Ele é um Alfa frio como um iceberg. Temível. Insensível. Ele é apenas um ômega órfão, saído de um orfanato e sem muitas
opções para o futuro.Ele é um bilionário, averso a relacionamentos. Ele é uma garoto que é obrigado a vender o próprio corpo para...
A palavra ainda me assombra, mesmo que há tempos eu já tenha saído da casa de Yoona. Rodei a esmo, voltei para a cobertura e abri outro vidro de uísque. E agora estou aqui olhando para a garrafa e pensando em como vou sair de toda esta merda.
Porque sei que agora isso muda tudo.
O fato de Félix gostar de mim inviabilizará todas as minhas chances Ele não vai querer dinheiro, como já não o quis e, saber dos seus sentimentos, apenas justificam sua recusa.
Ele não me aceitará casado e o que sente talvez tenha sido o motivo principal dele ter partido. Sequer quer me ver, pois Yoona garantiu que ele a fez prometer que jamais diria onde ela iria morar.
Sim, Félix vai sair de seoul, vai trocar o número do telefone. Vai começar uma vida nova. Como disse na carta. Como sugeriu que eu fizesse. Mas não sou capaz.
Não sou capaz de viver uma vida inteira e não tê-lo novamente, não provar sua boca, não colocar meus olhos sobre ele. Apenas esta mera possibilidade me angustia. A incapacidade de saber onde Félix se encontra está roubando meu juízo.
Encontrar-me de mãos atadas, cheio de coisas a dizer, de propostas a fazer e não ser sequer capaz de mandar-lhe uma simples mensagem, torna-me insano. Pronto para bater, brigar. Destruir. Leva-me a ficar de pé e deferir chutes e murros, a quebrar tudo que encontro pelo caminho. A destruição se inicia e eu pouco me importo, apenas busco conforto, procuro extravasar um pouco da dor que neste momento me aniquila.
Decoração quebrada, sofá revirado, tudo destruído. Mãos doloridas, ensanguentadas. Um espetáculo triste, sem plateia alguma. Raiva. Medo. Dor. Tantos sentimentos dentro daquele considerado gelado, insensível. Alguns sentimentos que jamais senti, e que temo até mesmo reconhecer. Que sequer sei nominar. Temo até mesmo denominá-los. E ver a bagunça que fiz não diminuiu nem minimamente tudo isso.
Ter perdido o controle desta forma apenas me mostrou que a imprensa estava errada. Sempre esteve. Sou humano. Sou de carne e osso. Capaz de sentir. Pelo menos no que se refere a Felix. E isso não é de agora, depois que partiu. Isso é desde sempre. Desde que transei com ele, mesmo sabendo de sua inexperiência. Desde quando abri uma exceção e a beijei, quando me recusava terminantemente a fazê-lo com qualquer outra.
Quando continuei a beijá-lo, mais e mais, sem jamais conseguir me conter. Quando propus o contrato e, para convencê-lo, beneficiei aqueles que tinham alguma importância em sua vida.
E posso enumerar milhões de situações que apenas podem comprovar que ele mexia comigo, mais do que fui capaz de admitir. Quando mesmo embriagado, voltava para ele. Quando o contrato ainda estava em vigor e eu já buscava uma maneira de convencê-lo a ficar comigo>>.
[Lee Félix]
Minha vida caiu numa rotina. Dolorida, mas uma rotina. Choro, procuro notícias dele nas redes sociais e falo com Yoona. Diariamente, não que seja eu a ligar, mas jamais deixo de atender, apesar deste meu comportamento depressivo, apesar de somente querer ficar quietinho no meu canto, sofrendo de amor e de saudade.
Minha amiga tenta me animar, tenta me visitar. Eu finjo que ela consegue me animar, mas impeço que venha me ver. Pois depois que ela contou que Hyunjin tinha ido procurar-me e tinha insistido para que ela dissesse onde eu estava, fiquei ressabiado.
Temo que ele consiga segui-la. Temo que ele apareça por aqui. E esse temor apenas aumentou quando ela me confidenciou que falou dos meus sentimentos para ele. Claro que sei que não falou por querer, mas agora ele sabe que me apaixonei. E sagaz como é não duvido que use isto contra mim, não duvido que consiga me convencer a ficar ao seu lado explorando toda e qualquer fraqueza de um ômega apaixonado.
Por isso não posso falar com ele e muito menos vê-lo. Já troquei meu número e somente Yoona tem o meu contato atual. Estou bem próximo do dia da mudança e a partir de agora todo o cuidado é pouco.
[•••]
que mais me dói é não poder me despedir de Yoona. De não poder dar um abraço apertado na minha amiga. Mesmo ela insistindo, mantive-me firme. Mesmo ela implorando, resisti. E somente agora, com o carro de aplicativo avançando em direção ao meu destino, é que consigo respirar aliviado, pois sei que estarei seguro da minha tentação.
Que insiste em procurar por mim, que não desiste de tentar arrancar qualquer informação de Yoona. Minha amiga diz que Hyunjin retorna ao seu apartamento quase que diariamente, que parece abatido, parece estar sofrendo. Que pede, que implora. Que sequer parece o antigo Hyunjin e que nada em suas atitudes lembram o famigerado homem de gelo.
Dizer que isso mexe comigo é eufemismo. Dizer que isso me é indiferente é uma grandessíssima mentira. Yoona chegou a pedir para que o ouvisse. Chegou a pedir permissão para fornecer a ele o meu endereço. Mas as matérias envolvendo seu nome não cessavam, sua mãe fazia questão de alardear em como estava feliz agora que seu filho estava em um relacionamento sério.
Ela não cansava de elogiar a nora, não cansava de confirmar que logo logo seu filho seria um homem casado. E isso me dava forças para rechaçar o contato, para evitar ceder. Até que o dia da viagem chegou e tenho finalmente a oportunidade de colocar uma grande distância entre nós.
E é em tudo isso que penso enquanto o carro avança, enquanto me leva para longe de Hyunjin. Sei que esta distância não vai fazer o sentimento diminuir, mas sei que poderá parar de me fazer querer fraquejar. Pois tudo ainda é muito recente. O amor, a dor e o sofrimento não me deixam esquecer o motivo do meu afastamento.
Fazendo me fraco Querendo e desejando um instante derradeiro. Precisando estar com ele de uma forma ou de outra. E sei que agora, distante dele, as coisas podem começar a se encaixar.
A minha vida pode começar a entrar nos eixos, e posso finalmente começar a reagir. Parar de stalkear Hyunjin, dedicar-me, como vinha fazendo, à minha carreira de autor e principalmente sair da bolha de autopiedade em que me envolvi desde que descobri que o Alfa que amo vai se casar.
E como se não bastasse descobrir tal coisa por meio da imprensa, ainda há um agravante, algo que machuca e me faz entender que sempre fui o amante e sempre seria se lá permanecesse.
O que piora sobremaneira a situação é saber que ele procura por mim para que eu seja o outro, para que eu aceite deitar-me com um Alfa casado. Talvez Hyunjin imagine que um amante não tenha princípios e muito menos amor-próprio. Talvez ele acredite que porque aceitei toda aquela situação, aceitaria qualquer condição que ele me propusesse.
O que ele não sabe é que o momento em que me encontrava era favorável e as vantagens oferecidas eram importantes para mudar a nossa realidade e até mesmo o nosso futuro. Por isso me propus a ser acompanhante de luxo, por isso aceitei ser amante.
Mas cumpri praticamente tudo que combinei e agora as condições que me prendiam a ele foram resolvidas. Minho tem seu próprio negócio, Yoona é relativamente famosa no meio da moda, conseguindo viver muito bem com os seus rendimentos e eu estou a cada dia evoluindo mais na escrita, sendo capaz de manter-me e até mesmo ter minha pequena poupança com a venda e empréstimo dos meus livros digitais.
Então eu não teria motivo nenhum para me sujeitar a tal situação, mesmo porque eu sequer quis receber minha parte no acordo. No final sequer fui capaz de receber dinheiro para ficar ao lado do Alfa que amo.
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