cap 22 - loving can hurt sometimes

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31 de dezembro de 2018



– Amor. – A Sra. Jones passa a mão em seu rosto pela milésima vez, a olhando com complacência e muito carinho. – Tem certeza de que está tudo bem eu ir?

Ela já fez essa mesma pergunta cerca de cinco vezes. Em todas as vezes, Mera deu a mesma resposta:

– Sim, mamãe.

Ela assente, esperando apenas aquela última confirmação para agarrar sua mala de rodinhas e sair para a calçada.

– Por favor, se cuide. Pretendo voltar em alguns dias. Prometo que não vou demorar. – Ela assegura, olhando para as rodinhas presas no batente e puxando a mala inutilmente. Mera se abaixa e empurra as rodas para cima, a ajudando.

– Não se apresse, mamãe, por favor. Se divirta sem limites.

Ela sorri, feliz e emocionada.

– Tchau, querida. – É o que diz antes de dar as costas e ir andando até a casa dos Quinn, pois a Sra. Quinn vai dar uma carona até o aeroporto.

Encosta o ombro na madeira da porta e cruza os braços, assistindo-a ir.

A Sra. Jones está namorando com um cara belga, mais especificamente, de Bruxelas. Vai viajar às pressas, pois ele comprou-a uma passagem para que passe o réveillon ao seu lado. Ela relutou muito para aceitar, pois não queria deixar Mera sozinha em plena virada de ano; porém, a filha conseguiu convencê-la, assegurando-a de que estaria acompanhada nesta data.

Mera não tinha certeza da companhia, mas se fosse preciso, iria até a casa da avó. Não se importava de ficar sozinha, também.

Ela vê quando a mãe chega no jardim da casa dos Quinn. Vê quando Mary corre para pegar as malas para a Sra. Jones, quando a Sra. Quinn abraça a amiga e abre a porta para que ela entre. Vê os faróis sendo acesos e vê o carro indo embora.

Sim, Mera vê tudo. Inclusive a silhueta de Joseph, parado exatamente na mesma posição que ela na porta da casa de seus pais. Parece estar olhando para ela, mas não dá para ter certeza, pois é muito distante.

Ela levanta o queixo, engole em seco e entra, batendo a porta.

Desde o Natal ela e Joe não se falam. Há uma semana. Há exatamente sete dias. Mera já estava acostumada, desde pequena, a passar alguns dias sem falar com Joe quando discutiam. Mas desta vez foi diferente – não houve discussão alguma.

De qualquer forma, como iniciaria uma conversa? Ela tinha certeza de que desta vez as coisas tinham ficado estranhas mesmo. Não fazia ideia de como falar com ele, ou mesmo se deveria falar com ele. Como dizer a ele que assim que ela foi embora, se deu conta de que cometeu o maior erro de sua vida? Como dizer que achou que estava sendo forte ao negar o beijo, quando na verdade, foi a maior demonstração de fraqueza que já tivera em seus quase vinte e cinco anos? Como explicá-lo que só precisava de tempo para terminar com esse cara e poder ser só de Joe?

Ao mesmo tempo, se corroía ao pensar que Joe não merecia essa chance. Ele já magoou Mera diversas vezes, e há um dia, em especial, que não sai de sua memória: a boate. Eu nunca namoraria com ela. Somos irmãos.

Toda vez que ela pensava em voltar atrás, aquelas palavras ecoavam em sua cabeça incessantemente. E por conta disso, talvez seja apenas orgulho – tanto faz –, quem sabe não passasse a virada de ano sozinha?

E por ela, tudo bem. Estava precisando de um tempo para si mesma.



only friend i need || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora