19. O FLASHBACK

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O mundo de Lúcia parou por um momento, o ar lhe faltando como se um rolo compressor estivesse sob o seu peito fazendo com que ao seu redor tudo perdesse a cor lentamente. Ela não estava ouvindo aquele nome, não fazia sentido ouvi-lo naquele momento e muito menos de alguém como Alex. As mãos de Lúcia começaram a suar, enquanto sua respiração ficava ofegante e ela olhava para o rapaz à sua frente. O que ele estava querendo dizer com "já nos conhecemos" e por que disse o nome de uma pessoa a qual ela fazia questão de esquecer? Não só esquecer o nome, mas também seu rosto e tudo o que acontecerá naquele dia terrível enquanto ainda era uma adolescente que acreditava em fantasia.

Lúcia olhava para Alex com uma mistura de confusão e medo, sentindo que, novamente, seu passado estava voltando para lhe assombrar como nunca antes e que seus filhos iam descobrir uma parte sombria da vida dela que ninguém nunca soube. A sensação que tinha era que seu corpo estava sendo jogado numa lama gosmenta, que a puxava cada vez mais para baixo, afogando-a em lembranças tão obscuras e terríveis que ela não estava conseguindo respirar adequadamente. Por que todas as vezes que se lembrava daquele dia, ela ficava desse jeito? Afinal, aquilo que acontecerá era algo impossível no mundo humano e ela não acreditava que uma brincadeira como aquela poderia acarretar em um pesadelo horrendo que sempre voltava para lhe assombrar.

O silêncio predominou no auditório, tão intenso que por um momento parecia que todos ali tinham ido embora, mas eles estavam esperando uma reação de Lúcia, mas, a mesma se mantinha calada.

Naquele momento, a luz voltou por todo o colégio, clareando o auditório e depois de tanta escuridão, Lúcia conseguiu, finalmente, ver como Alex estava e não se surpreendeu ao vê-lo com o uniforme do colégio. Mas nada se comparava ao que via nos olhos dele. Ela já virá olhos assim, anos atrás... somente uma vez e era no... não, aquilo era impossível... tudo o que ela virá, junto com seus amigos na época, era fruto de uma imaginação extremamente fértil de uma adolescente com medo.

Lúcia olhou para Diego e Lorena, percebendo o quanto os dois se pareciam. Ambos estavam lado a lado, com um olhar sério no rosto e até mesmo a forma como franziam a testa deixava-os iguais. Ela ainda não tivera tempo para contar a verdade sobre Diego e sua adoção, mas, teriam tempo para conversar sobre o assunto depois. Os olhos de Lúcia repousaram sobre os outros amigos de sua filha. Paulo estava ao lado de Vinicius, os dois com as mãos sujas por causa do sangue na roupa de Alex; o que deixou Lúcia triste, porque não queria que nenhum deles passasse por isso. Ela não virá nem Bianca, Wendel, Luciano ou Isabelle, deviam ser eles os causadores da volta de toda a luz.

– Você não respondeu, delegada – retornou Alex a falar num tom sarcástico e dando uma risada. – O nome te lembra alguém?

Lúcia o olhou com mais atenção desta vez, controlando-se para não disparar uma bala na cabeça dele. Não entendia ainda como Alex sabia o nome de Antônio, mas, ia descobrir naquele exato momento.

– Não é você quem faz perguntas aqui... – Lúcia apontou a arma para o peito de Alex e preparou o gatilho. – Então é você que está por trás de todas essas mortes?

Alex deu uma risada novamente antes de responder.

– Sim. Mas novamente vou lhe perguntar: o nome Antônio Barros te lembra alguma coisa?

A respiração de Lúcia acelerou, a raiva cresceu dentro dela e, perdendo a paciência, deu uma coronhada com a sua arma na cabeça de Alex. Uma linha vermelha se formou na testa dele enquanto Lúcia se inclinava para ele. Alex não reclamou da dor, pelo contrario, riu e olhou para Lúcia com seus olhos negros como a noite.

– Já que você confirmou, quero saber o motivo! Você é algum psicopata sem escrúpulos que decidiu sair matando adolescentes por nada?

– Por nada? POR NADA? – explodiu Alex, tentando se soltar das cordas mas não obteve sucesso. – Fiz isso por vingança, Lúcia! E tudo isso, por sua culpa! – Alex olhou rapidamente para Lorena e deu um sorrisinho maldoso. – A vagabunda da sua mãe nunca contou como foi o período dela aqui no Elite Brasil?

A Escola das Sombras: O Assassino das Trevas [LIVRO UM]Onde histórias criam vida. Descubra agora