cap 48 - but that will never be enough

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24 de dezembro de 2022


P.O.V.: Quimera Jones



Acho que esse é o Natal mais normal em toda a minha vida.

Quer dizer, não que os antigos tenham sido anormais – provavelmente nada que acontece na minha vida é muito fora da linha de normalidade das coisas. Mas, ao menos desta vez, estou em paz. Não estou com preocupações na cabeça, estou relaxada. Tudo vai como planejado – apesar de ter aprendido a nunca agradecer a paz antecipadamente, afinal, tudo sempre dá um jeito de ir contra os meus planos.

Mas, não sei... algo me diz que desta vez é para valer.

Ou, quem sabe, esse seja apenas o espírito de Natal me sussurrando uma esperança exagerada.

É tão bom olhar para os lados e me ver dentro da minha família. Essa família que é, e sempre foi, minha. É ótimo ver Jenny e Arthur discutindo quem é o melhor, entre os dois, em comprar batatas para o almoço de Natal; o Sr. Quinn lavando as louças enquanto eu e a Sra. Quinn colocamos a mesa, Mary finalizando a maquiagem que fez no rosto de Juliet, irmã mais nova de Jenny; mamãe, Oskar e seu filho de dez anos entrando, repletos de neve espalhada pelos casacos; Lizzy brincando com Thomas ao lado de Gus e Joe. Uma família enorme, mas era justamente por isso que era maravilhosa.

– Venham comer! – A Sra. Quinn grita para que todos os que ainda não estão na cozinha, venham.

Eu começo a servir o meu prato e o de Joe, que vai chegando ao cômodo em meio a todos os outros. Ele está com Thomas no colo, balançando e sorrindo, apontando para mim e cochichando alguma coisa no ouvido da criança.

Rodeio a mesa para ficar mais próxima do prato de salada, e por consequência, também chego perto deles.

– Não dê ouvidos ao seu tio, Thom. – Sussurro para o neném, que pisca seus grandes e lindos olhos de botões de chocolate para mim, com os dedinhos na boca. Gesticulo com o dedo indicador ao lado do ouvido e me aproximo dele para cochichar também: – Ele é doido.

Assinto para o neném, que faz careta, entendendo.

– Olha o que essa tia anda ensinando para a criança. – Joe fala em um tom de voz afetado e mais alto, para que todos possam ouvir.

Lizzy aparece por trás, curiosa, segurando um prato de louça branca nas mãos.

– O que foi desta vez?

– Tá ensinando o garoto a me chamar de doido. – Joe denuncia, apontando para mim com o polegar.

– Ah. – Lizzy dá de ombros, passando por nós e indo para as batatas. – Por mim, tudo bem.

Dou uma risada alta e Joe abre os lábios, como se estivesse chocado.

– Desnaturada. – Ele resmunga.

Faço uma expressão facial que demonstra convencimento e continuo a servir os pratos. Minha barriga ronca, estou faminta.

Gus pega Thomas de Joe e vai para a sala, a fim de colocá-lo no pequeno andador infantil. Joe se aproxima de mim, passa a mão por minha cintura e beija minha cabeça brevemente. Sem olhar para ele, suspiro, satisfeita. É incomparavelmente melhor estar com o nosso relacionamento totalmente esclarecido entre nós e todos ao nosso redor. Sem segredos, sem jogos, sem suposições. Apenas eu e ele.

– Vocês vão se casar quando? – Mary questiona, divertida.

Sinto meu coração esfriar.

Nós vivemos falando em casamento, mas ainda não chegamos a marcar. Joe já me chama pelo seu próprio sobrenome, como se o casamento já tivesse acontecido. Às vezes eu acho que ele vai deixar ficar por isso mesmo, mas quando falamos sobre o assunto, ele se refere ao casamento como um evento.

only friend i need || joseph quinnOnde histórias criam vida. Descubra agora