9. UM PASSADO OBSCURO

14 2 7
                                    

Na manhã de sábado, a chuva estava caindo torrencialmente, desabando sob o Rio de Janeiro como uma avalanche, com nuvens em tons de cinza-escuro e um vento frio cortante. Lúcia tinha acabado de acordar, totalmente ansiosa e preocupada com tudo que ainda precisava solucionar. Ela não sabia explicar aquele estranho sentimento que a invadira naquela manhã, como se algo de ruim tivesse acontecido e, mais uma vez, estava de mãos atadas contra a ruindade humana. Muita coisa acontecera nos últimos meses, dando à Lúcia noites de insônias e frustrantes sensações de pânico. E agora, com a morte de Rachel e toda a sua teoria sobre os alunos estarem sendo os alvos do assassino, tudo piorou.

Ela estava sentada à mesa do café da manhã, tomando um chá e comendo biscoitos quando Lorena entrou na cozinha. Ao vê-la, Lúcia olhou-a com atenção e deu um sorriso, feliz de ter algum tempo com sua filha. Era bem verdade que não tinham tido tanto tempo, nem conversavam mais como antigamente, e Lúcia queria mudar aquela situação. Queria a filha mais próximo dela, ainda mais agora que ela e seus amigos estariam ajudando na investigação da morte de Rachel. Queria protege-la dos perigos que iriam surgir enquanto esse assassino estivesse à solta.

Lorena se aproximou da mãe, lhe deu um beijo na testa e sentou-se à mesa, pegando pão e um copo de requeijão. Ela estava usando um pijama cinza e o cabelo estava preso num coque, com um semblante triste.

- O que aconteceu que acordou tão cedo? - perguntou Lúcia, bebendo um pouco mais de seu chá e olhando diretamente para a filha. - Deu cupim na cama?

Rindo, Lorena mordeu um pedaço de seu pão e deu de ombros.

- Costume de acordar cedo no colégio - disse com alguns pedaços de pão boca. - E também queria conversar com você, mãe. É importante.

As duas se olharam profundamente, Lúcia sentindo um aperto no peito e Lorena nervosa com o que queria falar. A verdade era que as duas tinham medo do assunto que poderia ser abordado. Lúcia não queria envolver a filha cada vez mais naquela loucura que era resolver crimes e prender assassinos e Lorena, por outro lado, queria justamente saber sobre tudo isso. Não precisava de muita coisa para se entenderem, somente com um olhar ambas sabiam o que estavam pensando.

Lorena ajeitou-se na cadeira e deixou o pão de lado, entrelaçando os dedos. Ela ainda não sabia o que falar ou como falar, mas, sabia que era necessário. Queria ajudar a mãe e só conseguiria fazer isso se recebesse conselhos de uma delegada tão renomada como ela. Pigarreando, ela começou a falar:

- Preciso que me dê conselhos sobre como identificar assassinos e pistas importantes que possam ajudar em investigações. Eu sei que você não me queria envolvida nesse mundo, mas, mãe... - Os olhos de Lorena se encheram de lágrimas e ela as segurou. Tinha que ser forte naquele momento. - Minha amiga morreu. A senhora mesmo disse que pode haver outras mortes se não descobrirem quem é o assassino e prendê-lo! Os meus amigos e eu estamos envolvidos nessa investigação, preciso de uma luz para nos ajudar a ajudar vocês!

O silêncio que se abateu sob a cozinha foi intenso e desconfortante. Tudo o que Lorena dissera era verdade e Lúcia a entendia perfeitamente, ainda mais sabendo que a própria filha e seus amigos tinham acabado de perder uma amiga tão querida. Não bastava somente deixar um agente infiltrado, eles tinham que ter mais preparado e sua filha, se dependesse de Lúcia, estaria totalmente preparada para prender aquele assassino.

- Filha, entendo como se sente - começou Lúcia pensando nas palavras. - E prometo a você que irei ajuda-la. Como prova disso... Quer ir comigo para o trabalho hoje?

O coração de Lorena explodiu de alegria e ela não pode deixar de sorrir, e foi correndo para abraçar a mãe. Lorena esperava qualquer reação dela, menos aquela, e mais aliviada, sabia que a partir daquele momento estaria embarcando em uma jornada perigosa, mas, que no final iria valer a pena.

A Escola das Sombras: O Assassino das Trevas [LIVRO UM]Onde histórias criam vida. Descubra agora