cap 6 - all these people drinking lover's spit

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2011



Naquele dia estava muito calor. O sol brilhava como a bola gigantesca de fogo e lava quente que ele era, aquecendo as cabeças de todos os que se atrevessem a ficar embaixo. Estavam todos os adolescentes de bochechas vermelhas, suados e sentados no gramado ao lado da Escola Emanuel, marcando naquela tarde de sábado, a despedida de Joe, que iria para a Academia de Artes Cênicas de Londres.

Estavam todos com cervejas na mão, escondidos, afinal não havia ali sequer um maior de idade. Mera estava sentada encostada em uma grande pedra, a única que não segurava bebida alcoólica. Em sua cabeça, a garota, que era moça e séria, pensava: Serei a única a não ir presa se a polícia passar por aqui. 

Mas logo seus devaneios foram dispersados, quando se entrou no assunto "virgindade". Ali estavam quatro garotos para duas garotas, então era normal que assuntos idiotas como aqueles nascessem sem que se notasse. Ela pensou em levantar e ir embora, mas apenas por esse ato, seria zombada pelo resto de sua vida; suporia-se que ela é, sim, virgem. Ela tinha dezessete anos, e mal sabia, em sua mente adolescente, que sequer continuaria a ser amiga dessas pessoas por muito mais tempo.

Mera era virgem, mas ninguém precisava saber.

– Você, Joe. Tem cara de quem nunca beijou na boca. – Um dos garotos, chamado Gregory, provoca o loiro.

Instantaneamente, Mera sente-se ainda mais desconfortável, remexendo no gramado e cruzando as pernas. Desvia os olhos para o chão, observa todas aquelas garrafas de cerveja, calcula no quão errado aquela conversa poderia findar, mas mantém os ouvidos atentos.

Joe apenas ri nasalmente como resposta, virando mais um gole da cerveja. A barriga de Mera esfria. O que essa risada significa? É verdade, é mentira?

– É sério, Quinn. Você com aqueles óculos esquisitos até poucos dias atrás... Quem iria querer te beijar? – Agora é a vez de Jonathan se pronunciar, provocando Joe.

Mera sabe que é proposital, para ver até onde a paciência eterna de Joe pode ir. Mas e se Joe não souber que é?

Ela levanta os olhos até o amigo, piscando um para proteger sua íris do sol forte que acende em suas cabeças. Mera enxerga um Joe que qualquer pessoa pode pensar que está calmo, mas como àquela alma ela conhece profundamente, sabe que não está. Joe está beliscando a calça com a mão livre, olhando para cima com frequência e sorrindo sem mostrar os dentes – está nervoso. Mas disfarça muito bem, não é atoa que passou para a Academia.

– Dêem um desconto, agora ele usa lentes. – Jenny, a garota mais velha entre as garotas presentes, repetente e corajosa, dá a sua palavra. É um encorajamento falso, visto que faz os caras rirem ainda mais.

– Eu não preciso dizer nada para vocês. – Joe finalmente se pronuncia, quando as risadas diminuem. Ele encosta o corpo na grama, se apoiando com os dois cotovelos, quase deitado. Também pisca um dos olhos para poder olhar para todos ao seu redor e proteger as vistas do sol exageradamente tórrido. – Vocês não vão saber se sou virgem, ou se já beijei. Podem imaginar.

– Isso é papo furado, conversa de quem é virgem. – Gregory retruca e arranca mais risadas.

Mera continua quieta e calada observando, quando o maldito Hector, que estava silencioso até o momento, lembra da existência dela. Ele é o tipo de garoto que não acredita em amizades entre sexos opostos, e sempre provocou Joe e Mera pela sua amizade.

Ele abre um longo sorriso diabólico em seu rosto estreito e oval antes de falar.

– Respeitem a namorada dele.

only friend i need || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora