2. UM NOVO AMIGO

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Em uma das ruas fechadas que ligavam à Copacabana, o trânsito, devido ao assassinato que ocorrerá, estava em um verdadeiro caos. Carros que buzinavam, pessoas que paravam dos dois lados da rua para ver melhor o que realmente tinha acontecido, e isso tudo causando um engarrafamento que conseguia chegar em outras vias menos movimentadas. Lúcia, Victor e Luciano estacionaram o carro da polícia próximo ao assassinato e, atravessando a faixa de proteção, eles se aproximaram do corpo.

Um carro prata estava estacionado à esquerda, bem próximo de onde estava o corpo de uma menina, e um garoto estava sentado na calçada no lado oposto com seus olhos azuis da cor do mar vermelhos de tanto chorar. As suas mãos estavam sujas de sangue e seu rosto estava pálido. Até a sua camisa branca estava manchada de vermelho, sua calça suja de terra e com marcas de mãos. Em sua mente, a cena de sua namorada sendo morta ainda reverberava em sua cabeça e não conseguia acreditar... parecia que ele estava preso num filme de terror.

- Eu quero saber quem foi que ligou para a nossa delegacia... - perguntou Lúcia ao se aproximar do policial que estava ao lado do corpo. - A pessoa ainda está aqui?

O policial indicou o garoto sentado do outro lado da calçada. Lúcia e os outros o olharam. Pela primeira vez, em muito tempo, Lúcia sentiu algo que nunca sentia quando estava exercendo sua função: carinho e pena. Aquele garoto parecia estar perdido e desolado, totalmente espantado com o que possivelmente acabará de presenciar. Ela olhou para Luciana e Victor, dizendo enquanto ajeitava o seu crachá:

- Vocês reúnem as informações na área do crime... lembrem-se que qualquer informação é importante para nós.

Luciana e Victor concordaram. Lúcia decidiu se aproximar do garoto.

- Oi - cumprimentou ela, sentando-se ao lado dele e analisando-o. - Me chamo Lúcia, sou a delegada que veio averiguar a morte da sua amiga. Qual seu nome?

- Diego Cipriano - respondeu ele com a voz ainda embargada. - Eu...

A voz do garoto sumiu, os seus olhos pairaram aonde estava o corpo de sua namorada. Sua garganta se apertou e seus olhos se encheram de lagrimas, que desceram como uma cachoeira. Ver toda aquela cena era horrível demais, seu coração estava dilacerado por dentro, como se uma fera estivesse rasgando-o em milhares de pedaços e estivesse repartindo para outros animais comerem. E por incrível que pudesse parecer, Lúcia parecia sentir a mesma dor que ele.

- Como tudo aconteceu? - perguntou Lúcia de forma suave. - Sei que é difícil mas é necessário, precisamos de informações.

- Nós estávamos no carro... - começou Diego enquanto evitava olhar para Lúcia. - Um homem de capuz preto parou na nossa frente com apontando uma arma. Ele abriu a porta onde Sofia estava e a puxou para fora. Parecia ser um rapaz da nossa idade ou um pouco mais velho, não sei... foi tudo muito rápido! Depois ele disse, olhando para ela: "Ele te mandou um recado!". E atirou na cabeça dela e saiu correndo... foi quando liguei para vocês.

Lúcia ouviu tudo com muita calma, analisando cada coisa que Diego dizia e sentindo um arrepio passar pelo corpo a cada relato. Quando Diego contou sobre a parte em que o assassino disserá "ele te mandou um recado", ela soube que havia mais coisas ali. Quem mandaria um recado? Quem era o rapaz por trás do capuz negro? Tinha algo de muito estranho nesse homicídio.

- E vocês estavam indo para algum lugar? Vejo que você está bem arrumado e, bem, a sua amiga também estava. Vocês iriam para alguma festa?

Diego concordou e suspirou lentamente.

- Íamos para a praia de Copacabana, assistir a queima de fogos.

O coração de Lúcia gelou. A primeira coisa que ela pensara fora Lorena e seus amigos, que estavam justamente lá. E se aquele assassino agisse na hora em que sua filha e seus amigos estivessem por lá?

A Escola das Sombras: O Assassino das Trevas [LIVRO UM]Onde histórias criam vida. Descubra agora