vida, agora cheios de cólera e de água; o rosto ficando vermelho aos poucos. Mera trancou a porta e engoliu o choro, levantando a cabeça e procurando alguma outra roupa que a fizesse sentir tão bem e preparada para aquela experiência quanto a que vestia e que fora, eventualmente, destruída.

Através da janela, viu os irmãos Quinn chegarem e estacionarem o carro do Sr. Quinn; e ela sequer estava vestida – nada além de um sutiã de uma calcinha. Agilizou ainda mais a procura e contentou-se com um vestido rosa, justo, quase sedoso, nem longo e nem curto; mas deixava uma parte de suas coxas amostra. Calçou uma bota das que estavam na moda na época e saiu do quarto após alguns minutos, encontrando Arthur sentado na poltrona conversando com a Sra. Jones, Lizzy ao pé da porta com uma blusinha azul, calça jeans e também bota; e Joe abaixado ao chão, brincando com a pequena Amelie.

Mesmo com tudo dando errado, aquela noite mudou algo na visão do casal de amigos, Joe e Mera. No segundo em que ela virou a esquina do corredor que dava para o quarto e entrou no cômodo da sala, os olhos brincalhões de Joe subiram da pequena Amelie em sua frente, para Mera; e os olhares cruzaram-se. É o minuto em que tudo começa a mudar, de alguma forma, nas histórias importantes. A pré reviravolta.  Quando Hamlet descobre que seu tio matou seu pai, quando Romeu vê Julieta morta.

Foi como se uma neblina tivesse sido retirada da frente de seus rostos. Mera sentiu a força do sentimento, enquanto Joe só percebeu que havia algo de estranho ali.

Foi a visão de Mera: um Joseph adulto, elegante, esguio e cheio de vivacidade. Os cabelos, apesar de grandes, tinham um corte bonito; e combinavam perfeitamente com a camisa social preta com listras verticais cinzas, sua calça social mesclando as cores. Seu sorriso era extenso e tão eletrizante, que quase a chamava pelo nome. Sentia um ímã, uma força magnética diferente olhando de um para o outro. Ela nem estava perto, mas sabia que ele certamente estava perfumadíssimo, e com um cheiro muito bom de perfume masculino.

Já à visão de Joe, ele notou, finalmente, que não a enxergava como uma irmã, pois sabia que Lizzy estava bonita, mas nada que ele já viu em toda a sua vida era mais bonito que Mera naquela noite. Não era uma beleza comum, pois sequer havia conhecido alguma mulher que chamasse mais atenção que ela. Nunca foi de muita maquiagem, e mesmo assim o brilho de seu rosto valia mais que qualquer pintura. O vestido marcava seu corpo e suas curvas de mulher, fazendo o rapaz ter que segurar o queixo para não o deixar cair e se perguntar como era embaixo daquele tecido. Seus longos cabelos caíam ao lado de seu corpo, o torneando ainda mais. O que havia acontecido com a pequena Quimera? Quando cresceu e passou a ser tão... atraente? Talvez ele sempre se sentisse assim, mas só agora viesse a saber.

only friend i need || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora